Odebrecht obteve repasse de R$ 350 mi da Caixa pela Arena Corinthians

Estatal cedeu montante milionário à construtora para cobrir rombo nas obras do estádio, que foi entregue em maio de 2014. Não há prazo para devolução do dinheiro emprestado

Arena Corinthians
Arena Corinthians já recebeu 83 jogos do Timão em mais de duas temporadas (Foto: Miguel Schincariol/Lancepress!)

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A Caixa Econômica Federal realizou uma transferência secreta de R$ 350 milhões à construtora Odebrecht em 2014, por ocasião de um rombo milionário nas obras da Arena Corinthians, estádio de abertura da Copa do Mundo sediada no Brasil há dois anos. Segundo o jornal "Folha de São Paulo", a estatal repassou os valores a partir da compra de debêntures, que são títulos de crédito lançados ao mercado para captar recursos. 

A Odebrecht foi contratada em 2011 para erguer o estádio, que teria financiamento do BNDES de R$ 400 milhões e mais R$ 420 milhões de créditos cedidos pela Prefeitura de São Paulo, que são os CIDs (Certificado de Incentivo ao Desenvolvimento). A questão é que o primeiro montante só saiu em março de 2014 e o segundo foi alvo de uma ação judicial, o que atrapalhou a compra por parte dos empresários. Foi neste cenário que a Caixa comprou os créditos da Odebrecht de maneira sigilosa.

A Caixa foi procurada pela Odebrecht porque não havia garantias para que o empréstimo fosse feito em outro banco. Marcelo Odebrecht, então presidente da companhia, pressionou a Caixa pela liberação dos R$ 350 milhões e participou diretamente da operação. Hoje, o homem forte da construtora está preso em Curitiba por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, condenado a 19 anos de detenção após os crimes descobertos pela Operação Lava Jato.

A Odebrecht terá de devolver o dinheiro à Caixa Econômica Federal com juros, mas ainda não há previsão de quando isso ocorrerá. O acerto não envolveu o Corinthians, que segue sem pagar as mensalidades de R$ 5 milhões ao BNDES desde março - a inadimplência tem "permissão" do banco público, que estuda ampliar a carência de 17 para 36 meses do pagamento da Arena. O estádio foi finalizado com o custo de R$ 1,2 bilhão, mas pode chegar a R$ 1,65 bilhão com juros e correção monetária.

O estádio do Corinthians está na mira da Operação Lava Jato desde que André Luiz Oliveira, o André Negão, vice-presidente do clube, foi acusado de receber propina de R$ 500 mil e foi conduzido coercitivamente a prestar depoimento na Polícia Federal. O dirigente do Timão está livre e foi até candidato a vereador na cidade de São Paulo, com 20.481 votos, número insuficiente para se eleger.

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