Filipe Luís aponta estratégia para vencer o Bayern: ‘Temos que ser Flamengo’
Equipes duelam pelas oitavas de final do Mundial de Clubes neste domingo (29)

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MIAMI (EUA) – Técnico do Flamengo, Filipe Luís não pretende abrir mão do estilo de jogo da equipe no duelo com o Bayern de Munique, pelas oitavas de final do Mundial de Clubes. Em entrevista coletiva neste sábado (28), véspera da partida, o treinador discordou em partes de fala de Bruno Henrique, que afirmara que atacar com velocidade seria ideal contra os alemães, e disse que ter a bola será fundamental para o Rubro-Negro.
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— Entendo o que o Bruno falou (sobre a importância da velocidade), entendo a tua pergunta, mas a forma que a equipe vai jogar depende muito da forma que o adversário nos vai defender. O Bayern a gente já sabe muito da pressão esmagadora que eles tentam fazer no campo, uma pressão muitas das vezes até individualizada, perseguições no campo e um time muito bem organizado dentro dessa pressão homem a homem, na qual é difícil — analisou Filipe.
— Quando, muitas vezes, a gente vê um time marcando de uma maneira individual, a gente vê uma desorganização porque se perdem muito as posições, mas no caso do Bayern é um time extremamente organizado, com a pressão alta muito, muito claro os gatilhos que eles têm para pressionar. Então, eu acredito que sim, precisamos de velocidade, mas também precisamos ter a bola, então não podemos só achar que nós vamos jogar nas costas dos zagueiros e vamos ganhar na velocidade, porque não funciona assim. Os zagueiros do Bayern de Munique estão no Bayern de Munique porque sabem controlar a profundidade, sabem defender esse tipo de jogada. Por isso, eu falo que nós temos que ser o Flamengo. Às vezes a jogada vai pedir velocidade, outras não — completou.
Questionado como preparar o time para situações em que não consiga ter a bola, Filipe Luís destrinchou situações de pressão e afirmou repassar as análises aos jogadores.
— Eu sempre tento dar soluções para os jogadores em função de como o adversário pressiona a nossa equipe. Existem adversários que pressionam com um atacante, outros que pressionam com dois, outros que não pressionam. Então eu sempre tento criar essas soluções. O Bayern é uma das pressões mais agressivas, mais fortes individuais. Então nós vamos depender muito também da nossa qualidade individual dos jogadores, de tirar o adversário da frente por uma vantagem qualitativa que ele possa ter dentro do campo — explicou o técnico do Flamengo.
— Existem alguns recursos ou mecanismos para tentar sair dessa pressão, porque se realmente eles individualizarem como eles vêm fazendo durante a temporada, deixaram outro tipo de espaço para a gente poder atacar. Então basicamente eu tento indicar para os jogadores os espaços e soluções que eles podem ter e depois dentro do campo eles têm que tomar as decisões e identificar esses espaços que são deixados pelo adversário — completou.
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Na última sexta-feira (27), Danilo afirmou que escalaria a equipe com três zagueiros diante do Bayern. Durante a coletiva, o comandante rubro-negro abordou a possibilidade e admitiu ser uma alternativa, exaltando a qualidade dos três principais atletas da posição no elenco.
— Sempre há uma possibilidade, tendo três zagueiros desse nível. O quarto com o João e o quinto também, o Cleiton, são grandes zagueiros, mas ter, especialmente, três zagueiros de altíssimo nível como são o Léo Ortiz, o Léo Pereira e o Danilo, sempre te abre a possibilidade, esse leque, de você poder jogar com três zagueiros. Que mudam muitas dinâmicas na fase defensiva, mas na fase ofensiva, como muitas das vezes a gente se converte em 3-4-3, 3-5-2, dependendo do jogo e do que o adversário pegue. Então, não mudaria tanto, mas vamos deixar em aberto aí para a gente escolher amanhã — disse o treinador.
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Outras respostas de Filipe Luís antes de Flamengo x Bayern
Postura contra o Bayern
— O Flamengo tem uma forma de jogar, um DNA e o torcedor se sente identificado com essa forma, então a gente não abre mão disso. A única mensagem que passei para os jogadores desde que eu estou como treinador é que esse é o jeito. Depois a qualidade do adversário e a forma como eles se impõe dentro de campo vai determinar em que altura vai acontecer o jogo.
Mudanças no futebol de 2011 para hoje
— O futebol mudou muito. Quando falei aquilo (que o Santos seria goleado se fosse para cima do Barcelona) em 2011 foi muito fácil falar da posição que eu estava. Acabou dando certo o que eu falei, mas poderia ter sido diferente. Eu não comparo nenhum time que eu enfrentei com aquele Barça do Guardiola e do Messi. Aquele time era absurdo que entrava em campo e seu único objetivo era não tomar goleada.
