Indícios de lavagem de dinheiro fazem MP-GO abrir processo paralelo na investigação do esquema de manipulação de resultados

Quebra de sigilos bancários e fiscais aponta de parte dos investigados veem origem ilícita e repasses a terceiros como tentativa de esconder origem do pagamento do dinheiro aos atletas

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MP-GO está na segunda fase da Operação Penalidade Máxima

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A investigação do esquema de manipulação de resultados em apostas de jogos de futebol terá uma nova frente. De acordo com "O Estado de São Paulo", foram encontrados indícios de lavagem de dinheiro e uso de contas falsas de "laranjas" em apostas em jogos pela Série A do Brasileiro de 2022. Até o momento, há 25 pessoas transformados em réus. Mas outras denúncias tendem a ser oferecidas à Justiça.

 Os indícios de lavagem dinheiro foram encontrados anteriormente em pagamentos aos atletas que receberam quantias para realizar lances específicos em partidas oficiais e, com isso, gerar lucros ilegais a um grupo que operava em sites. A constatação levou o escândalo a um tipo de crime não destrinchado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO). As duas primeiras denúncias enviadas à Justiça eram referentes a crimes de promoção de organização criminosa e contra o Estatuto do Torcedor.

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Com autorização da Justiça, houve quebra de sigilos bancários e fiscais dos investigados. Foram detectados pagamentos a jogadores aliciados feitos por intermédio de "laranjas" e de empresas que, em tese, não possuem relação direta com atletas. Uma loja de celular e uma revendedora de carros importados estão sob investigação.

 Em um diálogo entre os articuladores do esquema, Thiago Chambó alerta Bruno Lopez para evirar compartilhar endereços, números de telefone e dados de contas bancárias pessoais.

- Nem transfere mais da sua mulher nem do seu CNPJ para ninguém nas próximas, entendeu? Pega umas contas laranja para mandar - disse Chambó, pelo WhatsApp.

Os detalhes podem endurecer futuras penas e ampliar as ligações entre apostadores, financiadores, intermediários e administrativos do esquema que é mapeado pelo MP. É aventada a possibilidade de um investidor estar acima dos nomes apontados nas investigações das fases 1 e 2 da Operação Penalidade Máxima. O crime de lavagem de dinheiro está materializado, de acordo com fontes do "Estadão", em diversos momentos, porque “a origem do dinheiro era ilícita” e “os pagamentos foram feitos em conta de terceiros”.

ENTENDA O CASO

A investigação sobre suspeita de manipulação de resultados teve início em novembro do ano passado. O mandatário do Vila Nova, Jorge Hugo Bravo, descobriu que jogadores do clube vinham sendo aliciados por um grupo de apostadores antes da partida contra o Sport pela Série B. O dirigente juntou provas da tentativa de manipulação e procurou os promotores que combatem o crime organizado no estado.

Oficial da Polícia Militar, Jorge Hugo Bravo descobriu que o atleta Marcos Vinícius Alves Barreira, apelidado de Romário, tinha sido aliciado. Como o jogador não foi escalado, tentou induzir algum companheiro de time a levar um cartão vermelho ou cometer um pênalti no seu lugar. O valor combinado, segundo depoimento de Romário, era de R$ 150 mil, com uma "entrada" de R$ 10 mil, conforme vídeo de seu depoimento divulgado no programa dominical "Fantástico", da Rede Globo. Entre os vídeos, há ameaças de um integrante do esquema ao zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos.

A investigação apontou que houve manipulações em jogos das Séries A e B do Brasileirão de 2022 e em partidas de Estaduais. O grupo pagava para que jogadores fizessem determinadas ações, como receber cartões amarelo e vermelho ou cometer pênaltis. Em paralelo, os integrantes apostavam em sites do ramo que esses lances ocorreriam durante os jogos e conseguiam lucros.

Há estimativas de que o grupo “investiu” R$ 8430,00 e somou ganhos de R$ 730.616,00. O MP-GO continuará a apurar o caso e não descarta que ocorreram manipulações de resultados em outros jogos de futebol. A Operação Penalidade Máxima está em sua segunda fase.

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