Fred assume a liderança contra a violência no futebol: ‘É um inimigo sem rosto’

Internacional x Grêmio - D'alessandro (Foto: Ricardo Rimoli/ LANCE!Press)
Internacional x Grêmio - D'alessandro (Foto: Ricardo Rimoli/ LANCE!Press)

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Capitão do Fluminense e centroavante da Seleção Brasileira, Fred decidiu gritar um basta contra a violência no futebol e levantou uma bandeira pela paz. Em entrevista ao programa "Esporte Espetacular", o jogador deu algumas declarações fortes neste sentido e emocionado, afirmou lutar contra as sérias consequências que os ataques de torcedores a jogadores podem trazer. O artilheiro, inclusive, pediu o apoio da comunidade do futebol e também da imprensa na causa que defende.

- Muitos jogadores têm receio de comprar essa briga porque estes vandalos não tem um rosto, não tem cara. Você acaba não sabendo direito contra quem está lutando, mas eu sei com o que estou brigando. Estou brigando contra a violência, contra a morte. Têm torcidas organizadas que vivem disso, tem grana por trás. Eu sei que é perigoso, estou lidando com coisa séria, mas tenho certeza de que não estarei sozinho. Todo mundo tem que abraçar a causa. Jogadores, torcedores, técnicos, e a imprensa também, para que seja o início do fim da violência no futebol brasileiro - afirmou.

Pai da pequena Geovanna, Fred disse ter medo de sair de casa. Reclamou que está preso e apenas pode ir do apartamento para a concentração e vice-versa. Recentemente, após a eliminação do Fluminense contra o Vasco, na semifinal do Campeonato Carioca, o jogador teve o carro cercado por torcedores que protestavam e disse ter se apavorado. O fato ocorrido fez com que decidisse se manifestar oficialmente pela paz no futebol contra as torcidas organizadas.

- Quando saí do clube apareceram cerca de 30 torcedores me xingando, batendo no meu carro, dando tapa no vidro. Só melhorei daquilo quando cheguei em casa. Passou o filme inteiro de tudo que vivi na minha carreira desde que voltei ao Brasil. Vivenciei momentos de violência, selvageria, terrorismo mesmo. Passei uma situação em 2011 e outra em 2009 também muito graves. Ali tive medo, vontade de sair do Fluminense. Senti na pele mesmo em 2011 quando fui perseguido de carro no Rio de Janeiro. Ainda teve o sufoco na partida contra o Coritiba no Couto Pereira, jogo decisivo que não caímos em 2009 e que teve uma briga enorme - lembrou.

Enquanto ainda não está à vontade para levar a filha para um clássico e realizar um sonho, o capitão do Flu ao menos tem a sensação de que começou a ganhar uma batalha que ele mesmo classificou como uma luta do bem contra o mal. Durante o jogo contra o Horizonte (CE), na ultima quinta-feira, pela Copa do Brasil, Fred recebeu o apoio de pessoas que considera do bem e se emocionou.

- No jogo contra o Horizonte cabeceei uma bola na trave. Quando ergui a cabeça vi torcedores gritando, pedindo para que tivesse calma que faria o gol, falaram que eu merecia e ali vi o carinho de todo mundo. Constatei que o futebol é da pessoa do bem. Isso me emocionou. Fiz o gol, vencemos por 5 a 0 e quando entrei no vestiário, vi presidente e companheiros emocionados. Quero deixar claro que sou completamente contra torcida ir xingar jogador, ameaçar jogador na hora do trabalho. Local do torcedor é no estádio, lá podem fazer o que quiserem desde que não ocorra covardia. Eu amo o futebol. Em clássico então eu penso muito em levar a minha filha, mas não posso. Meu maior desejo quando era garoto era justamente de quando tivesse meus filhos que pudesse entrar com eles em campo e depois de fazer um gol mandar o coração para eles, vibrar com eles. Isto eu ainda não posso fazer, mas não vou desistir de lutar.

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