Gestão Esportiva na Prática: 2025 está chegando ao fim. Quem não entendeu, já está atrasado para 2026
Chegamos na era da margem mínima de erros

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O Campeonato Brasileiro terminou dia 07 de dezembro. Mais do que quem foi campeão ou quem caiu, o que me saltou aos olhos foi a fotografia cruel dos 16 clubes que terminaram entre o terceiro e o décimo oitavo lugares. O futebol brasileiro entrou definitivamente na era da margem mínima de erro. Hoje, a distância entre disputar uma competição continental e ser rebaixado se mede em decisões microscópicas, imperceptíveis a olho nu.
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A ilusão do controle
Um exemplo didático desta temporada talvez venha do estado do Ceará. O Vozão passou praticamente todas as rodadas fora da zona de rebaixamento e caiu na última. Não, não foi acaso. Foi a soma de pontos desperdiçados, jogos controlados que escaparam e escolhas que custaram caro. O futebol não pune só a incompetência. Ele pune também a ilusão de controle.

A reação que não apaga o passado
Do outro lado está o Fortaleza. Fez uma segunda metade de campeonato impressionante, reacendeu estádio, torcida e discurso. Ainda assim, caiu. Porque o futebol não zera a conta emocional. Ele cobra o saldo final.
Um livro que é reescrito todo ano
E é aqui que entra a minha provocação. O futebol é um livro de 365 páginas. Sempre com o mesmo enredo e os mesmos personagens. O que muda são os atores. Em todo ano há uma revelação, uma decepção, um gigante que tropeça, um pequeno que surpreende, um injustiçado, uma fava contada. A ilusão é achar que essas obviedades nos autorizam a errar. O sistema é previsível. A incompetência, não.
A anestesia da zona cinzenta
Esses dois casos escancaram uma realidade incômoda. Não existe mais zona de conforto na tabela. A faixa intermediária anestesia. Nem cai, nem chega. O problema é que hoje quem apenas se mantém está parado. A inércia é o primeiro passo do retrocesso.
Gestão analógica em futebol digital
Ainda há gestores pensando como se estivéssemos em 2005. Planejamento curto, orçamento aspiracional, elenco montado em sobras de mercado. O que antes era risco, hoje é suicídio competitivo. Detalhe não é azar. Detalhe é processo mal desenhado, governança frouxa e vaidade interferindo na técnica.
O calendário que muda tudo
Agora vem o segundo choque. A temporada de 2026 começará sob uma lógica inédita. Estaduais com no máximo 11 datas e o Brasileiro começando no primeiro trimestre. Em tese, evolução. Na prática, para muitos clubes, um teste de sobrevivência.
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Menos jogos no estadual significam menos bilheteria, menos vitrine, menos ativação comercial e menos margem de correção. Quem erra cedo, paga caro. Para clubes fora da elite financeira, isso pode significar eliminação precoce, colapso de orçamento e instabilidade técnica já no primeiro semestre.
Quando o tempo vira adversário
O Brasileiro começando mais cedo também muda tudo. Janela comprimida, pré-temporada encurtada, elenco sendo ajustado com competição valendo. Erro agora custa ponto. E ponto custa divisão.
O torcedor não interpreta, ele reage
Alguns dirigentes ainda se enganam dizendo que "o torcedor entende". Não entende. Torcedor reage a desempenho. Se cai cedo no estadual, começa mal o Brasileiro e perde clássicos, o engajamento despenca. E sem engajamento, não há patrocínio que se sustente nem projeto que sobreviva.
O fim do improviso como estratégia
O que estamos vivendo não é só uma mudança de calendário. É uma mudança estrutural de lógica. O futebol brasileiro está sendo empurrado para trabalhar com eficiência, não mais com volume. Com método, não com improviso.
E aqui está a verdade que poucos gostam de encarar. Rebaixamento não é acidente. É consequência. Consequência de decisões empilhadas, diagnósticos mal feitos e de uma cultura que ainda resiste à profissionalização plena.
O campeonato acabou domingo. Mas o jogo real de 2026 já começou. E ele não vai perdoar quem insistir em jogar com as regras do passado.
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Felipe Ximenes escreve sua coluna no Lance! todas as quartas-feiras. Confira outras postagens do colunista:
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