Lauter no Lance!: Atletas em mutação, uma nova geração de triatletas pede passagem!
Triathlon voltará ao seu berço na Olimpíada de Los Angeles

- Matéria
- Mais Notícias
Esporte nascido nos arredores de Los Angeles, o triathlon, este esporte olímpico novato, que estreou em Sidnei 2000, inclusive abrindo as Olimpíadas, por conta da importância e protagonismo deste esporte na Austrália e Nova Zelândia, volta ao seu berço, em LA 28, sendo novamente a prova de abertura, dos Jogos de 2028. É tido como o esporte da mutação, onde um atleta se desdobra durante a prova (nadando 1500 metros, pedalando 40 quilômetros, e só aí parte para a corrida final, de 10km, nadando como um nadador, pedalando tão forte quanto um ciclista e correndo tão rápido como um corredor de fundo, num desafio aos limites da fadiga e da dor, seus velhos companheiros).
Relacionadas
Dizem que é um esporte tão difícil e tão desafiador, e a longevidade de seus atletas é tão fugaz, que se criou um "protocolo", onde, depois de sofrer horrores por 7 a 9 anos, ele resolve "se aposentar", abraçando a modalidade IRONMAN, onde tem que percorrer distâncias mais de 4 vezes maiores do que as olímpicas. E muitos, em sua hercúlea aposentadoria, se tornam grandes vencedores e recordistas do Ironman. Sísifo morreria de inveja destes seres mutantes!

Quanto às mulheres, parece que existe uma maior longevidade das atletas olímpicas, que duram mais, antes de migrarem para o Ironman. Estudiosos dizem que elas não lidam com cargas tão altas de intensidade, e competem em, um pouco, menor intensidade.
➡️Lauter no Lance! Leia todas as colunas
Entenda-se intensidade como o quão próximo elas suportam flertar com o temido e idolatrado VO2Max (captação máxima de O2), ou o quão próximo da intensidade máxima elas competem! Por isso, duram um pouco mais (8 a 11 anos) entre as 10 melhores do mundo.
Brasil tem nome de destaque no triathlon mundial
Por falar em gerações, a atual que comanda os 10 melhores do mundo, no masculino, os nascidos entre 1998 e 2003, estão botando pra quebrar. Entre eles, orgulho pátrio, está o nosso jovem, nascido em 2000, Miguel Hidalgo, que se tornou neste fim de semana, Vice-campeão Mundial, na última de 8 etapas, na Austrália. Sim, temos um gigante do triathlon entre nós, que das 7 etapas que participou este ano, foi Top 4 em 6, inclusive vencendo uma das etapas, todas dificílimas, disputadas pelo que há de melhor em termos de triathlon, no mundo. Foi tão intensa esta temporada, que gerou o "ritual de passagem" dos Gigantes Noruegueses, definitivo, para o Ironman. A molecada está andando muito forte. Sendo comum, nas corridas de 10km que fecham cada prova de triathlon, alguns destes jovens alucinados, correrem na casa dos 28 minutos, e vários na dos 29! Na última prova, a grande final, o jovem furioso espanhol Del Campo, foi o único a correr para 28 minutos, mas 8, incluindo nosso Hidalgo, correram nos 29! E olhe que foi uma prova com alto grau de competitividade e desgaste no ciclismo, mas a molecada quando fez a mutação final (vulgo T2: sair do ciclismo para a corrida), deixaram, além da bike, todo o cansaço e dor, na transição.
E partiram para uma prova alucinante. Miguel Hidalgo, que, exímio nadador que é, não encaixou bem na água e saiu atrás do primeiro pelotão, composto de todos seus principais adversários, e teve que fazer um ciclismo desgastante, para tentar se aproximar de um pelotão que fez de tudo para que isto não acontecesse, pois sabem o nível de sua corrida. E assim, correndo em casa, o grande nome do triathlon este ano, o australiano Matthew Hauser, vence mais uma, e sagra-se Campeão Mundial de triathlon.
Miguel, numa corrida forte (29:14, a segunda melhor do dia) consegue fechar em 4º lugar, apesar de uma natação sofrível. E foi o suficiente para que Miguelzinho conquistasse o vice-campeonato mundial, E, de quebra, colocar-se entre os 4 ou 5 atletas, todos da geração 1998/2003, como os reais postulantes ao ouro olímpico. Deste grupinho sairão as três medalhas olímpicas de LA 2028, no triathlon.
Pois é, depois de rodar mundo, ao longo destes 28 anos, desde sua estreia olímpica, o triathlon volta pra casa! Afinal, foi ali, entre a distante praia de Santa Mônica e adjacências, e as ensolaradas e frias de San Diego, que este esporte apaixonante nasceu, nos idos de 1976/77. E volta para inaugurar os Jogos de Los Angeles, que, apesar de toda a preocupação e confusões vindas lá daquela Casa Branca, temos certeza que acontecerá, e, quem sabe, não será a primeira medalha do Brasil nos Jogos Olímpicos de 2028. Sob os olhares dos grandes pioneiros, Dave Scott, Mark Allen, Scott Tinley, Scott Molina, Julie Moss e muitos mais, a nova geração de triatletas pedirá licença aos velhos mestres, e dará um show (afinal Hollywood é logo ali) digno de uma abertura olímpica. E entre eles, um moleque, nascido exatamente no ano em que seu esporte, o triathlon, estreou como esporte olímpico, tem todos os predicados para ser um dos protagonistas de uma disputa inesquecível.
Enfim, o triathlon está de volta à sua casa, 50 anos depois!
Lauter Nogueira (testemunha ocular dessa história.)
Lauter no Lance! Leia mais colunas:
Lauter Nogueira escreve sua coluna no Lance! todas as terças e sextas. Confira outras postagens do colunista:
➡️Assim caminha (e nada, e corre e pedala) a humanidade!
➡️Grazie, Carlo!
➡️Novo calendário veio para salvar o futebol brasileiro?
➡️Pra não dizer que não falei de guerras…
➡️Fatos, resultados e histórias num Mundial inesquecível. Adeus, Tóquio!
➡️Nova ordem do atletismo, diversidade pede passagem
Tudo sobre
- Matéria
- Mais Notícias