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Futebol em ciclo: qual foi a tendência tática da Premier League em 2025?

Com entrevistas exclusivas, Lance! analisa a melhor liga nacional do mundo neste ano

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Rio de Janeiro (RJ)
Supervisionado porNathalia Gomes,
Dia 31/12/2025
16:44
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imagem cameraFutebol em ciclo: como foi a Premier League de 2025 taticamente? (Foto: Arte/Lance!)

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Na era da globalização e da internet, o esporte mais popular do mundo mantém o interesse de seus torcedores mais atentos porque nenhum detalhe passa despercebido. Não se trata de características pessoais dos atletas ou de aspectos culturais dos clubes, mas do que acontece, de fato, dentro das quatro linhas, na relação direta entre campo e bola.

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Em 2025, mais uma vez, o futebol viveu um ano marcante ao apresentar tendências táticas que, como a própria história do jogo demonstra, resgatam conceitos do passado, recolocam-nos em evidência e ditam novas regras dentro do movimento cíclico que define o xadrez sobre os gramados.

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Nesse sentido, vale destacar que a Premier League, a liga nacional mais rica do mundo, apresenta-se como um grande laboratório no qual essas transformações ganham visibilidade e impacto global, além de influenciar a forma como o esporte é praticado em outras competições.

Afinal, muito do que foi apresentado no futebol de clubes tende a ser reproduzido e espelhado, por exemplo, na Copa do Mundo. Por isso, o Lance! buscou detalhar alguns dos pontos mais relevantes que ganharam proporção nos estádios do futebol inglês ao longo deste ano.

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Na dúvida, chuta daí! 🦶

Desde temporadas anteriores, mas sobretudo desde o início da temporada 2025/26, a pauta tática ganhou um destaque especial na imprensa devido a mudanças de estilo observadas ao longo do ano. Na elite inglesa, nota-se que o jogo tornou-se mais rápido, com menor número de passes, transições mais verticais e novidades nos sistemas de pressão.

A pressão, que outrora tinha papel secundário, tornou-se possivelmente o aspecto do jogo que mais conquistou importância para os técnicos, que estruturam suas equipes a partir dos mecanismos de ação e reação: sair dela com a bola e construir situações de risco ao adversário sem ela. Trata-se de um futebol que, para muitos, perdeu parte do encanto por oferecer cada vez menos espaço para passes de mais de um toque, mas que, em contrapartida, recebeu intensidade e ritmo acelerado.

Como alternativa a essa característica, surge uma mudança curiosa: o ressurgimento da bola longa. Após anos marcados pela posse controlada, os clubes retornaram a uma abordagem mais direta e vertical. Dados da primeira metade da Premier League desta temporada já indicam um aumento significativo nos passes longos, transições mais rápidas e métricas de velocidade direta notavelmente mais altas. Uma espécie de kick and rush moderno, para o velho inglês ver.

Na temporada 2025/26, a média de passes por partida na liga caiu para menos de 860. O time com maior número de passes certos por jogo é o Manchester City, com média de 481 passes. A prioridade para o imponente Pep Guardiola continua sendo manter a paciência, mas em diversos momentos da temporada sua equipe criou oportunidades e conquistou vitórias explorando contra-ataques rápidos e lançamentos em profundidade para o cometa Erling Haaland.

Pep Guardiola comemora vitória do Manchester City na Premier League ao lado de Erling Haaland (Foto: Adrian Dennis/AFP)
Pep Guardiola comemora vitória do Manchester City na Premier League ao lado de Erling Haaland (Foto: Adrian Dennis/AFP)

Para Gustavo Fogaça, colunista do Lance! e analista tático, as equipes que ainda priorizam um estilo mais associativo de construção se adaptaram, quando necessário, a uma proposta mais vertical e "impactante". Ademais, a bola longa realmente voltou para ficar, em qualquer estádio, segundo o próprio.

A ideia de disputar uma segunda bola perto da área adversária parece ter sido uma tendência em 2025. Dois exemplos claros: o Flamengo de Filipe Luís, que, apesar de não parecer, gosta de construir nas bolas longas de Léo Ortiz e Léo Pereira; e a Premier League da Inglaterra, que, nesse último semestre, registrou o menor número médio de passes curtos por partida dos últimos 10 anos, mostrando uma tendência a um jogo mais vertical.


Guffo, sobre a bola longa no futebol em 2025

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"Bola no mato que o jogo é de campeonato" ⚽

Não apenas o lançamento se consolidou como alternativa para quebrar a pressão adversária, mas também tornou-se cada vez mais comum observar a bola percorrendo menos o campo e sendo passada por cima dos atletas. Isso ocorre porque a maior tendência tática da temporada é, sem dúvida, a importância das bolas paradas. Seja em escanteios ou cobranças de falta, nunca houve um estudo tão detalhado dessas situações, que se tornaram estratégias viáveis e acessíveis a diversas equipes, tanto de clubes com menor investimento quanto das potências nacionais.

