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Clima, desgaste e desempenho: Brasil iguala Europa na primeira fase do Mundial

Condições impostas levantam reflexões sobre preparo, rotina, cima e calendário

imagem cameraJogadores do Atlético de Madrid se refrescam durante partida do Mundial de Clubes
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Márcio Iannacca
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 27/06/2025
05:20
Atualizado há 3 minutos

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O Mundial de Clubes da Fifa disputado nos Estados Unidos escancarou um cenário de equilíbrio entre forças que, até pouco tempo atrás, pareciam distantes. Em campo, clubes brasileiros como Botafogo, Flamengo, Palmeiras e Fluminense mostraram capacidade física e tática para duelar em alto nível contra gigantes europeus. Fora dele, os números e as condições impostas pela competição levantam reflexões sobre preparo, rotina, e, sobretudo, o impacto das adversidades climáticas e do calendário apertado.

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Na fase de grupos do torneio, que se encerrou nesta quinta-feira (26), brasileiros e europeus se enfrentaram em cinco oportunidades, com duas vitórias brazucas, dois empates e um triunfo de clubes do Velho Continente. Botafogo e Flamengo derrotaram Paris Saint-Germain (1 a 0) e Chelsea (3 a 1), respectivamente. Palmeiras e Fluminense empataram sem gols com Porto e Borussia Dortmund. E o Alvinegro carioca foi o único derrotado até aqui: 1 a 0 para o Atlético de Madrid.

De acordo com levantamento feito pelo Sofascore, entre 1º de agosto de 2024 e 31 de maio de 2025, período antes da disputa do Mundial de Clubes, o número de partidas disputadas pelos principais clubes do mundo mostra um equilíbrio entre brasileiros e europeus. O Flamengo lidera a lista com 67 jogos disputados na temporada. Em seguida, Fluminense e Real Madrid aparecem com 63, seguidos de Botafogo (62), Inter de Milão (61), PSG (60), Chelsea (59) e Palmeiras (58).

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Essa paridade numérica, no entanto, esconde diferenças importantes. Enquanto os clubes europeus encerram suas temporadas em maio, com direito a descanso e planejamento para a pré-temporada, os brasileiros seguem atuando em ritmo intenso, alternando entre Copa do Brasil, Libertadores e Campeonato Brasileiro. Ainda assim, os resultados recentes - com partidas equilibradas e até vitórias brasileiras - mostram uma evolução clara.

- O futebol brasileiro tem essa particularidade. É um calendário cheio, com grandes jogos o tempo todo. Mas os clubes estão se adaptando, evoluindo fisicamente e taticamente. Botafogo contra o PSG, por exemplo, foi um grande exemplo. Jogo parelho, físico, bem jogado - analisou Marcelo Leite, ex-atleta e fisioterapeuta, hoje à frente de um centro de reabilitação na Zona Oeste do Rio.

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Flamengo Chelsea Mundial de Clubes
Clima, desgaste e desempenho: Brasil iguala Europa no Mundial (Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

Clima no Mundial ajuda brasileiros contra europeus

Além do calendário puxado, os clubes enfrentam agora um novo inimigo: o calor extremo. As temperaturas durante os jogos do Mundial, especialmente em cidades como Miami, Orlando, Nova Jersey, Washington DC e Pasadena, têm ultrapassado os 35 °C, com registros constantes de ondas de calor nos Estados Unidos nos últimos cinco anos.

- A atuação de jogadores em ambientes com temperaturas elevadas impõe um estresse fisiológico e metabólico significativo. A temperatura corporal pode ultrapassar os 39 °C, gerando queda no desempenho, desidratação, perda de eletrólitos e até riscos de colapso térmico - explica a médica do esporte Flávia Magalhães, com mais de duas décadas de experiência no futebol profissional.

Essa condição, somada ao calendário intenso e às mudanças de rotina, impacta diretamente na preparação dos atletas. O fisioterapeuta esportivo Diego Saik, especialista pela Sonafe Brasil, destaca que o fator emocional e a quebra de hábitos são pontos cruciais.

- Os atletas europeus encerram a temporada já num ritmo de férias, enquanto os brasileiros seguem em competição. Essa diferença interfere no sono, na alimentação, na recuperação. Tudo isso pesa no rendimento em campo.

Ainda assim, o futebol brasileiro tem conseguido acompanhar o ritmo europeu, sobretudo com o avanço tecnológico e o aumento dos investimentos.

- A parte física e tática melhorou muito. O Brasil está se aproximando dos padrões europeus. A gente não consegue contratar os tops, mas já bate de frente com os médios da Europa. E tem vencido. A Libertadores está ficando pelo Brasil há anos - comentou o preparador físico Fábio Ganime, especialista em transição física de atletas.

O exemplo do Fluminense é emblemático

- O time sofreu oscilações (com as recentes trocas de treinador), mas com Renato Gaúcho retomou o nível competitivo. A preparação é um processo. E o Brasil está se estruturando cada vez mais, inclusive com intercâmbio de informações e uso de dados - completou Ganime.

No fim das contas, o Mundial de Clubes disputado sob sol escaldante e diante de torcidas mistas nos EUA serve como um termômetro do novo momento do futebol mundial. O Brasil, mesmo com todos os desafios, mostra que está preparado para disputar - e vencer - no mais alto nível.

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