Vasco apresenta novos argumentos e reforça pedido de desinterdição de São Januário

Julgamento que pode liberar o estádio é realizado nesta quarta-feira

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São Januário é vizinho da Barreira do Vasco (Foto: Marcelo Paulo/VASCO)

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O Vasco não entra em campo, nesta quarta-feira (30), mas terá um importante compromisso no tribunal, impactando diretamente no futuro do time. Está marcado para às 13h30, na 2ª Câmara de Direito Privado, o julgamento que pode definir a desinterdição de São Januário.

O Cruz-Maltino apresentou novos argumentos no processo que envolve a interdição de São Januário. No documento, protocolado na véspera do julgamento, o clube reforçou que o estádio possui todas as "licenças e requisitos" para receber jogos no local.

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Além disso, também foi apresentado um plano de ação que envolve os órgãos públicos que visa melhorar e reforçar a segurança de São Januário. O documento aponta oito pontos:

- Expansão da equipe de orientação de público para a área interna do estádio, com permanência até o fim do escoamento de todo o público;

- Manutenção do perímetro de segurança até o escoamento total do público do estádio;

- Reciclagem do treinamento de evacuação de público voltado para equipes de segurança e orientação do público;

- Produção de material educativo a ser transmitido no som/telão antes das partidas com orientações sobre comportamento em casos de emergência;

- Revisão dos procedimentos de revista nos acessos de público, incluindo terceirizados;

- Melhorias da sinalização de fluxos e pontos de interesse (banheiros, postos médicos, saídas);

- Melhoria da sinalização de portões de acesso e bilheterias;

- Definição, pelos órgãos públicos, dos quantitativos ideais para classificação das operações (bandeiras) no modelo AREF.

Além da implementação das medidas de segurança, o Vasco destacou que a intedição de São Januário causa impacto financeiro nos moradores da Barreira do Vasco e no próprio clube. Sem jogar no estádio, o Cruz-Maltino sofreu um prejuízo superior a R$ 1 milhão.

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O fechamento do Maracanã para a recuperação do gramado também foi utilizado como argumento para que São Januário seja liberado. Por fim, o clube relembrou que ao interditar o estádio, a Justiça determinou a conclusão da perícia em 30 dias. No entanto, já se passou mais de 60 dias e a perícia sequer foi iniciada.

Punição cumprida esportivamente

A confusão ocorrida após o jogo contra o Goiás rendeu ao Vasco um gancho de quatro jogos sem público pelo STJD. O clube cumpriu a punição, mas a Procuradoria entrou com um recurso para aumentar a pena, mas o pedido não foi aceito pelo Pleno do STJD.

Ofício preconceituoso

São Januário está impedido de receber público pelo Juizado Especial do Torcedor e Grandes Eventos, desde o dia 23 de junho, por causa dos incidentes de violência ocorridos após a derrota do Vasco para o Goiás. A Justiça acatou denúncia do Ministério Público, que solicitou a interdição baseado no relatório do juiz de plantão Marcello Rubioli, que estava no estádio no dia da confusão. Rubioli argumentou que a proximidade com a Barreira do Vasco aumenta o clima de insegurança do local.

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- Para contextualizar a total falta de condições de operação do local, partindo da área externa à interna, vêse (sic) que todo o complexo é cercado pela comunidade da barreira do vasco, de onde houve comumente estampidos de disparos de armas de fogo oriundos do tráfico de drogas lá instalado o que gera clima de insegurança para chegar e sair do estádio. São ruas estreitas, sem área de escape, que sempre ficam lotadas de torcedores se embriagando antes de entrar no estádio.

Repúdio por todas as partes

A fala discriminatória do juiz Marcello Rubioli motivou a Câmara Municipal do Rio de Janeiro a publicar uma Moção de Repúdio à interdição de São Januário. O deputado federal Tarcísio Motta está recolhendo assinaturas por meio de um abaixo-assinado para pressionar o judiciário a liberar o estádio.

Pressão por todos os lados

O autor da denúncia, o promotor Rodrigo Terra, tem sofrido pressão interna dentro do Ministério Público para liberar São Januário. Alguns promotores não compreendem os motivos para que o estádio permaneça interditado. Os moradores da Barreira do Vasco também estão pressionando a Justiça e publicaram uma carta que pede a desinterdição do estádio. O documento foi anexado ao processo.

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A carta foi assinada pela presidente da Associação de Moradores da Barreira do Vasco, Vania Rodrigues (Divulgação)

Presidente do TJRJ ao lado do Vasco?

O Vasco tem um grande aliado para a liberação de São Januário. O desembargador Ricardo Cardozo, que é presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, é contra a generalização da punição no futebol, afirmando que a maioria não pode sofrer pelas ações de uma minoria de torcedores.

- As grandes paixões não podem ser sucumbidas por causa da violência de alguns bárbaros. Portanto, é inadmissível que uma torcida apaixonada por seu time seja impedida de frequentar o estádio por conta de uns poucos 200 infratores mal-intencionados. Ações violentes não podem zombar da alegria de um torcedor que já enfrenta muitas crises no seu dia a dia.

Próximo jogo é um clássico

O próximo jogo do Vasco como mandante será contra o Fluminense, no dia 16 de setembro, ainda sem local definido. Mesmo se São Januário for liberado pela Justiça, o estádio está proibido de receber clássicos pela Polícia Militar. No entanto, o Cruz-Maltino informou em nota ao Lance! que está trabalhando para jogar clássicos no local.

- O Vasco tentará a liberação de São Januário para todas as partidas, inclusive para os clássicos. Temos o direito de ter o apoio de nossa torcida, em nossa casa. Já contatamos o BEPE para buscar uma solução definitiva que possibilite a realização de clássicos em São Januário. O trabalho visa aprimorar o esquema de segurança existente para garantir a segurança de todos. Sobre o clássico contra o Fluminense, o Vasco acredita na justiça e que São Januário voltará a receber seus torcedores.

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