Ancelotti encanta em sua 1ª semana no Brasil com carisma, simpatia e aulas de português
Treinador quer se inserir na cultura brasileira o mais rápido possível

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Carlo Ancelotti desembarcou no Brasil cercado por expectativa, câmeras e um ar de incredulidade. Ícone do futebol mundial, multicampeão por onde passou, o italiano parecia uma figura impossível no comando da Seleção Brasileira.
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O Lance! conversou com pessoas que conviveram com o italiano nesta primeira semana do treinador à frente da equipe nacional, que misturou choque, encantamento, profissionalismo e uma surpreendente imersão cultural. Em poucos dias, Ancelotti foi do luxo da Barra da Tijuca ao calor humano das arquibancadas brasileiras, do silêncio introspectivo ao papo animado com Vinícius Júnior, da Granja Comary ao topo do Corcovado. E tudo isso quase em português.
É consenso entre os que convivem com Ancelotti: ele não quer viver como europeu no Brasil, mas como brasileiro no Brasil. E isso tem ficado evidente. Nos deslocamentos de carro, por exemplo, aproveita para tirar dúvidas de português. Pergunta sobre conjugação verbal, expressões típicas e gírias. Já tem aulas formais e, em breve, deve estar apto a dar entrevistas no idioma local. A convivência com jogadores brasileiros, desde a época de jogador na década de 80, ajuda no processo.
Ancelotti pousou no Rio de Janeiro no domingo, 25 de maio, foi recebido pela torcida brasileira e seguiu direto para a Barra da Tijuca, onde foi instalado em uma suíte de 120 metros quadrados no Hotel Grand Hyatt. Vista para o mar, banheira de imersão, cozinha gourmet e diárias de R$ 5 mil fazem parte do pacote.
Seleção Brasileira começa a se apresentar para jogos contra Equador e Paraguai
Na segunda-feira, 26, foi oficialmente apresentado como novo técnico da Seleção Brasileira. Entre fotos, perguntas e bastidores documentados por uma equipe de filmagem trazida da Europa — que está produzindo um documentário sobre sua carreira —, Ancelotti mostrou estar inteiramente engajado com o novo desafio. Até ali, nenhuma surpresa. Mas o que impressionou foi o comportamento: gentil, acessível, disposto a conversar. E curioso com tudo ao seu redor.
Na terça-feira, 27, Ancelotti fez questão de visitar o Museu da Seleção, na sede da CBF. Diante das camisas históricas, das taças das Copas do Mundo e das estátuas de Pelé e Marta, o técnico italiano não escondia a admiração.
Na quarta-feira, o roteiro seguiu para a Granja Comary, em Teresópolis. Na casa da Seleção desde os anos 80, ele andou pelos campos, conheceu o centro de treinamento, a parte administrativa, as áreas de fisiologia e até o hotel interno onde os jogadores se concentram. Durante a visita, conversou com funcionários, provou o tradicional churrasco do cozinheiro Jaime e disse estar impressionado com a estrutura — comparável, segundo ele, aos grandes centros europeus.
No sábado, 31, o treinador fez o que muitos turistas fazem ao chegar ao Rio: visitou o Cristo Redentor. Mas não foi um passeio qualquer. Recebeu bênçãos do Padre Omar, reitor do Santuário, e relembrou a colaboração com o Papa Francisco, quando escreveu o prefácio do livro "Más allá de los límites", sobre esporte e espiritualidade. Também passou pelo Mirante Dona Marta e fez questão de contemplar a vista: Pão de Açúcar, Copacabana e Maracanã.
No campo, Ancelotti já sentiu a diferença. Na Europa, diz ele, o torcedor é mais contido. Aqui, vibra em outra frequência. E isso o conquistou logo nas primeiras idas aos estádios. Assistiu ao duelo entre Botafogo e Universidad de Chile no Nilton Santos e, depois, ao jogo do Flamengo no Maracanã contra o Deportivo Táchira. Na partida do rubro-negro, reencontrou Vinícius Júnior. O ex-comandado o recebeu com um abraço carinhoso e os dois conversaram longamente. Respeito mútuo, admiração e confiança definem a relação entre eles.
Ancelotti lidera sem gritar, com carisma, propósito e escuta. Nos bastidores da CBF, é descrito como alguém que escuta antes de falar, entende a cultura local antes de impor rotinas e valoriza o papel de cada profissional.
Na relação com a imprensa, Ancelotti também tem dado uma aula. Trouxe consigo um assessor pessoal que organizou os primeiros dias de entrevistas e, embora selecione com rigor os compromissos — concedeu apenas duas exclusivas até agora, uma para a Globo e outra para a Sky Sports, da Inglaterra —, o tratamento é sempre respeitoso. O técnico entende perfeitamente a função da imprensa. Nada de cara fechada ou má vontade: tudo com gentileza e profissionalismo.
No domingo, 1º de junho, a atenção se voltou completamente para o futebol. Já em São Paulo, esteve na Neo Química Arena para assistir Corinthians e Vitória. Depois, recebeu os primeiros jogadores convocados para os compromissos contra Equador e Paraguai.
Entre os convocados, rostos conhecidos e jovens promissores. A ideia de Ancelotti é clara: neste primeiro momento, dar continuidade ao ciclo iniciado por Dorival Júnior, sem rupturas. Mas com voltas importantes de jogadores em que ele confia, como Casemiro e Richarlison.
Em apenas sete dias, Carlo Ancelotti já provocou uma pequena revolução na forma como se enxerga o comando da Seleção Brasileira. Ele não chegou com imposições, chegou com escuta. Não se isolou, mas se misturou. Pavimentando o caminho para a Copa do Mundo na tentativa de conduzir o Brasil ao hexacampeonato.

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