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Lauter no Lance!: Basquete, esporte que já nos deu glórias, hoje jaz na memória

Basquete perde qualidade, brilho e público

Seleção Brasileira é convocada para a AmeriCup (Foto: Divulgação / CBB)
imagem cameraBasquete já deu glórias para o Brasil no passado (Foto: Divulgação / CBB)
Autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, esse texto não reflete necessariamente a opinião do Lance!
Dia 28/10/2025
18:00
Atualizado há 4 minutos

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Que esporte é este que, desde 1936, em Berlim, quando estreou em Olimpíadas, caiu nas graças do público, só perdendo em popularidade entre os esportes coletivos para o futebol, mas nas últimas décadas, a partir da virada do Milênio, em Sidnei 2000, foi perdendo o brilho, a qualidade e o público?

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Este mesmo esporte já nos gerou títulos e medalhas olímpicas, e era também em nosso país, a segunda paixão esportiva.

Vamos aos números, eles nunca nos deixam mentir ou fantasiar realidades históricas. Este esporte nos deu:

- 4 títulos mundiais (quase igual ao futebol), três vezes no masculino e uma, no feminino.

- 5 medalhas olímpicas, três no masculino e duas no feminino

- Venceu 12 vezes os Jogos Panamericanos. Sete no masculino e 5 no feminino. E, a vitória nos Jogos Panamericanos de 1987, em Indianápolis (EUA), foi conquistada, heroicamente, sobre a equipe da casa, os criadores do Basquete, aliás, inventado numa cidade vizinha a Indianápolis. Esta foi a PRIMEIRA derrota americana, no basquete, em solo pátrio! Num dia 23 de agosto de 87, o centro-leste dos Estados Unidos se calou, para ver, ouvir e dar passagem, como diria Chico Buarque, a um time verde e amarelo, que esfacelou a primeira tentativa de nascimento do Dream Team, com grandes nomes e promessas da NBA. Os mais de 16 mil aficionados que foram ao Market Square Arena, para ver o time dos sonhos, acabaram assistindo um "pesadelo", protagonizado por Oscar, Marcel, Guerrinha, Israel e, o já falecido pivô titular, Gerson, entre outros, diante uma incrédula e estonteada nação. Não só os certeiros arremessos do Mão Santa, Oscar, e os dribles desconcertantes e arremessos de 3 pontos em sequência de Marcel foram fundamentais naquela tarde-noite, mas, principalmente, o fundamento que os americanos mais nos criticavam, a defesa, foi fundamental. No ataque éramos 5 virtuosos, mas na defesa, nos multiplicávamos em dezenas de espartanos operários do garrafão, inexpugnáveis!

Também em Jogos Panamericanos, foi forjado o time campeão mundial de 1994. Um time que tinha Paula, Hortência, Janeth, Alessandra, Leila e Helen, e assombrou as quadras do mundo por quase duas décadas, deixando um legado vivo, mesmo com a aposentadoria de nossas principais jogadoras.

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Flamengo contra Pato Basquete no torneio de abertura do NBB (Foto: João Pires/LNB)
Basquete vem sendo um esporte com queda de popularidade (Foto: João Pires/LNB)

Bem, agora que vocês, 10 ou onze, resilientes (detesto esta palavra, acho que não tenho resiliência bastante para usá-la) leitores, já sabem de que esporte falamos, precisamos conversar sobre ele, o basquete mundial e olímpico:

O basquete olímpico, que no espaço de 15 anos, saiu de sucesso de bilheteria e seguidores fanáticos, que conheceram a paixão, gerada em grandes finais, onde o ouro era decidido no último segundo da segunda prorrogação, ou numa final onde os dois polos da Guerra Fria se digladiavam até o último suspiro, sem uma vítima fatal sequer. Ou o surgimento irretocável de uma seleção sul-americana que, "do nada", levava para casa, o segundo ouro mais desejado dos esportes olímpicos coletivos, ao quase ostracismo olímpico, perdendo poder e brilho, a cada edição olímpica.

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Num certo momento em que alguns comitês olímpicos de algumas potências olímpicas resolveram realocar orçamento para preparação do bom e velho basquete, para alguma outra modalidade, que gerasse um número maior de ouros, do que os dois (masculino e feminino) disputados no jogo das cestas! Assim fez a Grã-Bretanha, abrindo mão totalmente de ter uma equipe olímpica de basquete, realocando seu orçamento, para reforçar o ciclismo, a canoagem/remo e o Triathlon, levando o país a um top 5 confortável, no quadro geral de medalhas. Este exemplo bem-sucedido, foi copiado por alguns países que frequentavam o meio do quadro de medalhas e começaram a migrar seus orçamentos e atenções a esportes com grande distribuição de medalhas.

Hoje, felizmente, começa a despontar uma renovada atenção ao basquete, no mundo universitário e em torneios internacionais clubísticos. E também com a chegada do basquete 3x3, que gerou um aumento de 100% do número de medalhas para este esporte, valorizando um pouco mais a modalidade. Trazendo o antigo "glamour" das grandes e épicas finais olímpicas de outrora.

Basquete foi esporte brasileiro que esteve entre os grandes do mundo

E o basquete brasileiro que, durante décadas, esteve entre os grandes do mundo, como anda?

O basquete brasileiro se valia de torneios regionais fortíssimos, nas grandes cidades. Rio, São Paulo e Minas, aproveitando da paixão futebolística tupiniquim, e com clubes como Fluminense, Flamengo, Vasco e Botafogo, no Rio. Corinthians, Palmeiras, em São Paulo, acrescidos de alguns gigantes clubes sociais, como Sírio Libanês e Pinheiros, em SP, Tijuca e Grajaú Tênis Clube. Estes clubes costumavam levar verdadeiras multidões aos ginásios, onde se jogava um basquete de boa qualidade, gerando uma forte base para seleções nacionais. Daí vieram os títulos mundiais, medalhas olímpicas e domínio continental, por décadas. Mas, com o tempo, federações e confederação do esporte, praticavam gestões temerosas e de pouca qualidade técnica. Com o passar dos anos, houve, um empobrecimento crônico do esporte, que gerou uma decadência competitiva internacional. Em várias edições olímpicas, o basquete masculino brasileiro não conseguiu sequer classificação para disputa de Jogos Olímpicos e Mundiais. O feminino, ainda se manteve, pouco, competitivo, ainda por conta do legado deixado pelo time campeão mundial de 1994.

Hoje, podemos notar uma melhora substancial dentro do cenário, tanto nacional, quanto internacional. Por exemplo, a seleção masculina, que terminou em 8º lugar nos Jogos de Paris, está em processo de renovação e preparação para Los Angeles 2028, mas terá que lutar pela sua classificação nas próximas competições internacionais. E a recente vitória na AmeriCup, este ano, nos gera um certo otimismo em relação a nossa presença em Los Angeles 2028.

Já o feminino, que não conseguiu se classificar para Paris, terá sérias dificuldades para ir à Los Angeles também. E o que ouvimos em conversas com o povo que vive no basquete, é que continuamos enterrados numa crise de gestão, que acaba contaminando o aspecto técnico e competitivo.

E, com medo de me tornar repetitivo, do meu canto, digo baixinho: é, já fomos bons nisso, também!

Saudades de Marquinhos, Luizinho, Sérgio Macarrão, Alberto Bial, Oscar, Hélio e Helinho Rubens, Marcel, Guerrinha, Carioquinha, Ubiratan…

Lauter Cestinha Nogueira

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