Como a premiação da Copa do Brasil pode mudar a realidade dos clubes no futebol
Equipes de menor expressão podem receber injeção financeira robusta e garantir premiação superior às folhas salariais

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A reta final da Copa Do Brasil começou a ser disputada nesta semana, com os jogos de ida das oitavas de final do torneio de mata-mata. Neste ano, a competição terá um valor de premiação recorde em sua história, o que torna os confrontos ainda mais decisivos para a maioria das equipes, principalmente aquelas que veem o bônus financeiro como uma oportunidade de mudar sua realidade no cenário nacional. No total, o campeão pode chegar a faturar mais R$ 100 milhões com a conquista.
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Duelos como Corinthians x Palmeiras e Flamengo x Atlético Mineiro despontaram como os mais chamativos nos jogos de ida da fase de oitavas, mas outros confrontos carregam um peso ainda maior pelo objetivo financeiros dos times. Dos 16 melhores da Copa do Brasil 2025, 12 clubes são da primeira divisão, dois da segunda e dois da terceira divisão.
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Como impacta os clubes da Série A
Dos times da elite, alguns podem se dar ao "luxo" de olhar com menos afinco para o peso das finanças, caso de Palmeiras, Flamengo, Bahia, Botafogo, RB Bragantino, Cruzeiro, Internacional e Fluminense - ainda que esses dois últimos vivam uma realidade de injeção financeira menor que os demais.
Outros, caso do Corinthians, São Paulo, Vasco e Atlético Mineiro, miram o título da copa pelo peso esportivo, mas comemoram (e muito) o bônus financeiro. São cenários onde equipes gigantes do cenário nacional precisam equilibrar as contas e lidar com dívidas crescentes e uma pressão por altos investimentos. O Galo, que é uma SAF, tenta sair de uma crisem recém instaurada justamente por atrasos no pagamento.
O combo que une a necessidade de contratar caro para obter resultado esportivo e o controle das dívidas é comum a várias equipes brasileiras. No caso daquelas que ainda jogam a edição 2025 da Copa do Brasil, o torneio pode (e deve) se tornar um meio de aliviar as contas.
Peso da Copa do Brasil para orçamentos menores
Os quatro representantes fora da elite olham com mais atenção para a premiação: Retrô-PE, CSA-AL, CRB-AL e Athletico-PR. Os dois primeiros, que jogam a Série C, já garantiram até aqui R$ 7,78 milhões de bônus, valor que pode superar em mais de dez vezes a folha salarial, como no caso do CSA, e mais de seis vezes a do Retrô.
A própria presidente do CSA, Mirian Monte revelou em março deste ano durante entrevista à Rádio Gazeta, de Maceió, que a folha mensal do elenco girava em torno de R$ 700 mil. Já o presidente e dono do Retrô, Laércio Guerra, afirmou em entrevista à página "Última Divisão", no YouTube, no fim de 2024, que a folha de 2025 do clube na Série C seria entre R$ 1 milhão e R$ 1,2 milhão.
Com a premiação até as oitavas da Copa do Brasil, o clube pernambucano também já superou sua arrecadação de todo o ano de 2023, que foi de R$ 5,27 milhões, reforçando o peso da competição neste ano. Porém, terá missão difícil no jogo de volta quando tenta reverter uma derrota de 3 a 2 sofrida contra o Bahia. Já o CSA empatou em 0 a 0 com o Vasco em Maceió e agora vai ao Rio de Janeiro ainda sonhando com a classificação.

Athletico-PR mira retomada na Copa do Brasil
Um dos dois representantes da Série B, o Athletico-PR tem o elenco mais valiosos da segunda divisão e desponta como a equipe de maior poder financeiro do campeonato. Entretanto, o acesso parece distante neste momento, já que ocupa apenas o meio de tabela do torneio de pontos corridos. A Copa do Brasil pode ser uma "salvação" para o clube, que tem possibilidade de ficar longe da elite do futebol nacional por mais um ano.
O Relatório Convocados, produzido pela Galapagos Capital e com a análise do economista e especialista em gestão e finanças no esporte, Cesar Grafiettil, o Athletico teve um resultado financeiro positivo em 2024, que foi arranhado pela queda de divisão. O documento mostra que as receitas totais cresceram, resultado operacional e o lucro líquido fecharam no positivo, mas o cenário pode não seguir assim se o clube seguir longe da elite nacional. Isso implica, por exemplo, em acordos muito menores de patrocínio, transmissão e venda de jogadores.
Por isso, a competição mata-mata pode ser uma injeção de dinheiro que ajuda a equilibrar as finanças no Furacão, o que, em teoria, mantém a estrutura da equipe mais sólida e preparada para disputar um retorno a Série A mais seguro no aspecto econômico. Assim como o caso do Retrô, o Furacão precisa reverter uma derrota de 2 a 1 sofrida contra o São Paulo e jogará em casa em busca da vaga.
Coincidentemente, o companheiro de divisão, o CRB, vive uma realidade próxima a do seu rival, o CSA. Empatou sem gols na ida, contra o Cruzeiro, fora de casa, e agora joga em Maceió para tentar a classificação. A equipe alagoana está na sua 11ª edição de Série B seguida. Apesar de não demonstrar desequilíbrios financeiros e esportivos, o Galo da Pajuçara também não tem conseguido alcançar o "algo a mais", que é o acesso à Série A e, consequentemente, dar um salto nas suas receitas.
Nesse caso, a Copa do Brasil é, mais uma vez, um caminho alternativo de fortalecer a economia da equipe, o que pode implicar em melhores contratações, um departamento de futebol qualificado e a estruturação do clube mais preparada para desafios maiores na elite nacional.
Cláudio Fiorito, CEO da P&P Sport Management Brasil, empresa que gerencia a carreira de mais de 100 atletas no Brasil, também vê os frutos positivos dessa premiação para os clubes de menor aporte. Principalmente pela realidade em que o crescimento dessas equipes também impacta no crescimento dos jogadores do elenco.
- O impacto dessas premiações para clubes com orçamento mais enxuto é gigantesco. Muitas vezes, um bom desempenho na Copa do Brasil permite a quitação de dívidas, reforços no elenco ou até investimentos em infraestrutura. É um torneio que, além de esportivamente emocionante, pode mudar o patamar financeiro de uma equipe - completa.

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