Multicampeão pelo Flamengo, José Neto cita os desafios do basquete na Mongólia
Em setembro, treinador brasileiro chegou para dirigir o SG Apes

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Tal como o hino que diz 'uma vez Flamengo, sempre Flamengo', José Neto abre o sorriso e fala em gratidão ao lembrar do ex-clube e das conquistas que teve por lá. Em entrevista exclusiva ao Lance!, o técnico recordou os momentos mágicos que viveu no Rubro-Negro (vídeo acima), os feitos na seleção brasileira feminina e falou dos desafios de assumir o SG Apes, que divide a liderança da Liga Nacional da Mongólia, com oito vitórias em 10 jogos.
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Tetracampeão do NBB pelo Flamengo (2012/13, 2013/14, 2014/15 e 2015/16), Neto também comandou a conquista da Copa Intercontinental (2014) e da Liga das Américas (2014) e de cinco edições do Campeonato Carioca (de 2012 a 2016), pelo Rubro-Negro. Em 2020, em votação popular, o treinador foi escolhido o melhor da história do NBB.
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- O Flamengo me projetou muito, principalmente a nível internacional. Tive a oportunidade de várias conquistas nesse nível, o que acabou abrindo esse mercado. Então, a gratidão vai ser sempre grande por tudo o que o Flamengo me deu de oportunidade. Claro que foi uma troca, a gente fez um bom trabalho lá, fazendo com que o Flamengo pudesse realmente ser uma referência de basquete no Brasil e internacionalmente. Isso foi muito importante, tanto para o Flamengo, quanto para a minha carreira, a gratidão é eterna, tenho muito bom relacionamento com todos lá ainda. Toda vez que vou ao Rio e tenho a oportunidade de ir a um jogo de futebol, a gente vê o carinho que a torcida tem. E quando vou ao clube tem o carinho dos funcionários, das pessoas do dia a dia, é uma reciprocidade de sentimentos muito bons. Sempre vou torcer para que o Flamengo continue sendo uma referência do basquete brasileiro. É uma saudade bacana compartilhar esse sentimento.
- Foi tudo muito intenso e muito bom. Logo no primeiro ano batemos um recorde: 20 vitórias seguidas. Vi agora que o Flamengo está caminhando pra isso, porque está jogando muito bem. A gente ter feito alguns resultados importantes resgata um pouco desse orgulho da nação, que a torcida fala bastante, como as conquistas nacionais. Mas, sem dúvida nenhuma, a Intercontinental foi a mais forte, porque é um campeonato considerado um Mundial de clubes, na época ainda jogavam times da Euroliga, agora é o da Champions da Europa que jogam. A gente ter vencido o Maccabi Tel Aviv, que foi campeão da Euroliga, naquele jogo inesquecível na Arena da Barra, é uma coisa que vai ficar sempre marcada pra sempre, porque foi um título muito importante - recorda.
Recentemente, o recorde do tetracampeonato de Neto no NBB foi igualado por Helinho Garcia, do Franca. E, em mais um nobre gesto, o ex-técnico do Flamengo usou as redes sociais para parabenizar o colega de profissão:
Paulista de Itapetininga, Neto também trabalhou por 12 anos na comissão técnica da seleção brasileira masculina (incluindo participações em três Mundiais adultos, 2 sub-19 e os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, e no Rio, em 2016). Já durante os cinco anos em que comandou a seleção brasileira feminina, o treinador conquistou o Sul-americano, o Pan e a Americup.
Dirigir um time estrangeiro, como o atual, na Mongólia, não é novidade para Neto, que foi tetracampeão angolano pelo Petro de Luanda, pelo qual foi eleito o melhor treinador da África (fotos abaixo). O técnico também tem no currículo trabalho com o Levanga Hokkaido, do Japão, e foi assistente de Tiago Splitter, no Brooklyn Nets, na Summer League da NBA.
