Lauter no Lance!: Garota eu vou pra Califórnia! De 1984 a 2028, o que muda em Los Angeles
E Los Angeles se prepara para receber, pela terceira vez, os Jogos Olímpicos, seguindo Londres e Paris.

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E Los Angeles se prepara para receber, pela terceira vez, os Jogos Olímpicos, seguindo Londres e Paris. Por que se fala tanto dos Jogos de 1984? O que mudou em 1984? E de lá para cá?
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O ano de 1984, de modo geral, já foi impactante por vários motivos: a temida Guerra Fria começava a descongelar. Os dois blocos geopolíticos, antagônicos, começavam a ensaiar uma leve aproximação, protagonizada por Brejnev e Carter. Havia no ar até a possibilidade do bloco socialista não dar o “troco” pelo boicote feito pelo lado capitalista, em 1980, nos Jogos de Moscou. Boicotaram, mas de forma branda. Apenas os soviéticos e mais uma dúzia de países alinhados à Moscou aderiram.
Apesar do boicote socialista, quebrou-se o recorde de países participantes (141). Entre eles, houve um retorno aos Jogos muito celebrado pelos anfitriões. A China voltava a fazer parte da Comunidade Olímpica.
Mal sabiam os americanos que, em breve tempo, seriam eles, os chineses, os seus maiores adversários, os que acabariam com a hegemonia absoluta dos EUA nos Jogos! Do bloco socialista, apenas Romênia e Iugoslávia quebraram o boicote, atendendo ao apelo de seus atletas. E foram recompensados com performances estupendas de seus agradecidos atletas, tendo, inclusive, a Romênia alcançado a segunda colocação geral no quadro de medalhas!
Para estes Jogos, algumas propostas foram apresentadas, e prontamente aceitas, para otimização e eficiência:
- Pela primeira vez os Jogos deixariam de ser financiados pelo Estado! Los Angeles propôs uma revolução (palavra muito em voga na época!): uma parceria com a iniciativa privada para o pagamento da conta da “grande festa mundial dos esportes”!
Para isto, foi criado um comitê de mais de 60 empresários e representantes da sociedade civil (vulgo, políticos influentes), e elegeram Peter Ueberroth (empresário do setor de turismo) como presidente deste comitê. O objetivo de criação de um novo modelo de projeto olímpico, sem dinheiro do Estado, e mais eficiente (entenda-se ECONÔMICO), foi alcançado, com louvor.
Mais de 30 grandes empresas aderiram à causa. Eles não pensavam olimpicamente, apenas comercialmente. Mas funcionou! Cada uma das 32 empresas bancou o equivalente à 4 milhões de dólares, gerando receita imediata, para construir LA 84!
- Também pela primeira vez, haveria um sistema de policiamento e segurança ostensivo. Inaugurando, em grandes eventos, o sistema de rastreamento e vigia usando videocâmaras. CIA e FBI foram convocados, e a Guarda Nacional ficou incumbida do contato direto com o público, nas vias e nas arenas esportivas. Para eles, a chance de atentados, como o de Munique, em 1972, deveria ser ZERO!
- Além disso, foi posta à venda, pela primeira vez, a possibilidade de participação em massa do revezamento da Tocha. Um percurso de 19 mil quilômetros, atravessando todos os 50 estados, foi dividido em 12 mil pedaços. E cada um vendido a US$ 3 mil!!
- A TV também pagou caro (e vendeu mais caro) pelos Jogos. Só a rede ABC pagou, na época, US$ 230 milhões pelo direito de transmissão. E emissoras da Europa, Ásia, Américas e Austrália, pagaram mais US$ 50 milhões cada!!
Como foram os Jogos Olímpicos de Los Angeles?
Tudo bem, mas e os Jogos de LA, como foram? INESQUECÍVEIS!!
A quarta visita olímpica em solo norte-americano fez muito bem ao Olimpismo! Criaram-se padrões a serem seguidos. Em vez de construírem um ocioso e caro Estádio Olímpico, reformaram o belo e imponente Coliseum Los Angeles, antigo estádio olímpico construído para os Jogos de 1932.
Monetizou-se o grande revezamento da Tocha Olímpica e criou-se o conceito de uso de dinheiro de grandes empresas patrocinadoras, com a ideia de que o $$ público é caro e serve para serviços básicos fundamentais ao país que sedia os Jogos.
Máquina de fazer dinheiro
Os Jogos de 1984, serviram para criar o desejo, entre as grandes marcas mundiais, de vestirem e cobrirem os Jogos com seus logos e ativações. O mundo corporativo entra em campo (e em quadra, na pista, na água…). Os Jogos se transformam em uma máquina faminta de fazer $$.
Fatores ambientais levados a sério
Pela primeira vez fatores ambientais, tiveram que ser tratados com seriedade: Los Angeles sofria com a poluição industrial, e foi motivo de preocupação, e de buscas alternativas para que respirar não fosse perigoso! O alerta ecológico foi ligado, e continua a soar incessante!
Big Techs na área
Entram em campo, como grandes parceiras, pela primeira vez Big Techs, como IBM e AT&T, e costuram um salto de tecnologia. O moderno bateu à porta, e entrou para sempre (parece que saiu de férias, nos Jogos de Atlanta 1996, mas isso é caso para outra coluna, qualquer dia desses).
Segurança pesada
A paranoia de atentados globais e com motivos políticos também se estabeleceu. A segurança entra pesado, pela porta dos fundos entram milhares de agentes do FBI e CIA, ocupando ruas e arenas, com a truculência de hábito. Nunca se gastou tanto com segurança como em Los Angeles 84.
Eventos gratuitos e fan zones
Como os ingressos se esgotaram com uma velocidade digna de uma final de 100 metros, os organizadores criaram o conceito de que os eventos de rua, ou abertos ao público (maratonas e marchas - no atletismo -, ciclismo de estrada, iatismo…) seriam tão interessantes como os eventos de arena e gratuitos.
Além disso, foi em LA que se criou, timidamente, a ideia das Fan Zones Olímpicas, pontos de encontro, com várias TVs grandes espalhadas, serviço de bar e música ambiente, para saciar a sede (e tome cerveja) de se sentir inserido nos Jogos, mesmo sem ter conseguido os (caros) ingressos para os eventos! Los Angeles ferveu, ao sol de meio de verão e para a alegria de milhares de fãs, de todo o mundo! Afinal, eles consumiram LA como se fosse um grande espetáculo de Hollywood, que, aliás, era bem ali.
Ok, mas e como foram as disputas, os duelos e recordes? Quem foram os melhores? E o Brasil, como foi?
Calma, este será o conteúdo da minha coluninha de terça que vem! Falaremos sobre como foi, esportivamente, LA84!
Mas, antes disso, já mandei passar meu blazer e minha camisa Oxford azuis. Afinal, Ancelotti prometeu pisar solo tupiniquim no domingo! E, no caso do recém-empossado, novo dono desta bagaça chamada CBF (que, aliás, tem uma ficha policial de matar de inveja o anterior), não puder recepcioná-lo, por motivos judiciais, estarei pronto para tal.
Qualquer coisa, cartas e convites para a redação!
Lauter Nogueira
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