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Lauter no Lance!: Num domingo qualquer, qualquer hora, ventania em qualquer direção

A Europa acordou vermelha, como a camisa de Portugal, e como o saibro de Roland Garros!

O espanhol Carlos Alcaraz e o italiano Jannik Sinner se cumprimentam após a épica final de Roland Garros (Foto: Dimitar DILKOFF / AFP)
imagem cameraO espanhol Carlos Alcaraz e o italiano Jannik Sinner se cumprimentam após a épica final de Roland Garros (Foto: Dimitar DILKOFF / AFP)
Autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, esse texto não reflete necessariamente a opinião do Lance!
Dia 10/06/2025
09:54
Atualizado há 22 horas

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Alguns de vocês, sete ou oito resistentes leitores, sabem quanto é o tempo de voo numa viagem Rio-Miami? E qual o tempo de jornada diária de labuta de um trabalhador brasileiro, em média? Se as duas primeiras foram fáceis, segurem essa: Qual era, até poucos anos atrás, o tempo que todo triatleta profissional no mundo sonhava em baixar num Ironman (3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42,2 km de corrida)? Sim, sim e sim, 8 horas para cada uma das 3 perguntas. Calma, eu explico o porquê dessa fixação relâmpago pelas 8 horas antes dos fatos de domingo. Mas, antes, preciso trazer mais informações relevantes. Estamos falando de 480 longos minutos, ou 28.800 enfadonhos segundos.

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➡️ Confira mais análises de Lauter no Lance!

Fatos de domingo


Ok, vamos aos fatos: domingo, durante minha jornada de finais de semana insanos, enquanto me deliciava consumindo esportes (de forma presencial e virtual, diga-se de passagem), já quase na parte final de minha maratona esportiva, que sempre começa na sexta, e se estende, impreterivelmente, até a noite de domingo, enquanto repunha energias numa dieta rica em qualquer coisa que minha geladeira me propusesse, e não tendo o direito de elaborar algo mais compatível com a vida, já que a grande final de Roland Garros já havia começado, e o italiano Sinner já botava as manguinhas de fora, imprimindo um volume e ritmo dignos de minha geladeira, incompatíveis com a vida! E lá se foi o primeiro set, para conta do italiano, com alguma resistência de Alcaraz.

Carlos Alcaraz - Roland Garros
Espanhol Carlos Alcaraz comemora ponto na final de Roland Garros contra o italiano Jannik Sinner (Foto: Julien De Rosa / AFP)


Lá pelo meio do segundo set, me dou conta de que o nível do jogo está absurdo, e também constato que nenhum deles irá ceder facilmente. É jogo pra lá de 4 horas! Pelo meu planejamento estratégico, acabaria o tênis em torno das 15 horas, e daria tempo de esticar as pernas, reforçar a dieta da geladeira eclética, e até dar uma volta de bike para confirmar o dia lindo que seguia lá fora, no mundo livre de meu bairro. Ledo engano!

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E segue o jogo, que dos 2 sets a 0 para Sinner, virou, como o tempo aqui em meu bunker, para 2 a 2! Alcaraz empatou, com extrema competência e dificuldade. Vejam a simetria do placar dos 4 primeiros sets: primeiro e segundo sets: Sinner 6 × 4; 7×6 – terceiro e quarto sets: Alcaraz 6 × 4; 7 × 6. Chegamos ao set decisivo assim. Com ralis extremamente longos, onde não havia bola impossível, mas repleto de bolas impossíveis! E o jogo já havia passado das 4 horas, quando iniciou o último set. E já era quase hora do clássico da Península Ibérica: Portugal e Espanha iriam decidir o título da Liga das Nações de futebol!
Mas como abandonar o “jogo do século” em Paris?

