Edina Alves revela depressão após erro contra gigante paulista: ‘Precisei de terapia para me recompor’

Na mesma época, a mãe da árbitra sofria de câncer: 'Mesmo tensa, apreensiva, eu tinha obrigação de tranquilizar minha mãe, de dizer que iria passar, que ela venceria'.

Edina Alves
Edina Alves é árbitra da CBF desde 2007 (Foto: Reprodução/Fifa)

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Em entrevista ao 'Uol', a árbitra Edina Alves falou sobre o fatídico confronto entre Novorizontino e São Paulo pelo Campeonato Paulista deste ano. O jogo, pela quarta rodada do Paulistão, ficou marcado por um erro de Edina e do VAR ao não marcarem pênalti do goleiro Giovanni em cima de Luciano.

Depois do jogo, o atacante do São Paulo deu fortes declarações sobre o caso e disparou duras críticas contra Edina.

- Difícil falar, porque é complicado. Eu falei para ela que eu não vou deixar de fazer gol para cavar pênalti. O goleiro vem no meu corpo e me derruba. Em vários lances ela complicou o jogo, inverteu falta... Não tenho nada contra ela ou arbitragem, mas a Federação tem que rever os árbitros que colocam para apitar os jogos - disse Luciano.

Edina Alves é árbitra da CBF desde 2007. Apesar da experiência, ela revelou ter sofrido profundamente após o erro.

- Eu não vi. Falei para o VAR que estava em dúvida porque não tinha conseguido enxergar. Ele me disse que não havia sido pênalti, e eu segui - começou.

Ao chegar no vestiário ao fim da partida, a árbitra reviu o lance na internet.

- Ali, desabei. Falei para meus colegas: 'Eu errei, foi pênalti'. Eles tentaram me consolar dizendo que o VAR havia me dito que não. Mas eu estava vendo no vídeo, foi pênalti, sim. E eu não dei - desabafou Edina.

- Esse lance me machucou. Fiquei deprimida, em uma fossa absurda por meses. Precisei de terapia para me recompor daquele dia, e essa é a primeira vez que falo sobre isso abertamente. Foi um erro inadmissível, eu me posicionei mal e não consegui ver. Não gosto de errar, ainda mais desse jeito. Pedi desculpa para a minha equipe de arbitragem. Disse que queria me redimir com os jogadores do São Paulo, mas não foi possível - completou.

A situação se mostrava ainda mais desgastante pelo estado de saúde da mãe de Edina. No mesmo período, ela descobriu que a mãe iniciaria tratamento contra um linfoma.

- Hoje, eu percebo que deveria ter parado de apitar naquele período. Eu não conseguia pensar em outra coisa senão isso, era muita preocupação. Mesmo tensa, apreensiva, eu tinha obrigação de tranquilizar minha mãe, de dizer que iria passar, que ela venceria, mesmo sem qualquer certeza disso. E eu estava longe. Foi difícil. Sei que não ter parado me prejudicou na arbitragem, mas são escolhas que a gente faz - afirmou.

Por fim, Edina, que apitou em jogos da Olimpíada de Tóquio, quebra o estigma negativo sobre supostas más intenções de árbitros. Ela conta que a cada erro, os juízes, que recebem por partida, são penalizados com um período afastado dos campos.

- Ressaltar isso é importante, porque os torcedores acham que a gente erra de propósito, para favorecer um time. Isso não existe. Errar deixa a gente sem trabalho, sem receber. A gente paga pelo erro —que é extremamente doloroso, não só pela punição, mas pela nossa própria cobrança - concluiu.

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