Tinham muitas pedras no meio do caminho. Henrique Marques chutou todas
Atual número 1 do mundo começou através de um projeto social

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Em 2025, ele se tornou o primeiro homem do país a ser campeão mundial da modalidade. Em novembro, conquistou o Grand Prix Challenge de Bangkok, na Tailândia. E esteve entre os finalistas ao Prêmio Brasil Olímpico. Henrique Marques é o número 1 do mundo no taekwondo. Para entender a dimensão dessas conquistas, é preciso voltar no tempo.
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O tropeço no futebol e a certeza de vida
Henrique cresceu em um bairro humilde de Itaboraí, município do Rio de Janeiro. Antes de levar o taekwondo a sério, "Negão", como é carinhosamente apelidado por seus amigos, arriscou-se no futebol, chegando a parar a luta por dois anos para se dedicar a peneiras e ao campo.
Depois de muitos "não," sua mãe, com quem divide tudo na vida, foi quem o aconselhou a retornar. Ela enxergava o potencial do filho, que já havia garantido vitórias em competições regionais, e uma possível chance de melhorar a condição financeira instável da família.
— Minha mãe viu os atletas de elite da época viajando bastante, ganhando medalhas e sendo pagos para isso e falou: 'Olha, a única oportunidade, infelizmente, que você tem aqui neste bairro é o taekwondo, acho que você poderia investir pra gente tentar pra ver o que vai dar, né?".
Após o conselho, Henrique retornou ao esporte e passou a levar a sério, acabando com as faltas nos treinos e se dedicando 100% àquilo que poderia, de fato, mudar sua vida. O primeiro retorno significativo veio com a vitória no Campeonato Brasileiro de 2018, quando foi campeão e soube que teria, finalmente, um salário.
— O que me incentivava muito era ver o meu crescimento, notar que ele estava influenciando dentro de casa. As coisas estavam melhorando, estava conseguindo ajudar um pouco ali, por mais que na época eu ajudava só na internet de casa. Eu via que o taekwondo estava começando a mudar a minha vida.

O susto
A história de superação, contudo, ganhou capítulos mais dramáticos. Na véspera do Pan-Americano de Santiago, em 2023, e na campanha olímpica de Paris 2024, Marques descobriu uma arritmia. O diagnóstico, aos 19 anos, ameaçou um veredito final precoce para a carreira que apenas começava a decolar.
— Eu fiquei com bastante medo, pelo fato de correr risco de encerrar minha carreira aos 19 anos de idade, muito novo. Eu estava começando a crescer no esporte, então, acho que foi o período que eu mais fiquei com medo.
Com muito esforço e resiliência, Henrique retornou ao tatame em tempo recorde. Após cinco meses afastado, voltou em busca do sonho da vaga nas Olimpíadas. E ela veio Mas outro susto ainda maior estaria pela frente.
Um golpe inesperado
Durante a preparação para os Jogos Olímpicos de Paris, a vida mais uma vez testou a força de Henrique: a morte de seu pai, que, assim como sua mãe, era a base do atleta.
— Foi um baque muito forte. Eu estava na Coréia treinando, então eu não pude fazer nada. Não pude nem estar presente no sepultamento. Mas é do esporte. Faz parte. A gente tem escolhas. Eu tinha uma meta também de preparação para os Jogos Olímpicos. Acho que tudo isso foi me fortalecendo, me dando forças para continuar e seguir no meu caminho.
Após o falecimento do pai, o atleta chegou a cogitar abandonar o esporte novamente. Mais uma vez, foi resiliente. Pisar em Paris vestindo o quimono da seleção era um sonho. Conquistar as primeiras vitórias em solo olímpico, nem se fala. A eliminação nas quartas de final diante do sul-coreano Seo Geon-woo foi apenas um detalhe. Já tinha garantido a vitória na vida.
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