E é com toda essa bagagem que o brasileiro chegou confiante para mais uma experiência na Ásia:
- Sim, estou desbravando (risos), sou o único brasileiro aqui. Há pouco tempo chegou um treinador do Canadá. São 10 equipes que jogam a primeira divisão, somos sete técnicos estrangeiros, alguns sérvios, um da Letônia, um grego e o canadense. Ter apenas três treinadores locais mostra a competitividade da liga, que sempre procura trazer treinadores de países mais desenvolvidos - conta o brasileiro.
As primeiras impressões do novo clube são as melhores possíveis:
-Foi uma surpresa muito positiva, e a cada dia sinto mais isso. cheguei aqui no dia 6 de setembro, o campeonato começou em outubro, tivemos pouco tempo para formatar o time. Temos a possibilidade de ter dois estrangeiros no elenco, tínhamos só um, e o segundo chegou há pouco tempo. E o estrangeiro faz muita diferença nas equipes aqui. O time estava com o mesmo treinador há dois anos, um sérvio. A gente mudou algumas coisas, teve uma adaptação. E também mudou metade do time: são seis novos e mais dois estrangeiros.
Neto: frio extremo é um grande adversário
Se já colocou o time no trilho das vitórias, um grande adversário para Neto está fora das quadras:
- O país aqui é bem diferente, principalmente pelo clima, muito frio aqui. Ainda nem começou o inverno, e hoje de manhã já estava marcando 27 graus negativos. São muitas coisas que temos que nos adaptar, mas a equipe correspondeu bem, está melhorando, se encaixando mais, e há uma possibilidade de fazermos uma boa temporada.
Para o Apes, o objetivo maior é garantir a única vaga do país à Liga Asiática. Para isso, o único caminho é ser campeão da Liga Nacional.
- Essa é a meta do time, não é fácil, porque as equipes são muito iguais, bastante niveladas. Tanto que, nas nove primeiras rodadas, todas os times já ganharam e perderam. Estamos dividindo a primeira posição com uma equipe que tem apenas uma derrota, mas com jogos atrasados por fazer. Estamos brigando pela liderança e acho que temos uma chance boa de, nos playoffs, brigar pelo título.
Um dos mais vitoriosos técnicos da história da modalidade no Brasil, Neto garante que a relação com jogadores, dirigentes e patrocinadores do novo clube é bastante saudável, mas sabe que o basquete asiático é muito voltado para os resultados. Ainda assim, vê o Apes no caminho certo para atingir as expectativas.
Da mesma forma que mantém o foco nos resultados e no trabalho diário no clube da Mongólia, o experiente e vencedor Neto tem a receita para quando as coisas não acontecem como o planejado dentro de uma quadra:
- O basquete me ensinou muito, porque você sempre tem que estar preparado. E a gente sempre pensa no próximo jogo, lance, esse é o mais importante, até porque o que passou já ficou para a história. Seja uma coisa boa ou ruim, a gente tem que deixar para trás e viver o momento - ensina o técnico do Apes.
O treinador brasileiro, que tem como um dos hobbies assistir a partidas de tênis (é fã de nomes como o compatriota João Fonseca e o sérvio Novak Djokovic), exalta o dinamismo do esporte que escolheu como profissão:
- O basquete é muito isso, até porque é um jogo muito dinâmico, rápido, onde não da muito tempo de ficar amargurando por um erro ou comemorando muito um acerto, tem que pensar logo na próxima jogada, se deu certo ou errado. Isso é um pouco do que acontece no nosso dia a dia, e colocar sempre o foco mais na solução do que no problema. Os problemas sempre vão existir, e a gente tem que potencializar os acertos e saber lidar com essas duas situações. Tenho falado bastante isso com os jogadores. O campeonato é muito rápido, a gente nem pode ficar muito feliz quando vence, nem triste por ter perdido. É o poder de reação ao que acontece, tenho exercitado bastante isso no dia a dia.
Que os atletas do Apes aprendam essa lição, e Neto siga aumentando suas conquistas, dentro e fora das quadras.
Abaixo, a entrevista completa do técnico ao Lance!:

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