‘Um buraco no tornozelo e outro na alma’: Adriano Imperador abre o coração ao falar do pai e da carreira

Ex-jogador falou da distorção da palavra 'favela' e da vida feliz que teve na infância. Quando a coisa ficou difícil na Europa, o Imperador largou tudo para voltar às suas raízes

Adriano Imperador
Didico relembrou histórias sobre sua trajetória (Foto: Divulgação/ Instagram)

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Um dos personagens mais carismáticos do esporte e reverenciado nas mídias por um geração de torcedores, flamenguistas ou não, Adriano Imperador abriu o coração em uma longa entrevista ao site 'The Players Tribune' com o título 'Adriano tem uma história para contar'. Nela, o ídolo do Flamengo e da Inter de Milão abre o coração e fala do inicio da carreira, da família, da favela e do amor pelo futebol que se foi junto com a morte do pai e de como desistiu do sonho europeu para retornar ao Brasil.

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- Foi a mesma coisa quando meu pai morreu. Mas a cicatriz estava dentro de mim. É muito simples. Tenho um buraco no tornozelo e outro na alma. - disse o Imperador em determinado ponto do papo, após falar da morte do pai e da lesão que sofreu em 2011.

Didico falou ainda da distorção da palavra 'favela' e da vida feliz que teve na infância. Quando a coisa ficou difícil na Europa, o Imperador largou tudo para voltar às suas raízes, onde ele se sente feliz.

- "As favelas". As pessoas sempre interpretam errado essa palavra. Quem olha de fora não entende, cara. E quando falam do Brasil, quando falam das crianças das favelas? Eles sempre pintam um quadro distorcido. É sempre dor e miséria. E sim, às vezes, é isso mesmo. Mas também é complicado. Quando penso em como foi crescer na favela, eu me lembro, na verdade, de como a gente se divertiu. Joguei bola de gude, empinei pipa, soltei pião... Infância real, não tinha celular, toda essa tecnologia, né?, touch screen, que essas crianças têm agora - disse.

- Eu estava cercado pela minha família, pelo meu povo. Eu cresci na comunidade. Eu tinha liberdade. Eu não sofri. Eu estava vivendo, aprendendo com a vida - completou.

Adriano cita ainda o amor pela avó, que o chamava de 'Adirano' e a força que ela deu para que ele fosse jogador de futebol. 

- “Adirano, meu filho, corre pra cá, corre pra lá. Por que você não foi pro outro lado? Por que você não chutou pro gol, amor?” Hahhahaha! Cara! Ela realmente me cobrava! Ela era Mourinho antes do Mourinho! Implacável! Fizemos essa rotina por uns oito anos. Todo dia. Juntos. Eu nunca esquecerei. Nunca, nunca. Nem sei quantas horas passei no ônibus com minha avó. Essa foi a nossa vida inteira. Como é que estuda? Eu repeti a 5ª série três vezes! - lembrou.

"Sim, talvez eu tenha desistido de milhões. Mas quanto vale a sua paz de espírito? Quanto você pagaria para ter de volta a sua essência?"

Adriano relembrou a morte do pai apenas 9 dias após a final da Copa América de 2004, onde ele marcou talvez seu gol mais antológico pela Seleção diante da Argentina. Ele destacou que perdeu a alegria de jogar futebol e desistiu do 'sonho europeu' em 2008, tendo como a gota d'agua a relação dele com Mourinho.

- Em 2008, foi a vez do Mourinho, na Inter, e eu já estava saturado. A imprensa me seguindo por toda parte, e tudo com o Mourinho era: “Foda-se, pá! Puta que pariu, caralho! Você vai me foder, não é, garoto?”. Eu dizia: “O que foi, cara?” Não aguentava mais. Não conseguia mais jogar com aquela paixão. Daí fui convocado para a Seleção Brasileira e, antes de sair, o Mourinho falou: “Você não volta mais”. “É, você já sabe.” E não voltei mais. Passagem só de ida - disse.

Confira a entrevista completa do Imperador no youtube do 'The Players Tribune':

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