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Lauter no Lance!: nova ordem do atletismo, diversidade pede passagem

Um sucesso com sabor de alerta

Caio Bonfim campeão da marcha atlética no Mundial de Atletismo no Japão (Foto: Jewel Samad/ AFP)
imagem cameraCaio Bonfim campeão da marcha atlética no Mundial de Atletismo no Japão (Foto: Jewel Samad/ AFP)
Autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, esse texto não reflete necessariamente a opinião do Lance!
Dia 26/09/2025
18:10
Atualizado há 0 minutos

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O Brasil comemorou em Tóquio sua melhor participação na história dos Mundiais de Atletismo, um resultado que, pelo quadro de medalhas, enche o país de orgulho. No entanto, uma análise mais crítica e aprofundada, que vai além do brilho dos pódios, revela uma realidade complexa e preocupante.

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Como fomos no Mundial de Tóquio?

Olhando para o quintal de casa, podemos sim, nos orgulhar com a melhor participação em Mundiais, baseado no quadro de medalhas. Mas existe uma incômoda leitura, mais técnica e compatível com a realidade prática do esporte: simplesmente o número de finais alcançadas pelos nossos atletas. Sim, levamos uma numerosa delegação, que se equilibrava bem entre asfalto, pista e campo (provas que não usem pista ou asfalto).

Com uma ressalva, nas provas de “asfalto” não existem eliminatórias e finais. Portanto, justamente no setor onde fomos melhores, não pudemos contar como “finais”. Mesmo com esta distorção, é pública e notória a dificuldade em colocarmos nossos atletas em finais, em pista e campo. O Brasil ficou distante da expectativa criada. Foi notória a nossa imaturidade técnica e emocional na luta para chegarmos às finais. Faltou, mais uma vez, “endurecimento”, faltou mais experiências internacionais de médio e pequeno porte, dentro da temporada. Nossos velocistas naufragaram dolorosamente. E nossos atletas, de campo e pista, mais uma vez , ficaram distantes de suas melhores marcas na temporada.

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Muito se reclamou da escolha da data do Mundial, até os comentaristas se aproveitaram dela como desculpa tosca. Data e local onde aconteceria esta Mundial, já estavam escolhidos há mais de 3 anos (julho de 2022) !! Treinadores e fisiologistas, puderam fazer seus planejamentos, com longa antecedência. E a data ajudava muito para que atletas menos experientes, pudessem treinar e viajar para mais competições, antes de embarcarem para Tóquio. Nosso atletismo, exceto a marcha atlética, falhou, e tenta disfarçar o sorriso amarelo, usando o resultado do esforço pontual de “nichos” de excelência, onde se pratica com seriedade e paixão, a laureada marcha atlética brasileira!

E o mundo, como se portou neste Mundial?

O mundo do atletismo, numa tendencia das últimas edições, coroou a diversidade, mantendo a hegemonia americana, com chuva de medalhas em todos os setores, e marcando presença até no asfalto, com duas atletas no Top 10 da maratona.

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O segundo país com mais medalhas, foi o Quênia, que se mantém no Top 5 desde o Mundial de 2007, em Osaka. Apesar de, maciçamente, suas medalhas virem das pistas, o Quênia lutou por medalhas do revezamento 4x400 até a maratona, passando pelo meio fundo (800 e 1500), flertando com as barreiras (400 c/ barreiras e 3mil c/ obstáculos) e se sentindo em casa nas provas de fundo (5 mil e 10 mil) e na maratona. Sem falarmos do longevo, Julius Yego, no dardo, mais uma vez finalista, e que já traz uma prata olímpica. Mais diversidade do que isso, só as grandes potências multiesportivas.

E os países com perfil de futuras potências esportivas, exemplo clássico de Canadá, Espanha e Holanda, chegando ao Top 5, desbancando velhas ex-futuras, como Jamaica, que começa a praticar a diversidade fortemente e terá em breve, fôlego para voltar ao topo. E surpreendentemente, Inglaterra, Itália e França, talvez sofrendo com uma ressaca olímpica caseira, que deixaram momentaneamente o top 10, como a envelhecida Alemanha, que já começou o processo de rejuvenescimento de seu time, fazendo bonito no último Europeu sub18 e sub20.

Os países que tiveram melhor performance técnica (melhora de performance, comparada com as últimas 4 edições) neste Mundial de Atletismo foram:

1º - Holanda - Pelo equilíbrio entre pista e campo
2º - Espanha – Voltando a desenvolver projetos sólidos e vitoriosos
3º - Botswana – Pela forma assertiva que competiu. Tinha 3 chances de ouro, conquistou dois.
4º - Nova Zelândia – Que equilibrou a boa fase no campo (salto em altura e lançamento do martelo), e pista (trazendo de volta a tradição do meio fundo e fundo, para faturar o ouro nos 3mil c/ obstáculos)
5º - Brasil – Em termos de medalhas! Pois havia a chance de 3 medalhas, e conquistou 3, sendo um ouro e duas pratas.

Miramos no que víamos, acertamos o que não víamos! Graças à dois heróis, quase, solitários. Alison Piu, travando mais um duelo titânico numa final dramática, onde pairou, por um bom tempo, a dúvida da cor de sua medalha. O fato é que Piu sai engrandecido deste mundial, onde além de aumentar sua coleção de medalhas, mostra ao mundo suas garras, apontadas para Los Angeles!

E Caio Bonfim, este gigante marchador, que faz das pernas coração, um coração do tamanho do planalto central. Acenou para seus adversários, que a marcha para Los Angeles começou, e ele largou na frente!
Que Tóquio seja um GPS de alta eficiência e precisão para a direcionar jornada até 2028. Lembrando que o Mundial de 2027, em Pequim, no saudoso Ninho do Pássaro, será a próxima checagem de rota para Los Angeles, que venham muitas finais com participação positiva de nossos atletas. E que seja um evento tão grandioso quanto Tóquio 2025.

Caio Bonfim com a medalha de ouro da Marcha Atlética no Mundial de Atletismo (Foto: Jewel SAMAD / AFP)
Caio Bonfim com a medalha de ouro da Marcha Atlética no Mundial de Atletismo (Foto: Jewel SAMAD / AFP)
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