Atualmente, é comum que as comissões contem com especialistas em jogadas de bola parada, profissionais qualificados e com relevância midiática. É o que explica Jack Lang, do portal "The Athletic", filiado ao "New York Times" e conhecido por sua abordagem analítica do futebol. Ao detalhar o sucesso desses preparadores, com destaque para o líder Arsenal de Nicolas Jover, que converte parte considerável de seus gols em cobranças de bola parada — principalmente em cabeçadas de grandalhões, como o brasileiro Gabriel Magalhães. Assista ao vídeo abaixo com a explicação em áudio do jornalista, em português, sobre esse novo fenômeno.

Vale destacar a mudança curiosa no Brentford, que precisou substituir Thomas Frank, técnico que deixou um legado significativo na equipe nos últimos anos. A resposição foi Keith Andrews, anunciado em junho de 2025, sendo promovido internamente de sua função como especialista em bolas paradas para treinador principal. Austin MacPhee, do Aston Villa, citado no áudio, é reconhecido por sua expertise em jogadas ensaiadas, sendo um dos mais célebres da Premier.

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Tendência anglo-brasileira 💪

Como antecipou Lang, o throw-in também demonstra que técnicas consideradas do passado ainda têm relevância. É o famoso "latereio", executado diretamente em direção à área adversária, com intenção de aproximar a bola do gol. Um exemplo citado foi Michael Kayode, lateral-direito de 21 anos dos Bees e especialista nesse tipo de jogada. Segundo a análise do jornalista, jogadores fortes fisicamente com essa capacidade tendem a se tornar cada vez mais valorizados no mercado da Premier League.

Esse é mais um exemplo do estereótipo presente no Brasil de "jogo feio", que, quando praticado em nível internacional, não recebe a mesma crítica. Quem não lembra da estratégia de chutar a bola no pontapé inicial para fora, usada por Memphis Depay pelo Corinthians neste ano, mas que, quando o PSG de Luis Enrique adotou, não houve a mesma repercussão negativa. O mesmo vale para o lançamento lateral direto e para a bola parada.

— O uso da bola parada sempre teve importância na Europa, tanto que há treinadores especializados apenas nisso em quase todos os grandes clubes. No Brasi, sempre tivemos uma relutância em aceitar essa importância, e só recentemente com a chegada de treinadores europeus ao país que começamos a incluir as jogadas de bola parada nos modelos de jogo — opina Fogaça.

Caça e caçador ⚔️

O tema da pressão no futebol, antes privilégio de poucos clubes, passou a ser adotado de forma ampla em 2025, impulsionado pela evolução física do jogo — possivelmente o aspecto que mais avançou em comparação com o técnico e o psicológico. Equipes que optam por recuar e esperar o adversário sofrem cada vez mais a redução do espaço e do tempo para conduzir a bola.

A abordagem defensiva atual exige que cada atleta assuma responsabilidades individuais sobre o adversário imediato, o que transforma o campo em uma sequência constante de confrontos diretos, como se fosse um "x1" espalhado. É possível aplicar essa marcação a partir de uma zona, mas as perseguições individuais são frequentes, em específico, na Premier League.

Por consequência, a evolução defensiva em 2025 provocou alterações estratégicas significativas na organização ofensiva. O retorno ao modelo que privilegia a saída com um meio-campista recuado entre os zagueiros, inspirado na construção popularizada pelo técnico argentino Ricardo La Volpe, tornou-se novamente uma ferramenta para superar a pressão e criar superioridade numérica no início da jogada.

Premier League: Ricardo La Volpe, técnico conhecido pela saída de bola armada com dois zagueiros e um volante recuado, gesticula à beira de campo (Foto: Acervo/Lance!)
Ricardo La Volpe, técnico conhecido pela saída de bola armada com dois zagueiros e um volante recuado, gesticula à beira de campo (Foto: Acervo/Lance!)

Logo, o esvaziamento do corredor central tornou-se uma tendência marcante: ao concentrar menos jogadores na faixa central, as equipes atraem a marcação adversária e criam trajetórias abertas pelas laterais e em profundidade. Não à toa, é comum ver o ponta posicionado na linha lateral ou o ala por ali como válvula de escape. O resultado é um futebol mais ágil, no qual a ocupação de espaços e a exploração da velocidade determinam a eficiência ofensiva.

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Padrão globalizado ou nova imprevisibilidade? 🧩

Todo esse contexto integra um mesmo ciclo: embora pareçam temas distintos e complexos, todos se manifestam diretamente em campo. Olhar para o passado permite compreender melhor o presente, especialmente nos cenários onde atuam os principais protagonistas do futebol mundial. Grandes clubes têm sido vitrines dessas novas tendências, mas o padrão observado se estende a quase todas as competições. Do Brasil à Inglaterra e à Copa do Mundo, 2025 representou um ano de transição, no qual o estilo que dominou a última década começou a ceder espaço a um jogo mais aberto entre duas equipes.

— Não creio que a Copa do Mundo de 2026 traga tendências novas. Provavelmente, veremos um reflexo do que foi o 2025 nos clubes: menos passes curtos, mais bolas longas. Pressão bloco médio e um jogo mais rápido e vertical — finalizou Guffo.

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