Australiano que guerreou contra o Talibã questiona: ‘Valeu a pena perder minhas pernas?’

Curtis McGrath, da paracanoagem, perdeu as duas pernas no Afeganistão. Em Tóquio, é favorito à medalha

Curtis McGrath
McGrath perdeu as duas pernas lutando contra o Talibã (Foto: Paralympics Australia)

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Às vésperas dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, outro tema tomou conta dos noticiários. O avanço do grupo extremista Talibã, que já impediu atletas afegãs de participarem da Paralimpíada, impulsionou o terror no país. Há nove anos, Curtis McGrath, da paracanoagem, perdeu as duas pernas tentando lutar contra os terroristas que dominavam o Afeganistão. A informação foi publicada pelo 'ge'.
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Depois de ter as pernas destroçadas por explosivos lançados pelo Talibã, McGrath já apostava que poderia ser um dos principais paratletas da Austrália: 'Você me verá nas Paralimpíadas'. Hoje, o antigo soldado busca repetir o feito que alcançou no Rio 2016, quando foi medalhista de ouro.

- Foi apenas um comentário, eu acho. Na época, não significava nada, eu só estava tentando dar um pouco de esperança aos caras. Como foi o trauma deles também, eu esperava que isso pudesse lhes dar um pouco de conforto, como um "vou ficar bem, pessoal, minhas pernas sumiram, mas posso ir para os Jogos" - disse McGrath.

Um ano após o trauma, em 2013, o australiano já estava em uma canoa para iniciar treinamentos. Poucos meses antes, McGrath instalou uma prótese nas pernas. No Rio de Janeiro, a reabilitação colheu frutos: o atleta ganhou a prova de paracanoagem velocidade 200 metros nas classe KL2 e ainda quebrou o recorde paralímpico. Na cerimônia de encerramento, foi porta-bandeira da Austrália no Maracanã.

- O Rio foi uma experiência incrível. Ter amigos e familiares ali comigo, ir no Cristo Redentor, sair com um ouro. Mas o mais incrível foi carregar a bandeira no final. Ter esse tipo de reconhecimento de meus esforços foi especial e me deixou muito orgulhoso - afirma.

- O esporte me ajudou a ter uma nova abordagem da vida e nas minhas ambições. Acredito que tenha me ajudado a evitar problemas de saúde mental, porque me deu um propósito, um foco, para definir uma meta e ir atrás dela - conta McGrath.

Sobre o temor que o Talibã vem impondo no mundo, ele questiona a retomada do poder do grupo. Nas útlimas semanas, cenas de desespero foram flagradas em diferentes regiões do Afeganistão, principalmente em Cabul.

- Valeu a pena perder minhas pernas? Antes da semana passada, eu não teria nenhum problema em dizer que sim. Fiquei irritado no início, e com raiva. Treinamos e equipamos 300 mil afegãos. E parece que eles simplesmente entregaram suas armas ao Talibã. Então, sim, no início, eu me perguntei se tudo isso valia a pena, depois do preço que pagamos em vidas e membros. Tenho tentado avaliar os pensamentos de meus colegas veteranos e é uma mistura de sentimentos. Alguns estão um pouco envergonhados e zangados com a situação. E eles têm todo o direito de se sentir assim - lamenta o ex-soldado.

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