— Os tempos, os treinadores e os jogadores mudaram. As redes sociais modificaram a forma como os jogadores e os torcedores se comportam. Estamos ainda nesse período de transformação do futebol. Houve uma evolução muito grande tática desde então e a gente vê o difícil que é enfrentar qualquer time hoje. Seja um jogo na Libertadores, ou os europeus enfrentarem a gente. O Flamengo tem uma forma de jogar, um DNA e o torcedor se sente identificado com essa forma, então a gente não abre mão disso. A única mensagem que passei para os jogadores desde que eu estou como treinador é que esse é o jeito. Depois a qualidade do adversário e a forma como eles se impõe dentro de campo vai determinar em que altura vai acontecer o jogo.
Condições do gramado de Miami
— O gramado está incrível. O estádio é lindo. Sabemos onde estamos e como eles cuidam do produto nos Estados Unidos. É uma honra jogar um jogo desse patamar aqui. Para o Bayern, eles já sabem como jogar aqui porque já vieram. Mas estamos acostumados a jogar em diferentes estádios e gramados. Estamos empolgados com esse desafio a nossa frente. Bayern é um dos maiores times do mundo e temos que estar no nosso melhor para vencer o jogo.
Duelo com Kompany
— Cada um tem sua forma de liderar, de ser. Nós treinadores transmitimos diariamente nossa filosofia para os jogadores. Para eles entenderem nossa visão, não só tática, mas de vida. Ele tem a dele e eu a minha. Nunca joguei com ele, não conheço, mas sei da carreira, da grande pessoa e do caráter que tem. Eu estudei muito o time dele porque já no Burnley ano passado tinham coisas muito interessantes.
— O começo dele no Bayern, eu vi vários jogos, porque tem ideias e conceitos interessantes. Eu tento sempre pegar coisas dos melhores, e o Bayern foi uma referência para nós, treinadores copiadores, de coisas que fizeram esse ano. É um time que está muito bem assimilado o modelo de jogo pelos jogadores e, sem dúvida, um dos adversários mais poderosos que poderíamos enfrentar. Esse tipo de duelo é o que todo jogador e treinador gosta de participar. É um privilégio estar disputando essa posição.
Flamengo tem nível de Champions League?
— É um debate eterno. Desde que eu cheguei no Flamengo em 2019 sempre nos programas de televisão falavam: "o Flamengo ganharia a Champions? A Premier League?" Nunca vai jogar a Premier League ou a Champions. Está jogando o Mundial de Clubes e tem um enfrentamento contra esses times da Champions em um contexto completamente diferente. Não jogamos na casa deles, eles não jogam na nossa, o clima é diferente, o gramado também.
— Evito sempre as discussões e comparações que não levam a absolutamente nada. Não tem sentido eu falar se meu time disputaria a Champions League ou não. O que eu posso falar é que tem muitos jogadores do meu elenco que, sim, disputaram a Champions e seleções. Tenho um time altamente qualificado. Dentro das nossas capacidades, acredito com muita convicção que nossos jogadores são capazes de fazer frente a esse Bayern de Munique. Com todo respeito a eles, mas podemos sim fazer frente e um grande jogo. Vamos ter chances de fazer um grande jogo para poder passar. É o único objetivo que passa pela minha cabeça amanhã.
Talento brasileiro
— O jogador brasileiro é muito competitivo e adaptado a uma pressão externa extrema. Tanto da imprensa quanto, principalmente, do torcedor. São todos times de Série A que tem uma torcida exigente. Os jogadores que chegam a esse nível tiveram que passar por fases que foram muito cobrados além das expectativas. Isso levou o jogador brasileiro a ser altamente competitivo. Por isso vemos muitas vezes em competições sul-americanas os melhores não ganharem.
— Sempre falavam dos argentinos, mas hoje o brasileiro está nesse nível. Vimos nesse campeonato a dificuldade que conseguimos impor. Claro que a qualidade manda, se você não tiver, não consegue jogar no campo do adversário tanto tempo. Mas essa mentalidade faz com que a gente consiga igualar essa diferença de qualidade com uma competitividade extrema. Por quê? Para o europeu ganhar esse campeonato não vai mudar a vida deles. Porém, para os sul-americanos com certeza vai mudar as nossas vidas.
Arrascaeta pode ser titular em jogo de velocidade?
— É possível ter ele ou não ter. Temos elenco com jogadores polivalentes que podem jogar em posições diferentes e nos dar características que o jogo precisa. O Arrascaeta está apto, vem crescendo cada jogo e nos dando muito trabalho e sacrifício. A qualidade dele é inquestionável e está disputando uma vaga no time como todos os outros.
Patamar do Flamengo está e favoritismo do Bayern
— Sempre soube o patamar que nosso time está porque joguei com a maioria dos meus ex-companheiros do elenco. Competi com eles por muitos anos e os vejo competindo diariamente nos treinos e jogos. Claro que esse tipo de enfrentamento contra times europeus valendo alguma coisa só se dará nesses jogos de Mundial porque, por mais que façamos um amistoso, nunca é com o mesmo nível de intensidade e competitividade. Mas claro que sei o nível que estamos.
