Paulo Autuori, sobre estilo de jogo do Botafogo: ‘Importante não renunciar aquilo que queremos’

Treinador comenta sobre relação com Valdir Espinosa e garante que cobrará empenho táticos dos jogadores independente da qualidade de equipe adversária

Paulo Autuori - Botafogo
Paulo Autuori é o treinador do Botafogo (Foto: Vitor Silva/Botafogo)

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Paulo Autuori ainda guarda lembranças de Valdir Espinosa. O treinador do Botafogo concedeu entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira, no Estádio Nilton Santos, e relembrou alguns dos momentos que passou com o ex-gerente técnico, falecido na última quinta-feira por complicações pós-operatórias. O comandante afirmou que deseja um título na memória do companheiro.

- Ontem no velório eu disse e agora vou repetir: a grande lição que o Espinosa deu no mundo do futebol foi que é possível ganhar com dignidade e caráter. Foi um vitorioso do futebol e da vida. Isso é muito mais do que apenas ganhar títulos. Temos uma responsabilidade grande, na apresentação dele ele disse que queria ver o placar do Maracanã com Botafogo campeão, essa é uma luta de todos nós nesse grande clube. As dificuldades são sempre possíveis de ser superadas, infelizmente nós perdemos essa grande figura - afirmou.

Nas questões envolvendo campo e bola, dois estrangeiros dominam os noticiários do Botafogo nas últimas semanas: Keisuke Honda e Gabriel Cortez. Paulo Autuori afirmou que já esperava não contar com o japonês pela questão burocrática do país. Em relação ao equatoriano, o comandante afirmou que o meio-campista deve receber uma chance.

- A situação do Honda é normal. Vivi no Japão e sei das dificuldades do visto de trabalho, quando nós vamos para lá também é um processo complexo. Sabíamos que dificilmente contaríamos com ele. Cortez está em condições, contamos com ele, é uma opção bem viável, vamos aproveitar o dia de hoje e o de amanhã, vamos fazer alguns ajustes. A equipe que vai iniciar que não vai ser tão diferente quanto a do Náutico - revelou.

Depois da classificação contra o Náutico, na segunda fase da Copa do Brasil, o Botafogo teve sete dias de treinamento. Paulo Autuori afirmou que ainda não teve tempo hábil para colocar seus conceitos táticos para os jogadores, mas que busca passar confiança para o elenco.

- Minha visão é completamente sistêmica... Treinar só finalização não adianta, a finalização depende de vários fatores. Dificilmente o jogador vai ter condições de chutar em um jogo do jeito que ele chuta em um treino. São vários fatores. Além disto, tem a parte emocional. Alguns jogadores sentem mais que os ouros. O que eu falo é para os jogadores é terem coragem, tomarem riscos. O Botafogo tem uma história extraordinária e todos passam por momentos difíceis. É hora de acabar com isso. Temos que parar de falar das coisas pequenas - ressaltou.

Depois de não conseguir a classificação para as semifinais da Taça Guanabara, o Botafogo inicia a trajetória no segundo turno do Campeonato Carioca diante do Boavista, no próximo domingo, às 19h, no Estádio Nilton Santos. Independentemente do resultado, Paulo Autuori possui um desejo: que os jogadores exerceram o estilo de jogo.

- Nós vamos passo a passo tentar construir uma ideia de jogo. Tem partidas que vão aparecer com mais evidência e outros nem tanto. O que não vou admitir é que nós renunciamos nossa ideia de jogo contra qualquer adversário, seja mais forte ou mais fraco. Não admito deixar de fazer aquilo que temos que fazer. Complicado todos os jogos são. O importante é não renunciar nunca aquilo que nós queremos - ponderou.

MAIS ASPAS DE PAULO AUTUORI:

Keisuke Honda
- Tenho conversado bastante com ele e a ideia é absorver o mais rápido possível os conceitos táticos, o que não é difícil. Ele vai ser importante, ele trabalha com conceitos táticos da Europa, que vão ser importantes, facilita o trabalho de qualquer treinador. A ideia de fazer alguns jogos-treinos é dar minutos em uma ideia mais real de jogos, mas a cultura do japonês, a disciplina, de estar na melhor condição possível, ele vai estar em condição de estrear assim que tudo administrativo esteja regularizado, espero que no jogo contra o Flamengo.

Morte de Valdir Espinosa
- Foram muitas coisas em pouquíssimo tempo, isso é uma delas. Eu curti muito estar com o Espinosa, assim como curti estar com o Abel. Envolve o caráter, a gente sabe quem são as pessoas. Curti muito esse momento, infelizmente não vai ser mais possível, mas tenho dentro de mim um compromisso muito grande com a instituição com ele e só posso contribuir com muito trabalho.

Conceitos táticos
- Seria muita pretensão da minha pessoa eu falar que os jogadores conseguiram pegar de forma sólida os conceitos e dar continuidade ao trabalho de Valentim. Toda hora existem quebras de processo e isso atrapalha. Peguei o que estava dando certo e dei continuidade. O tempo não ajuda muito. Vamos tentar apresentar algumas coisas.

Onde Honda pode jogar
- Lógico que o Honda teve uma passagem excelente por Europa e cresceu em termos táticos e estratégicos. É um jogador que joga para frente, isso vai ser claro de maneira simples e objetiva. Os próprios jogadores comentam. Vai ajudar muito no objetivo de jogar com os olhos postos no gol adversário.

Carli e Cícero
- Podem parar falar de Carli e Cícero sair. Se amanhã tiver que acontecer alguma coisa, acontecerá. Eles estão no grupo e ponto final.

Elenco inchado e chegada de reforços
- O calendário brasileiro faz com que as equipes inchem os seus grupos de trabalho. Números de jogadores alto pro causa de lesões e suspensões, e você começa a jogar jogadores a rodo. Dificulta o treino e alguns atletas ficam sem a oportunidade necessária. Minha cabeça vai muito além disso. Há um desperdício enorme no futebol brasileiro com jogadores até 21 anos, se eles fazem três jogos ruins a direção já encosta e a torcida já vaia, mas daqui a pouco ele está jogando bem na Europa. Para trabalhar bem com isso é acabar com o sub-20, criar sub-19 e sub-21, porque até 21 anos o jogador está em desenvolvimento. É para um atleta desse disputar o campeonato de Aspirantes, aí você não incha a equipe principal. Quando acontecer alguma situação emergencial, você tem que olhar para algum jogador que é seu para te ajudar. É planejamento, mas ainda estamos longe dessa realidade. O clube quer entrar nesse caminho e estamos falando bastante. Vamos construir as coisas em conjunto.

Yaya Touré
- Esse assunto está com a direção. Só vou falar de jogadores quando se tornar realidade.

Coronavírus
- O futebol é vida, não podemos fechar os olhos. Não pode pensar que isso é coisa simples. É uma situação que está aí, a Itália é o país europeu mais afetado, é impossível fazer um controle rígido e nós temos que estar atentos, é algo que preocupa realmente. Não só isso, o sarampo também, uma série de situações.

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