Lusa vive clima melancólico no adeus à Série B e não abafa certeza da injustiça


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O jogo entre Portuguesa e Vila Nova, pela última rodada da Série B do Brasileirão, mal tinha começado quando uma funcionária que prestava serviço no Canindé desceu para o andar térreo e foi buscar uma garrafa térmica cheia de café. Quando saiu do elevador e notou que o placar mostrava 1 a 0 para a Lusa, a mulher comentou com um funcionário da Federação:

- Ué, mas o que aconteceu?

- Acho que deixaram, só pode - respondeu na lata o bem humorado servidor da FPF.

A melancólica despedida da Lusa da Série B teve essa e outras histórias curiosas presenciadas pela reportagem do LANCE!Net, um dos quatro veículos de imprensa que fizeram a cobertura do duelo entre o último e o penúltimo colocados do Brasileirão. O Canindé recebeu apenas 307 pessoas naquela sexta à noite, mas não foram os gritos de "Vai estudar, Brinner", "Vai pro Pronatec", ou os cantos de "olê, olê, olê, olê, Chaves, Chaves", em homenagem ao intérprete do lendário personagem mexicano morto no mesmo dia, que chamaram a atenção.

No meio da arquibancada, um senhor de 74 anos usava todo o fôlego possível para tentar provar que a Lusa foi injustiçada com a perda de quatro pontos pela escalação irregular do meia Héverton no Brasileirão de 2013. É a única tábua de salvação para uma torcida que só viu quatro vitórias, além de 13 empates e acachapantes 21 derrotas na Série B. Números que farão o time rubro-verde disputar a Terceira Divisão em 2015.

- A Lusa tem que ganhar, na primeira ou na última divisão. Porque ela não depende de ninguém, ganhou os jogos honestamente. Ela é direita! A Portuguesa foi para o jogo e ganhou no jogo, o Fluminense ganhou na mesa. E a CBF deixou passar batido, porque sabia de tudo - justifica Antônio Dionísio, o senhor que teve a voz abafada pelo sistema de som do Canindé.

E sabe o que tocaram? "Under Pressure" (em português: sob pressão), da banda inglesa Queen, "Não quero dinheiro", do Tim Maia, e "Dias Melhores", do Jota Quest. Parecia combinado, de tão clichê... Mas o Seu Dionísio não se incomodou. E de qualquer lugar do estádio vazio foi possível ouvir um grito forte, entre os versos de que "vivemos esperando" e "não te troco nesta vida por ninguém".

- Eu não me conformo!

DIRETORIA SOME E NINGUÉM FALA

Todos os profissionais da Portuguesa foram liberados de suas atividades logo após o fim do jogo contra o Vila Nova. Assim, não houve entrevista coletiva do técnico Zé Augusto e os jogadores se recusaram a conversar com a imprensa. Além disso, novos dirigentes nomeados pelo presidente Ilídio Lico preferiram não se pronunciar na saída do Canindé sob a justificativa de que “vamos falar o quê?”. A Lusa reformulou seu corpo diretivo outra vez recentemente.

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