Isaquias Queiroz rema até o ouro, supera águas turbulentas e soma sua quarta medalha olímpica

Canoísta fatura 4ª medalha e fica atrás apenas de Robert Scheidt e Torben Grael no ranking de medalhistas brasileiros. Ele iguala feitos de Gustavo Borges e Serginho

Isaquias Queiroz - Medalha
Isaquias Queiroz brilhou em Tóquio e conquistou a medalha de ouro (Miriam Jeske/COB)

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Duas vezes medalha de prata na Olimpíada do Rio 2016 e bronze na mesma edição, o canoísta Isaquias Queiroz remou em direção ao ouro olímpico em Tóquio. Humilde, dedicou a medalha aos parentes dos mortos pelo Covid-19. Ele também sentiu falta do técnico espanhol Jesús Morlan, que faleceu com câncer no cérebro em 2018.

- É uma felicidade imensa poder ganhar a medalha de ouro, principalmente em um ano bem complicado que a gente teve, com a perda do nosso treinador... Mas a gente demonstrou para o Brasil inteiro que brasileiro não desiste nunca, que a gente tem garra e viemos para cá treinando durante cinco anos e o resultado está aqui. A dedicação do treinamento está aqui.

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Isaquias Queiroz faturou sua quarta medalha na canoagem e, hoje, está atrás apenas de Robert Scheidt e Torben Grael no ranking de medalhistas brasileiros, que somam cinco. O canoísta igualou feitos de Gustavo Borges, na natação, e Serginho, no vôlei. 

DIAS DE LUTA, DIAS DE GLÓRIA
O brasileiro já era favorito desde os Jogos Olímpicos do Rio 2016. Quando conquistou três medalhas nas três categorias que competiu. Sendo prata tanto na canoa dupla (C-2 1000m) quanto na individual (C1 1000m) e bronze na canoa individual (C-1 200m). Se tornando o primeiro brasileiro a conquistar três medalhas na mesma edição dos Jogos Olímpicos.

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Mesmo com infância dura, Isaquias visava um futuro de possibilidades na canoagem. Foi por isso que se mudou de Ubaitaba para o Rio de Janeiro em 2011, na busca de uma vida melhor através do esporte. E no mesmo ano da mudança ele já conseguiu ser campeão na C1 200m e vice no C1 500m no Campeonato Mundial Júnior, na Alemanha, quando tinha apenas 17 anos.

SUPERAÇÃO EM TERRA FIRME
Apesar das conquistas, os 27 anos da vida de Isaquias foram marcados por muitos percalços. Com nove irmãos e irmãs, teve que dividir a atenção da mãe que os criou sozinha, além de ser considerado um alvo por muitas pessoas na região que morava. Sendo inclusive sequestrado aos 6 anos de idade, mas recuperado logo depois. Ainda na infância, com 7 anos, sofreu queimaduras com água quente e precisou ser internado e aos 10 acabou perdendo um rim devido uma lesão que teve ao cair de uma árvore.

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Mas Isaquias Queiroz demonstrou persistência e dedicação, se tornando não só medalhista olímpico, mas também acumulador de vitórias ao longo de 10 anos de competição no esporte. Exemplo disso foi que só em 2013 obteve quatro ouros no Campeonato Sul-Americano e outros dois ouros no Festival Olímpico Australiano da Juventude. Seu título mais recente depois dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro é o de campeão nos Jogos Pan-Americanos de Lima em 2019.

A esperança do público este ano era ver Erlon Souza ao lado do canoísta mais uma vez, com expectativas de repetir o feito dos Jogos Olímpicos do Rio 2016.
Mas Erlon precisou se recuperar de uma lesão e deu lugar a Jacky Godmann, que agradeceu a oportunidade.

A TRAJETÓRIA EM TÓQUIO
Na última terça-feira o atleta tinha saído da competição de C2 1.000m chorando por ter ficado em quarto lugar ao lado de Jacky Godmann.

Mas esse choro se tornou de alegria na noite desta sexta-feira, quando ele se tornou o campeão da canoagem velocidade C1 1000m, com o tempo de 4m04s408. A prata ficou com o chinês Liu Hao e o bronze com Serghei Tarnovschi, da Moldávia.

Ele já vinha de uma boa campanha ficando em primeiro em todas as provas da categoria. Tanto na segunda bateria de quinta-feira (05) quando na semifinal de sexta-feira (06). Sem dar nenhuma chance de ser superado pelos adversários.

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