Copa Tática: Suíça em busca de soluções ofensivas

Regularidade faz da primeira adversária do Brasil na Copa do Mundo uma presença constante entre os dez melhores colocados do Ranking da Fifa. Não é apenas a defesa...

Seleção da Suíça nas Eliminatórias para Copa de 2018
Foto: Fabrice Coffrini/AFP

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Por mais que ainda carregue o rótulo de seleção defensiva, a Suíça marcou mais de um gol em oito dos dez jogos do seu grupo nas eliminatórias para a Copa. Mais amarrados foram os resultados na repescagem contra a Irlanda do Norte, com um controverso 1 a 0 fora de casa e o 0 a 0 na volta. Reduzir o futebol do país ao poder defensivo seria simplista demais, especialmente após uma campanha quase perfeita, em que tinha 100% de aproveitamento até a última rodada, quando perdeu para Portugal e ficou em segundo por causa do saldo de gols.

É a regularidade que faz da Suíça uma presença constante no top-10 do Ranking da Fifa, por mais que tenha caído nas oitavas da Euro 2016 e da Copa de 2014. O trabalho de renovação da última década ajudou a projetar uma geração com o título mundial sub-17 em 2009 e o vice do europeu sub-21 de 2011. O sucesso do Basel também foi outro fator, conseguindo superar a fase de grupos da Champions e dando exposição a diversos nomes, suíços ou não.
Vladimir Petkovic assumiu a seleção após a Copa de 2014. Desde então, estabeleceu uma base e insere algumas novidades em uma estrutura que geralmente parte do 4-2-3-1, podendo variar para o 4-1-4-1. Sommer, Lichtsteiner, Schär, Ricardo Rodríguez, Xhaka, Dzemaili e Shaqiri fazem parte de uma espinha dorsal pouco modificada em quatro anos.

Na defesa, a grande novidade é o surgimento de Manuel Akanji. O zagueiro fez grande 2017 pelo Basel e ganhou a titularidade na seleção, mas a transferência para o Borussia Dortmund acabou reduzindo o tempo de jogo em 2018, o que pode reabrir a disputa com Djourou. Os laterais são grandes pilares de Petkovic. Lichtsteiner com seu fôlego e vigor físico, e Ricardo Rodríguez pela qualidade nos cruzamentos.

Se, no Arsenal, Xhaka ainda está distante do nível esperado, na seleção o meio-campista é protagonista. Toda a distribuição passa por ele, que costuma liderar a média de passes da equipe. A vaga ao seu lado é, possivelmente, a mais indefinida. Behrami seria uma opção mais conservadora, Freuler já possui melhor chegada ao ataque e Gelson Fernandes também já foi testado, mas o jovem Denis Zakaria pode ser a grande aposta. O garoto de 21 anos foi uma das boas novidades do Borussia Monchengladbach em 2017/18. Com bastante força física para ocupar espaços no trabalho defensivo mas também qualidade para se projetar, conduzir e driblar, Zakaria vira uma interessante arma nas infiltrações, oferecendo opção de passe para Xhaka e fazendo a posse de bola progredir. Seu crescimento pode significar um complemento ideal para Xhaka no centro do campo.


A principal referência técnica da Suíça é Xherdan Shaqiri. Rebaixado com o Stoke, o meia não fez grande temporada, mas foi o responsável pelos brilhos isolados em lances que tentaram manter a equipe na Premier League. É exatamente tal capacidade de decisão em um passe, drible ou chute que faz de Shaqiri uma peça fundamental para a seleção. A partir da direita, tem total liberdade para flutuar e trabalhar por dentro, até para abrir para seu bom chute de perna esquerda. Ao trazer para dentro, exige ainda mais dos laterais, que muitas vezes são os responsáveis pela amplitude do time, ocupando os corredores.

Mesmo com uma boa produção ofensiva ao longo do ciclo, o maior problema para Petkovic é a falta de um goleador confiável. Seferovic chegou a ser vaiado em casa na reta final das eliminatórias, Drmic não virou o que prometia quando despontou antes da Copa de 2014 e Gavranovic também saiu do radar após a frustrante passagem pela Bundesliga. Com isso, dois garotos tentam ganhar espaço, mas apenas um foi convocado. Embolo foi mais utilizado como ponta do que 9, mas pode disputar a titularidade na Copa do Mundo. Oberlin se destacou pela velocidade na Champions League 2017/18, mas ficou fora da lista dos 23. A questão é que ambos são jogadores que funcionam muito bem em profundidade, como ameaças em contra-ataques. Para um meio-campo que gosta de ter a bola, aproximar as peças e usar o apoio de laterais para cruzar na área, a falta de familiaridade com esse tipo de jogo vira o maior desafio. É uma incompatibilidade inicial, mas que pode ser trabalhada nas semanas de treinos antes do mundial.

Com a insegurança em relação ao 9, os outros meias ganham importância ainda maior na divisão da responsabilidade de compensar o eventual problema. Pela esquerda, Mehmedi foi o dono da posição por anos, mas perdeu a titularidade na reta final de 2017 e está fora da Copa. Um dos motivos foi a queda de desempenho. O outro foi o crescimento do versátil Steven Zuber. O jogador do Hoffenheim pode atuar como lateral, ala, ponta ou meia central e, além de se associar melhor com os meio-campistas, também pode gerar boas combinações com Ricardo Rodríguez pelo corredor esquerdo. Como meia central, o veterano Dzemaili é um caso curioso. Uma carreira sem grande destaque individual, mas que ganhou um outro sentido após 6 meses na Major League Soccer.

No Montreal Impact, Dzemaili, um meio-campista de força física e chutes de fora da área, virou um destaque da MLS como meia mais avançado. Com 7 gols e 10 assistências em 22 partidas, teve contribuição ofensiva jamais vista na carreira. O sucesso ajudou Petkovic a utilizar o jogador na nova função, agora mais próximo da área e sempre buscando o espaço nas costas dos volantes adversários. Seja como meio-campista no 4-1-4-1 ou como meia central do 4-2-3-1, Dzemaili se tornou um alvo para passes mais verticais dos volantes. Um suporte para a referência, seja quem for. Uma inesperada transformação de um jogador experiente.

Em um grupo equilibrado na teórica briga pela segunda vaga, a Suíça larga na frente por carregar o impressionante sexto lugar no ranking da Fifa. Não são muitas estrelas e o grupo reúne até menos destaques individuais do que a Sérvia, mas a regularidade do time parece ser o maior trunfo. Cair na fase de grupos seria uma decepção para quem não empolga mas dificilmente é batido com facilidade.

Jogos no Grupo E
​17/6 - 15h - Brasil x Suíça
22/6 - 15h - Sérvia x Suíça
27/6 - 15h - Suíça x Costa Rica
Veja a tabela completa e simule os jogos

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