STJD suspende jogador do América-MG por acusação de racismo
Jogador desfalca o Coelho até que o caso seja julgado pelo tribunal

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O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) suspendeu preventivamente nesta terça-feira (6) o meia-atacante Miguelito, do América-MG. Ele é acusado de injúria racial pelo atacante Allano, do Operário, durante partida da sexta rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, no domingo (4).
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O STJD recebeu a denúncia da Procuradoria nesta manhã e acatou o pedido no período da tarde. Com isso, Migueito fica impedido de atuar pelo Coelho até o julgamento do caso, ainda sem data definida.
Na decisão, o presidente do STJD, Luís Otávio Veríssimo Teixeira, afirmou que "a suspensão preventiva não configura antecipação de pena, mas sim um instrumento cautelar adequado, proporcional e necessário à preservação da moralidade e da credibilidade da competição em que se desenvolveram os fatos".
Miguelito, do América-MG, foi denunciado pelo artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que "pune a prática de atos discriminatórios, desdenhosos ou ultrajantes relacionados a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência". A pena pode ser de suspensão de cinco a 10 partidas e multa de R$ 100 mil reais.
Além do atleta, o clube também foi enquadrado no mesmo artigo da CBJD. O Coelho pode ser punido com perda do mando de campo e perda de pontos na Série B, além da obrigação de implementar políticas preventivas eficazes contra o racismo.
Miguelito foi preso e depois liberado

Miguelito foi preso em flagrante na madrugada de segunda-feira (5) após prestar depoimento na delegacia de Ponta Grossa, no Paraná. O atleta foi acusado do crime previsto na Lei nº 7.716/89 e levado à 13ª Subdivisão Policial.
Após dormir na cela, o jogador recebeu liberdade provisória e responderá ao processo em liberdade. Conforme a legislação brasileira, a pena pode chegar a até cinco anos de reclusão. Caberá ao Ministério Público (MP-PR) avaliar se há elementos suficientes para oferecer denúncia, o que daria início a uma ação penal.
O caso ocorreu por volta dos 30 minutos do primeiro tempo, após uma falta a favor do time paranaense. Segundo relatos, Miguelito, do América-MG, teria proferido a expressão racista “preto do ***” contra Allano, do Operário. A denúncia foi confirmada pela vítima e pelo capitão da equipe paranaense, Jacy, que presenciou a ofensa.
Apesar de a fala não ter sido registrada na transmissão oficial, os depoimentos colhidos no local foram considerados suficientes para a lavratura do flagrante. O árbitro aplicou o protocolo antirracismo da CBF e interrompeu a partida por 15 minutos, além de registrada o caso na súmula.
A Polícia solicitou acesso a imagens de outros ângulos para complementar a investigação, que deverá ser concluída nos próximos dias.
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Posicionamento da Bolívia
"A Federação Boliviana de Futebol informa ao público que tomou conhecimento da situação legal enfrentada pelo nosso jogador da seleção nacional Miguel Terceros, atualmente no Brasil, devido a uma denúncia por supostos atos de racismo ocorridos durante uma partida válida pela Segunda Divisão do futebol brasileiro.
Desde a FBF, expressamos nosso apoio institucional ao jogador neste momento difícil, reafirmando nossa confiança no respeito ao devido processo legal, ao direito à defesa e à presunção de inocência, pilares fundamentais de todo sistema de justiça.
O Eng. Fernando Costa, presidente da Federação Boliviana de Futebol, entrou em contato com a família do jogador e com seu entorno para oferecer todo o apoio e acompanhamento necessários. Da mesma forma, manteve contato com o representante do atleta para coordenar as ações legais cabíveis e, nas próximas horas, estabelecerá comunicação com o Consulado Boliviano no Brasil e com as autoridades competentes da Confederação Brasileira de Futebol.
Como entidade máxima do futebol boliviano, reafirmamos nosso firme compromisso com a luta contra toda forma de discriminação, racismo ou violência, tanto dentro quanto fora dos campos de jogo, em consonância com os princípios promovidos pela CONMEBOL, pela FIFA e por nossa normativa interna.
Reiteramos nosso acompanhamento institucional ao jogador, na expectativa de que os fatos sejam esclarecidos conforme a lei".
Posicionamento do atacante Allano
"Venho, por meio desta nota, me manifestar sobre o episódio lamentável de injúria racial que sofri durante a partida entre Operário e América Mineiro, pelo Campeonato Brasileiro da Série B.
Infelizmente, mais uma vez, o racismo mostrou sua face cruel dentro de um espaço que deveria ser de celebração, respeito e igualdade. Ser ofendido pela cor da minha pele é algo doloroso, revoltante e, acima de tudo, inaceitável.
Não vou me calar. Não por mim apenas, mas por todos os que já passaram por isso e por aqueles que ainda lutam para que esse tipo de violência acabe de vez. O futebol, como a sociedade, precisa dizer basta ao racismo. Precisamos de justiça, responsabilidade e, sobretudo, empatia.
Agradeço ao Operário pelo apoio, aos meus companheiros de equipe, à minha família e a todos que têm se solidarizado comigo neste momento. A luta contra o racismo é de todos nós, e ela não vai parar enquanto houver injustiça.
Miguelito foi revelado nas categorias de base do Santos e é uma das principais apostas da Bolívia para os próximos anos. Com a camisa da Seleção Sul-americana, disputou 22 jogos e marcou seis gols. Ele é o vice artilheiro das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026".
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