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Brasil x Haiti na Copa do Mundo: relembre o confronto que parou guerra

Seleções fizeram jogo histórico em 2004

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Pedro Brandão
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 06/12/2025
16:00
Atualizado há 1 minutos
Brasil x Haiti - Jogo da Paz - Ronaldinho Gaúcho
imagem camera Ronaldinho Gaúcho no Jogo da Paz entre Brasil e Haiti (Foto: Orlando Barria/EFE)

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O sorteio da Copa do Mundo de 2026 colocou o Brasil no Grupo C, ao lado de Marrocos, Escócia e Haiti, e reabriu um capítulo especial na história da Seleção. O reencontro com os haitianos, marcado para a segunda rodada, no dia 19 de junho, às 22h, na Filadélfia, traz de volta à memória um dos episódios mais emblemáticos do futebol brasileiro fora das quatro linhas: o Jogo da Paz de 2004. Mais de duas décadas depois daquela partida que paralisou uma guerra por 90 minutos, Brasil e Haiti voltam a se cruzar em um cenário completamente diferente, mas ainda profundamente marcado por questões sociais e políticas.

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Em 2004, o Haiti vivia um período de instabilidade extrema após a deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide e a instalação da missão de estabilização da ONU, liderada pelo Brasil. A proposta de levar a Seleção Brasileira ao país surgiu como uma forma de usar o futebol como instrumento de pacificação. A ideia rapidamente ganhou forma e, com aval da Fifa, a equipe comandada por Carlos Alberto Parreira viajou para Porto Príncipe para um amistoso que se tornaria símbolo de diplomacia esportiva.

A recepção no Haiti beirou o inacreditável. Por motivos de segurança, a delegação desembarcou apenas duas horas antes da partida e seguiu até o Estádio Sylvio Cator em veículos blindados da ONU. O trajeto virou uma cena histórica: milhares de haitianos se espremiam em ruas, árvores, telhados e postes apenas para ver Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos e companhia passarem. Os jogadores eram tratados como chefes de Estado, e até militares brasileiros aproveitaram para registrar o momento. O futebol brasileiro, ali, assumia um papel que ia muito além do esporte.

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Show de Ronaldinho Gaúcho

Dentro de campo, a Seleção fez o que se esperava e venceu por 6 a 0, com três gols de Ronaldinho, dois de Roger e um de Nilmar. Mas o placar foi apenas um detalhe. Cada gol era comemorado pelos haitianos como se fosse do próprio país, numa demonstração de afeto que comoveu os jogadores. Ronaldinho anotou um dos lances mais marcantes da carreira ao driblar cinco adversários antes de empurrar para o gol vazio, e a festa no estádio confirmou que aquele jogo era, antes de tudo, um gesto de esperança em meio à violência que dominava a capital haitiana. Ao final, Parreira resumiu o sentimento ao dizer que aquela havia sido uma das experiências mais emocionantes de toda sua vida no futebol.

Brasil x Haiti na Copa do Mundo de 2026

Agora, em 2026, o reencontro entre Brasil e Haiti acontece em um país que volta a conviver com enorme instabilidade. O Haiti retorna a uma Copa do Mundo após 52 anos, mas em um contexto dramático. O técnico Sébastien Migné, francês que comanda a seleção há 20 meses, jamais conseguiu pisar no país devido ao domínio crescente de gangues sobre Porto Príncipe e não há voos internacionais operando para a capital. Todas as partidas como mandante foram disputadas em Curaçao e, pela insegurança, o treinador só pôde convocar atletas que atuam fora do Haiti. Mesmo assim, o time conseguiu uma classificação histórica ao superar Costa Rica e Honduras nas Eliminatórias da Concacaf.

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O futebol haitiano chega ao Mundial com nomes conhecidos internacionalmente, como o atacante Duckens Nazon, principal artilheiro da equipe, e o meio-campista Jean-Ricner Bellegarde, do Wolverhampton. Ainda assim, a seleção é tratada como uma das mais frágeis da competição, especialmente em um grupo que inclui o Brasil. A simples classificação, porém, já se tornou motivo de alívio e celebração para um povo que enfrenta uma das piores crises humanitárias de sua história moderna.

Brasil e Haiti dividem agora o mesmo grupo, mas carregam histórias muito distintas que se cruzaram de forma marcante há mais de 20 anos. A Copa do Mundo dará apenas um novo capítulo a uma relação marcada por emoção, política, insegurança, diplomacia e, acima de tudo, pela capacidade do futebol de atravessar fronteiras e transformar realidades, ainda que por instantes.

Brasil x Haiti - Jogo da Paz - Ronaldinho Gaúcho
Brasil x Haiti - Jogo da Paz - Ronaldinho Gaúcho (Foto: Orlando Barria/EFE)
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