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Lauter no Lance!: Eu vi o menino correndo, eu vi o tempo…

Desliguei uma das telas que usava e sorri grato ao universo esportivo: minha coluna de sexta estava salva!

Lauter no Lance!: Eu vi o menino correndo, eu vi o tempo... João Fonseca comemora a vitória sobre o francês Pierre-Hugues Herbert em Roland Garros (Foto: Anne-Christine POUJOULAT / AFP)
imagem cameraJoão Fonseca comemora a vitória sobre o francês Pierre-Hugues Herbert em Roland Garros (Foto: Anne-Christine POUJOULAT / AFP)
Autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, esse texto não reflete necessariamente a opinião do Lance!
Dia 30/05/2025
16:48
Atualizado há 19 horas

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Eram 14 horas, mais ou menos, desta quinta-feira cinza, de 29 de maio (de um ano qualquer), enquanto buscava inspiração para minha coluna de sexta, assistia um menino detonar seu segundo adversário no saibro sagrado de Roland Garros. Os dois jogos terminaram com o mesmo placar: 3x0 para João. Ah, seu nome é João Fonseca.
Mais cedo um pouco, eu assistia incrédulo o surgimento de um novo ícone do ciclismo de estrada, no Giro d’Itália, um quase adolescente (ele tem 21 anos, mas no ciclismo, os atletas se tornam adultos apenas lá pelos 24, 25 anos). Vestido de rosa com orgulho (é a camisa do líder geral da competição), o mexicano Isaac del Toro, uma máquina de fazer força, não satisfeito com a liderança geral da prova, também vence etapas, esbanjando energia juvenil, e impondo um ritmo alucinante ao Giro!

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Ao mesmo tempo, chegava a mim, via ZAP (se eu fosse contabilizar o tempo perdido tendo que teclar “WhatsApp” até hoje, daria para cumprir, com bike assistida com suporte elétrico, claro, todo o percurso do Giro D’Itália, fácil), um apanhado completo das competições e vitórias acachapantes de Letsile Tebogo, de Botsuana! Afinal, em 2024, este garoto maroto de 21 anos, exerceu com incrível competência o título de campeão olímpico e líder do ranking Mundial!


Desliguei uma das telas que usava e sorri grato ao universo esportivo: minha coluna de sexta estava salva!
A partir desta constatação, iniciei uma busca quase em vão: o que tem em comum estes três jovens, já vitoriosos, atletas? Não é nenhuma ligação geográfica, visto que um é do Rio de Janeiro, outro da Baja Califórnia, México, e por fim, Tebogo, que vem de Kanie, no sul de Botsuana. Também não existem ligações culturais, sociais ou religiosas. A única coisa em comum entre eles é a juventude, esta força estranha e quase indomável. Outro possível ponto em comum, me parece ser uma forte maturidade, para tão pouca idade.

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A sensação que dá, é que eles trazem experiência de outras vidas. Em momentos cruciais das competições, quando achamos que lhes faltará experiência, é exatamente neste momento que eles transbordam lucidez. De onde tiram isso? Intuição? Talvez.


Dou uma parada estratégica para pensar a respeito, enquanto preparo um café do meio da tarde, ou CMT, uma instituição milenar, que zela pela nossa vigília matutina e, principalmente, vespertina. Penso em outros esportes que, sim, tem ótimos (e sempre raros) representantes desta estirpe, seja nos esportes individuais, ou nos coletivos. Faça um rápido exercício, por exemplo, com o futebol!
Feche os olhos, mas antes certifique-se que não cairá em sono profundo! Agora, pense em um jogador fora de série, já nas categorias de base. Além disso, ele, apesar de jovem, ainda sub 20, ou menos, já demonstra seriedade, espírito de equipe, e liderança incontestáveis. Esse, faz parte daquele timinho ali dos nossos 3 garotos. Agora, pense naquele craque de bola, mas no que se refere à seriedade, espírito de equipe e liderança positiva, toma goleada! Este craque, sempre, quando for exigido dele algo mais, ele vai falhar. Esse, pode ser bom em seu clube (inclusive, costumam serem vendidos para clubes do exterior bem cedo, e na maioria das vezes, retornam temporadas depois, desvalorizados e desacreditados.

