Os caras das Copas: Alcides Ghiggia, o carrasco do Brasil em 1950

Ponta-direita entrou para a história ao marcar o gol que resultou no 'Maracanazo'

GALERIA: Veja a Copa disputada por Ghiggia e o clube que ele defendia no período do Mundial
(Foto: Reprodução de internet)

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"Apenas três pessoas calaram o Maracanã: o Papa João Paulo II, Frank Sinatra e eu". Alcides Ghiggia se eternizou na história pelo gol que fez do Brasil vice-campeão mundial no Rio de Janeiro, em 1950. O herói do bi mundial do Uruguai tinha apenas 23 anos quando disputou a Copa de 50, tendo estreado pela seleção havia apenas dois meses. O ponta-direita balançou a rede em todos os quatro jogos do Uruguai daquele Mundial e ficou em terceiro na artilharia, com quatro gols - um em cada partida disputada pela Celeste.

O cara da Copa - Alcides Ghiggia
(Imagem: Arte LANCE!)

O Uruguai deu sorte no sorteio dos grupos. A Copa de 50 era a primeira após a Segunda Guerra Mundial e 16 seleções estavam previstas para a disputa. Porém, três países desistiram - França, Turquia e Índia - e a formação dos grupos ficou desigual, com o Uruguai caindo no grupo 4, que teria apenas duas equipes. Enquanto o Brasil fez três partidas na primeira fase, o Uruguai só disputou uma - que acabou em goleada por 8 a 0 sobre a Bolívia. Ghiggia marcou o oitavo gol do duelo, jogado no Estádio Independência.

Passada a primeira fase, o título da Copa do Mundo seria decidido em um quadrangular entre Uruguai, Brasil, Espanha e Suécia. A pouca experiência de Ghiggia com a camisa celeste não pesou e o jogador foi responsável pelo primeiro gol na partida inicial do quadrangular, contra a Espanha. Os espanhóis chegaram a virar para 2 a 1, mas Obdulio Varela deixou tudo igual. No segundo duelo, diante da Suécia, Ghiggia fez gol que colocou o jogo empatado por 1 a 1. O Uruguai ganhou por 3 a 2 com gol de Míguez aos 40 minutos do segundo tempo. O duelo final, contra o Brasil, valeria a taça. E a Seleção Brasileira vinha de incríveis triunfos diante da Suécia (7 a 1) e Espanha (6 a 1). O favoritismo era todo do Brasil, mas Alcides Edgardo Ghiggia Pereyra estava do outro lado.

Em 16 de julho de 1950, oficialmente 199.854 mil espectadores estavam presentes no recém-inaugurado Maracanã. O Brasil precisava apenas de um empate para levar a taça e os jornais daquele domingo já saudavam os jogadores da Seleção Brasileira como futuros campeões do mundo. Para melhorar ainda mais a situação do Brasil, Friaça abriu o placar aos dois minutos do segundo tempo. Porém, o restante da etapa complementar foi de Ghiggia. Aos 21 minutos, o veloz e habilidoso ponta avançou por quase 30 metros e cruzou para Schiaffino empatar o jogo, com um chute no ângulo. Mas o ápice viria aos 34 minutos. Lançado por Miguez, no lado esquerdo da defesa brasileira, Ghiggia correu em direção ao gol e chutou contra a meta de Barbosa. O goleiro brasileiro deixou a bola passar pelas mãos - sendo condenado por isso até a morte - e o uruguaio cravou um histórico 2 a 1: era o "Maracanazo".

- O silêncio era tão grande que se uma mosca estivesse voando por lá, ouviríamos o seu zumbido - comentou Ghiggia em diversas entrevistas.


O título de 1950 não rendeu muitas recompensas financeiras a Ghiggia e ao restante do elenco: a maior parte da premiação pelo título sumiu juntamente com o tesoureiro da delegação, e os atletas tiveram de reunir o pouco dinheiro que tinham para fazer uma pequena comemoração com sanduíches e cervejas. Em 1953, Ghiggia deixou o Peñarol para defender a Roma. Um ano depois, o clube da capital italiana não liberou o ponta para jogar a Copa de 1954. Em 57, ele se naturalizou italiano e defendeu a seleção europeia nas Eliminatórias para a Copa de 58, mas a Azzurra acabou falhando na missão de conseguir uma vaga. A maior glória de Ghiggia era mesmo aquele 16 de julho de 1950. Exatos 65 anos depois, em 16 de julho de 2015, Ghiggia sofreu parada cardíaca e morreu aos 88 anos. Ele era o último jogador ainda vivo do "Maracanazo".

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