— Existem times que estão em uma elite e o Bayern é um deles. A qualidade individual desses 10, 12 times da elite supera todas as outras. Isso quer dizer que individualmente, sim, podem ser melhores que nós. Coletivamente é o que vai marcar. Quem é a melhor equipe, não o individual.
Jogo tático e experiência de Alex Sandro e Danilo contra o Bayern
—Eu também joguei contra o Bayern (risos). Eliminamos na semifinal. Eu procuro sempre estudar muito. A parte tática é uma coisa que me gerou muita curiosidade quando eu era jogador e que traçam meu caminho agora. É tático até certo ponto.
— Dentro do jogo existe um momento do caos que se perdem essas partes e aí depende dos jogadores. Não tenho dúvida que vai ser um enfrentamento muito tático em todas as partes. Tem um time muito poderoso do outro lado que vamos ter que estar taticamente perfeito para anulá-los.
Adversário mais difícil
— Acho sempre que o time mais difícil de jogar é o que tem os jogadores de maior qualidade. Então, o Chelsea tem muita qualidade nos atletas, o que é muito difícil, porque nunca perdem a bola. Mesmo que pressione, é muito difícil tirar a bola deles. Especialmente o nível tático do Maresca é muito alto. Foi o jogo mais difícil até agora.
Preocupação com tempestades de raios
— Sinceramente é uma coisa que nunca nos preocupou: o clima. No Brasil, não lembro de ter um jogo cancelado. Na Supercopa choveu muito e parou o jogo por 30 ou 40 minutos. É uma coisa que é nova para a gente. Aconteceu no treinamento, tivemos que interromper bem no começo. Não preparamos o jogo em função do clima, mas em função do adversário. Queremos que o jogo seja limpo e decidido pelos jogadores. Que tenha ou não chuva, mas que vença o melhor.
Atenção x nervosismo
— É o tipo do jogo que não precisa motivar de nenhuma forma. Todos eles estão bastante motivados. É algo que pode acontecer o excesso de preparação e ansiedade, que gera a tensão inicial durante o jogo. Tem que achar equilíbrio. Eu diria que cada jogador tem a sua forma de preparar um jogo, de se concentrar e chegar na partida. O treinador não controla isso, com quem falam no telefone, se estão se preparando. O que eu posso fazer é tentar passar tudo que vai acontecer, dar soluções e alertas. A partir daí que possam identificar e se sentir melhor do que se não tivessem nenhuma informação. É o meu trabalho e o que eu acredito.
Sul-americanos x europeus
— Continuo achando que os times da elite europeia são superiores e tem os melhores jogadores. O melhor exemplo é porque o Vinicius Jr não está aqui. Foi revelado no Flamengo, mas foi para a Europa jogar em um dos melhores times do mundo com maior salário, prestígio e jogar as melhores competições.
— Estamos competindo bem e podemos até vencer, nada é impossível no futebol. Vencemos um jogo e as comparações existem, mas acho totalmente desnecessário. Uma realidade que não precisa ganhar um jogo para dizer que somos melhores. É só olhar como são formados os elencos, que tipo de jogadores estão em cada equipe. Nossos times estão crescendo, mas ainda muito longe de equiparar com o futebol europeu.
Aspectos táticos que copiou o Bayern
— Me desculpa, não vou falar exatamente quais aspectos eu copiei. Se você olhar a minha equipe jogar, fazemos alguns movimentos que eles fazem. Não só do Bayern, mas de outras equipes. São aspectos que encaixam com as características dos jogadores que temos. Algumas soluções que o Bayern cria e causa dificuldade aos adversários e que não só o Flamengo mas outras equipes também tomam como referencia. Principalmente a pressão do Bayern é uma referencia mundial para times que querem jogar com a pressão alta. Posso chegar até aí só para você.
Liçõees em ter eliminado o Bayern com o Atlético de Madrid
— Eliminamos o Bayern na seminal, foi o maior banho de bola que tomei na carreira. Essa foi a verdade. O Bayern do Guardiola. Ganhamos em casa de 1 a 0, mas o segundo jogo o Bayern foi muito superior. Conseguimos fazer um gol e a vantagem do gol fora nos levou à final. Depois do jogo fui para o doping e fiquei pensando muito.
— A sensação que eu tive dentro do campo foi uma das coisas que mais me inspirou a montar um modelo de jogo. A sensação eu tinha é que aquele Bayern no Guardiola tinha mais jogadores dentro de campo do que 11 e que o campo era maior. Sempre imaginava que se um dia fosse treinador, gostaria que os adversários se sentissem da forma como eu me senti. A partir daí tentei estudar muito essa forma de jogo.
De la Cruz
— Sim, treinou, teve uma evolução muito boa, se sentiu bem, a princípio vai ser uma opção para amanhã.

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