Presidente do Atlético-MG detona Comissão de Arbitragem da CBF e pede mudança na direção

Dirigentes do clube mineiro reforçaram a dificuldade de dialogar com a Comissão de Arbitragem da entidade

Sérgio Coelho concedeu coletiva para a GaloTV
Sérgio Coelho concedeu coletiva para a GaloTV - GaloTV

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O presidente do Atlético-MG, Sérgio Coelho, concedeu entrevista para o canal GaloTV nesta quinta-feira, acompanhado do vice-presidente José Murilo Procópio e do diretor de comunicação do clube, André Lamounier. Nela, o dirigente teceu duras críticas para a Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e expressou acreditar que Wilson Seneme não deve continuar no cargo de presidente da Comissão.

Desde o início da coletiva, Sérgio Coelho deixou claro que a crítica do Atlético-MG se deve exclusivamente à Comissão de Arbitragem, e frisou que o clube mantem bom diálogo com a CBF, ao contrário da Comissão.

- Lamentável a forma como o presidente de arbitragem tem conduzido os diálogos. É incompreensível a falta de diálogo com boa parte dos Clubes e Federações, inclusive com o Galo.

Ao longo da entrevista, os dirigentes do clube mineiro reforçaram que o Atlético-MG se sente prejudicado não apenas por erros de arbitragem contra o clube, mas pela dificuldade de diálogo com a Comissão de Arbitragem da CBF, e expressaram acreditar que Wilson Seneme, presidente da Comissão, não deveria estar no cargo.

- No nosso entendimento, o presidente da Comissão de Arbitragem (Wilson Semene) está no cargo errado. O cargo não condiz com sua postura - expressou Sérgio Coelho.

Profissionalização da arbitragem

Em toda a entrevista coletiva, o presidente Sérgio Coelho e o vice-presidente José Murilo Procópio frisaram acreditar que a principal solução para os problemas de arbitragem no futebol brasileiro seria a profissionalização da arbitragem. 

- O Galo apoia a profissionalização da arbitragem brasileira, o treinamento dos profissionais e a melhoria nas condições de trabalho dos árbitros de campo e de vídeo - disse Sérgio Coelho. 

Os dirigentes disseram não acreditar que exista má-intenção ou desonestidade nas atitudes dos árbitros brasileiros, mas acreditam que o setor precisa passar por um processo de profissionalização.

-Não estou questionando a intencionalidade dos árbitros ou insinuando que exista má-fé ou desonestidade em qualquer dos membros da comissão de arbitragem. O que rogamos é para que se tenha tratamento equânime entre os clubes, e que se adote os mesmos critérios em todos os jogos.


Caso Daronco e Hulk

A maioria dos casos trazidos para discussão pelos dirigentes do Atlético-MG foram interpretados, por eles, como erros na condução da regra ou prejudicais ao clube mineiro pela falta de critério adotada pela Comissão de Arbitragem. Entretanto, um acontecimento foi debatido em outro tom pelos diretores: a denúncia de Hulk em relação a uma ameaça do árbitro Anderson Daronco.

Diante da exposição por parte de Hulk de uma suposta ameaça de Daronco no jogo entre São Paulo e Atlético-MG, os dirigentes questionaram o silêncio do árbitro e da Comissão de Arbitragem da CBF frente ao ocorrido.

- Ainda neste jogo, houve suposta ameaça do Daronco ao Hulk. Até o momento, ninguém se manifestou sobre o episódio, nem o árbitro, nem a comissão de arbitragem da CBF. Seremos incansáveis também na cobrança para que venham se posicionar. E pior: a despeito da grave suspeita, o árbitro continua a ser escalado em jogos do brasileirão.

Ao serem perguntados sobre uma possível entrada de processo no Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), os dirigentes foram claros ao expressar que não pretendem entrar com recurso na entidade, exceto para o caso da suposta ameaça de Anderson Daronco, caso o árbitro ou a Comissão de Arbitragem não se pronunciem sobre a denúncia. 

Confira o pronunciamento do Presidente Sérgio Coelho na íntegra:


Quero reforçar que somos pessoas do diálogo, da conciliação e da paz. Só estamos fazendo esta coletiva porque não somos ouvidos pela comissão de arbitragem da CBF, a despeito das inúmeras tentativas que fizemos.

Vamos lá.

COMISSÃO DE ARBITRAGEM

É lamentável a forma como o presidente da comissão de arbitragem da CBF tem conduzido sua atuação no órgão;

É incompreensível a falta de diálogo com boa parte dos clubes e federações, inclusive com o Galo. A reclamação é geral;

No nosso entendimento, o Sr. Wilson Seneme está no lugar errado. Sua postura não condiz com o cargo que ocupa;

Falo pelo celular com qualquer presidente de clube no Brasil, com o presidente da CBF e da Conmebol, mas, com o presidente da comissão de arbitragem, não consigo falar. Eu e a maioria dos clubes;

E que fique bem claro: a arbitragem mudou para muito pior neste ano. Caiu a qualidade das atuações, com critérios confusos e díspares. Em relação ao VAR, a piora é uma aberraçäo;

Há árbitros inseguros e mal preparados, e outros inexperientes escalados para jogos de alta exigência;

Enfim, a gestão da arbitragem brasileira está horrível, com árbitros sempre repetidos nas escalas, e outros que estreiam na rodada 18 do campeonato, por exemplo;

São atitudes que demostram, de forma inequívoca, que a comissão de arbitragem da CBF está sem rumo e à deriva. Os sucessivos erros que temos visto impactam a credibilidade do futebol brasileiro. Talvez seja preciso que busquemos uma verdadeira liderança para o setor.