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Espero que tenham entendido do que falo, quando cito estes “fora de série” ali de cima. Vale muito à pena acompanharmos suas trajetórias, pois serão regadas a recordes e recheada de grandes vitórias.

Mas, como dizia o velho documentário da Net Geo, de onde vem? Como atingem este nível? Até onde irão?
Vamos aproveitar nossos 3 raros exemplares, e ver se conseguimos responder:
Letsile Tebogo: Vive no sul de Botsuana, e entrou no atletismo por meio de um projeto, com treinadores sul-africanos, de detecção de talentos para o meio fundo (800 e 150 metros), iniciado em 2005. O sul de Botsuana faz fronteira com a África do Sul, e os treinadores vinham de Joanesburgo, de carro, todos os fins de semana, para dar andamento ao projeto, que rapidamente começou a colher ótimos frutos. Njel Amos, com apenas 18 anos ganha a prata nos Jogos olímpicos de Londres, em 2012. E Isaac Makwala ganha a prata no Mundial de revezamento, acompanhado de Amos, em 2017, Jogos da Comunidade Britânica e bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.

Deste mesmo projeto, nasceu Tebogo, e mais uma geração de corredores de 800, 400 e revezamento, que conquistaram pódios no planeta, nos últimos 8 anos! Lembrando que Tebogo, e sua incrível versatilidade, está entre os melhores do mundo nos 100, 200 e 400 metros. Sendo atualmente o melhor do mundo nos 200 metros. Ele segue os passos de seu ídolo e vizinho, o sul-africano Wayde van Niekerk, que se quisesse poderia correr os 100, 200, 400 e revezamentos, pois tinha, nos Jogos do Rio, além do recorde mundial nos 400, índices para todas as outras provas entre 100 e 400 metros.


O jovem mexicano Del Toro, mostrou cedo seu absurdo talento nos Estados Unidos, principalmente na Califórnia, em grandes equipes de Mountain Bike, passando de passagem pelas categorias de idade abaixo de 20 anos. Sempre acompanhado dos pais e familiares, todos adeptos e apaixonados pelo MTB. Hoje faz parte de uma das principais equipes de estrada da UCI (União Ciclística Internacional), a Team Emirates, e neste momento lidera confortavelmente o Giro d’Itália, uma das 4 maiores provas de etapas do mundo! O esforço hercúleo de seus pais acabou o levando à elite do ciclismo mundial. E a experiência nas grandes competições globais de MTB, tornaram este moleque uma máquina de vencer nas estradas do mundo, seja no asfalto, ou na terra/paralelepípedos, Del Toro, estará sempre na parte da frente do pelotão.


E o que falar de João Fonseca, esse garoto de Ipanema, que surgiu para o mundo do tênis com apenas 16 anos, quando se tornou o Número 1 do ranking mundial juvenil, e de quebra vencendo o Torneio Next Gen Finals, invicto, em 2024. Aparentemente todos os grandes nomes e especialistas do tênis já falaram por mim! Nesta semana, João acumula dois jogos no estelar Torneio de Roland Garros, aplicando dois 3 x 0 em seus experientes adversários. Ele, como Isaac del Toro, não é cria de nenhum projeto oficial da Confederação de Tênis, ou do COB. Podemos dizer que é cria da casa, da persistência de família. Nascido em 2006, não viu Guga Kuerten jogar ou ganhar 3 vezes no saibro sagrado de Roland Garros, nem o Fino Meligeni ir até a última gota de energia, sem se entregar. Muito menos Thomaz Koch e Edson Mandarino, que quando se juntavam numa quadra, eram quase imbatíveis nas duplas. Mas, de cada um deles carrega no DNA suas virtudes, físicas e mentais.
Essa “força estranha” é comum a estes três meninos. Uma energia extra, que vai além das valências físicas, e que se faz presente sempre que necessário. Seja no meio de uma subida íngreme que faz Del Toro largar o pelotão para trás, ou aquele ponto de equilíbrio que faz Tebogo flutuar na transição na saída da curva para ganhar a reta numa final de 200m olímpica. Ou talvez, a calma madura necessária para fechar o jogo com um winner de devolução, no corredor, e de backhand!
Vida longa a esses moleques travessos, pois nos encontraremos em L.A., em 2028
Lauter Nogueira

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