Pitaco do Guffo: onde foi que perdemos os modos?
A infeliz declaração do Presidente do Flamengo não é um ataque só a jornalista

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O Natal é uma data que, apesar do apelo comercial, sempre tem a importância da reflexão e do entendimento. E à luz do que aconteceu com a colega Renata Mendonça e a ofensa proferida pelo presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, tudo já foi dito. Acho válida a reflexão observando comentários de torcedores em cada post ou matéria sobre o assunto. Onde foi que perdemos os modos?
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Eu não conheço o presidente do Flamengo pessoalmente para poder diagnosticá-lo, então, por isso não irei dizer que ele é uma pessoa arrogante, machista e mal-educada. Mas o que se pode afirmar é que a fala dele foi misógina e violenta, dado que ele não possui nenhum vínculo de intimidade com Renata e se trata de um homem em uma posição de poder e influência usando uma característica física de uma mulher para menosprezá-la.
Clubismo serve de escudo
Uma das coisas que sempre existiu no futebol foi a ideia de que, quando estamos em um estádio, a nós homens tudo nos é permitido: sermos racistas, homofóbicos, machistas, e todo tipo de atitude preconceituosa estava validada. Afinal, era em nome do nosso clube do coração, e isso se justificava. As mudanças culturais e comportamentais a partir das conquistas dos direitos das mulheres, negros e LGBTQIA+, tiveram função cada vez mais "civilizadora" dos homens que frequentavam o futebol. É fato que houve uma evolução nesse sentido.
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Mas ela ainda é insuficiente. Quando o presidente de um grande clube usa do microfone para tentar humilhar a uma mulher, ele está se valendo desse recurso tão usado no futebol que citei. E vendo os comentários de torcedores que balizaram sua conduta, percebe-se que as pessoas acreditam realmente que, em nome do seu clube, elas podem cometer qualquer barbaridade.
Renata defendeu o Flamengo
O que é mais irônico disso tudo é que Renata Mendonça, na sua crítica inicial que levou a todo esse imbróglio, estava defendendo o Flamengo! Sim, ela queria um futebol feminino do Flamengo com mais condições e mais forte. Algo que falaria qualquer torcedor rubro-negro. Não sei se ela é flamenguista e isso nem interessa. Mas ela deveria ser aplaudida pela torcida por defender o clube.

Não consigo deixar de ficar atônito ao não ter resposta para a pergunta: onde foi que perdemos os modos? Por que tem tanta gente hoje em dia que não se sente constrangida em ofender ao outro, em ser mal-educado, em xingar desconhecidos por nada? Em que parte da educação que BAP recebeu dos seus pais, ele entendeu que estava OK ofender a uma mulher em público? Será que ele faz isso de forma regular com mulheres? Provavelmente, seus familiares devem ter morrido de vergonha. Espera-se isso.
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Também espero que neste Natal, lá no seu núcleo familiar, ele possa refletir e aprender o que parece não ter aprendido ainda. Que modos e educação, a gente tem com todo mundo, independente do gênero, da classe social, da etnia e do clube que torce.
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Gustavo Fogaça escreve sua coluna no Lance! nas noites de segunda e quinta-feira. Leia outras publicações do colunista nos links abaixo:
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