LIBERAÇÃO DE ÁUDIOS DO VAR

Por que os áudios dos jogos do Atlético demoram tanto para ser liberados?

Um deles, do jogo contra o Avai, acontecido em 29/05, não foi liberado até hoje. Assim como o da suposta ameaça que Daronco fez a Hulk. Qual é o problema? Seremos incansáveis nessa cobrança;

Curiosamente, o áudio do jogo entre Ceará x Flamengo, ocorrido também em maio, no dia 14/05, foi disponibilizado no mesmo dia;

Também os áudios dos nossos jogos contra São Paulo (Brasileirão) e Flamengo (Copa do Brasil) demoraram vários dias para se tornarem públicos e só o foram depois de muita reclamação de nossa parte. Diferentemente, mais uma vez, do que ocorreu no jogo entre Palmeiras e São Paulo (Copa do Brasil), que teve os áudios liberados em menos de 24h;

Está certo isso? É essa a postura que se espera da comissão de arbitragem de uma entidade isenta e neutra como é a CBF?

O mais incrível é que temos bom diálogo com a CBF e a conduta da comissão de arbitragem tem ido na contramão. Somos bem recebidos pelo presidente Ednaldo, pelos diretores Júlio Avellar, dra. Samanta e Rodrigo Paiva, menos pela comissão de arbitragem. Isso é inaceitável!

ANÁLISE DOS ÁUDIOS DO VAR DOS JOGOS

Galo x São Paulo - o pênalti no Hulk foi claríssimo. O VAR confirmou que nosso atacante tocou primeiro na bola. O Hulk toca na bola, o defensor o atropela dentro da área e não é pênalti? Esperamos que todos aqueles que disseram que não foi pênalti porque o Miranda tocou primeiro na bola revejam suas posições.

Neste mesmo jogo, há outros dois lances polêmicos, embora menos escandalosos. No entanto, em jogos anteriores do Galo, contra Santos e Goiás, foram marcados pênaltis (em nosso desfavor) em lances muito similares;

Ainda neste jogo, houve suposta ameaça do Daronco ao Hulk. Até o momento, ninguém se manifestou sobre o episódio, nem o árbitro, nem a comissão de arbitragem da CBF. Seremos incansáveis também na cobrança para que venham se posicionar. E pior: a despeito da grave suspeita, o árbitro continua a ser escalado em jogos do brasileirão.

Pergunto: e se o Hulk tivesse feito uma ameaça ao árbitro? Seria expulso e, muito provavelmente, levaria severa punição do STJD.

Galo x Flamengo (Copa do Brasil) - nossa atuação foi ruim, o Flamengo jogou melhor, mas isso não justifica o fato de o árbitro dar um gol que nem ele nem o auxiliar tinham visibilidade para dar. O vídeo deixa claro que tanto árbitro como auxiliar não deram o gol imediatamente, só após reclamação dos jogadores do Flamengo. O VAR não tinha imagem conclusiva da jogada, como restou comprovado. Porque a decisão de campo foi pelo gol se nem o árbitro nem o auxiliar tinham visibilidade para tal?

Galo x Botafogo - ainda não tivemos acesso aos áudios (mais uma vez), mas o pênalti escandaloso no Ademir, no último lance do jogo, foi um erro grotesco, do mesmo árbitro que não marcou 2 pênaltis em nosso jogo, ano passado, contra o Atlético-GO, em Goiás, mesmo vendo os lances no VAR.

Nos nossos 3 últimos jogos, fomos absurdamente prejudicados, por árbitros considerados top 5 do Brasil. Dois deles, inclusive, estarão na copa do mundo. Também não podemos esquecer os prejuízos que tivemos contra:

A) Bragantino - pela não marcação de pênalti e expulsão de jogador adversário;
B) Goiás - pela não expulsão do adversário após atingir com falta vergonhosa o nosso atleta Guga.

Conclusão: se fosse adotado o mesmo critério em lances muito assemelhados, poderíamos ter, hoje, 8 pontos a mais na atual tabela do campeonato. Hoje, estamos com 31 pontos, nenhum ganho com erro a nosso favor, o que muito nos orgulha.

Os árbitros do var que cometeram erro no jogo Palmeiras x São Paulo foram imediatamente suspensos e não atuaram no jogo Athletico-PR x Inter, para o qual estavam escalados. E os árbitros que apitaram esses nossos jogos e cometeram esses erros absurdos, muito piores que no jogo do Palmeiras contra São Paulo? Por que não foram punidos? Por que continuam trabalhando como se nada tivesse acontecido?

Senhor presidente da comissão de arbitragem, por que dois pesos e duas medidas?

Reitero: os sucessivos erros contra o Galo e demais clubes estão manchando o futebol brasileiro.

PECHA DE RECLAMÃO

O Galo, além de ter sido flagrantemente prejudicado no lance capital que culminou com a nossa eliminação na Copa do Brasil, vem sendo constantemente prejudicado de forma inacreditável no campeonato brasileiro.

Portanto, reafirmo em alto e bom tom: não ficaremos calados! Seremos incansáveis nas reclamações, sempre que nos sentirmos lesados. Até porque, contra fatos não há argumentos. O que apresento aqui são fatos e não suposições, exceto para quem insiste em não reconhecer a verdade.

Por fim, para também deixar claro: não estou questionando a intencionalidade dos árbitros ou insinuando que exista má-fé ou desonestidade em qualquer dos membros da comissão de arbitragem.

O que rogamos (suplicamos) é para que se tenha tratamento equânime entre os clubes, e que se adote os mesmos critérios em todos os jogos.

O Galo apoia a profissionalização da arbitragem brasileira, o treinamento dos profissionais e a melhoria nas condições de trabalho dos árbitros de campo e de vídeo.

Obrigado.

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