Às favas com a Liga das Nações, voltamos para a quadra central de Roland Garros. E tome pancada de todos os lados e de todos os jeitos. O público, em catarse, ia ao delírio. E eu ia junto, fazer o quê? Era história pura que se escrevia diante de milhões de olhos. E o quinto set, por falta de opções, termina, em 6×6. Não temos mais para onde ir. A decisão será no último suspiro, no “tiebreak longo” de 10 pontos. A quadra central ferve, os nervos não mais se controlam, a juíza solicita à plateia juízo! E quem há de ainda ter?

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Apesar da exaustão que toma conta destes dois jovens, Sinner de 23 e Alcaraz com 22, que sairão desta quadra décadas mais experientes, não dão trégua a seus corpos. Mas a força física é finita, e podemos notar. Os saques que passavam folgadamente dos 200 km/h, agora começam a se “humanizar”, na casa dos 185, 190. Alguns winners de devolução, começam a ser devolvidos, e erros começam a aparecer, para constatar que estamos diante de seres humanos. Amém!


Alcaraz mostra ao mundo sua qualidade final, a fúria do bem, e, enfim, põe fim à eternidade daquela tarde inesquecível. Como não havia a opção do empate, um justo empate, Alcaraz vence, e a quadra central pode enfim respirar aliviada: temos um vencedor. Numa bela arena, dois grandes duelaram até o fim, até onde mais não havia matemática ou números. Venceu o mais passional, o que entregou o que não havia mais, o que mais se doou! Num jogo de 5 horas e meia, dois atletas fora de série entram para a história. A final mais longa de Roland Garros, a mais disputada, a mais dura, a mais linda. Quem, como eu, acompanhou essa jornada, jamais se esquecerá.


Com um curto e ágil movimento de dedos, em 3 tecladas me transfiro para Munique, onde o 1º tempo de Portugal e Espanha já vai quase na metade, e o empate por 1×1 segue como esperado, pressão dos dois lados e tensão entre os dois times, digno de uma final. E, num piscar de olhos, já está 2 × 2, com direito ao gol de empate assinado por Cristiano Ronaldo, o quarentão artilheiro. Penso com meus botões, esse garoto já tá quase no ponto pra ser levado pro meu Fluminense, um verdadeiro Retiro dos Artistas do futebol. Taí, gostei do nome para um time “master” cheio de artistas da bola!


Lá vamos nós para a prorrogação, mais 30 minutos de bom futebol. E, da prorrogação, para os pênaltis. Com a tensão que ela sempre carrega. Enfim, fim. Deu Portugal, festa lusitana. Desligo a tela-mãe, hora de relaxar e refletir. A primeira coisa que me vem à mente é somar o tempo total de ação esportiva de alto nível. E a conta fecha em quase exatas 8 horas! É muito tempo, que me pareceu quase nada. Teve de tudo, em alta rotação. Foram tantos grandes lances, que o tempo pareceu curto para conter tantos momentos especiais e inesquecíveis. A mala era enorme, mas a quantidade de bagagem a tornou pequena. O tempo voou. A jornada começou de manhã, aliás, com um jogaço de vôlei, com nossas meninas jogando muito e perdendo por 3 × 0 para o fabuloso time da Itália. Deu gosto de assistir aquela derrota, nem doeu!


É a certeza de um grande e jovem time, vivendo um processo de construção e amadurecimento, que nos deixa tranquilos até L.A.28. E a sensação de que, até o fim desta temporada, elas estarão jogando em igualdade de condições, e até vencendo, a fortíssima Squadra Azzurra feminina!


Do Maracanãzinho, partimos para Paris, que foi nossa morada até o meio, quase no fim da tarde. De lá, Munique, que nos aguardava com um clássico ibérico e tanto, encerrando os serviços às 18 horas, ou mais um pouquinho. Gastei o tempo de uma viagem a Miami, ou uma noite inteira de sono, ou um Ironman em ritmo profissional. Será que gastei 8 horas mesmo?


Na verdade, ganhei 8 horas, em 3 esportes diferentes, praticados no limite físico e mental.
Quantos momentos e histórias levarei comigo desta ultramaratona televisiva? Cartas para a redação! Ótima semana para vocês oito ou nove, a minha legião de leitores!
Lauter Nogueira.

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