Vítima de injúria racial recebe maior punição que o acusado em julgamento do TJD-PR
PV, do Nacional-PR, acusa Diego, do Batel, de ter o xingado de 'macaco'
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Em julgamento de quase quatro horas, na noite de terça-feira (21), a 2ª Comissão Disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) puniu a vítima de suposta injúria racial com uma pena maior que o acusado. O caso aconteceu no jogo entre Batel e Nacional-PR, em 4 de outubro, pela terceira rodada da Taça FPF.
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O zagueiro Paulo Vitor, o PV, do Nacional, foi suspenso por 10 partidas, sendo quatro por ter dado um soco em Diego, do Batel, após a acusação de injúria racial, e mais seis por ter cuspido no adversário.
O defensor negou o cuspe e alegou legítima defesa, mas os auditores, por maioria de votos (3 a 1), decidiram pela punição. PV acabou denunciado pelo artigo 254-A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) por "praticar agressão física durante a partida" e pelo artigo 254-B por "cuspir em outrem". A pena poderia variar de quatro a 12 partidas e de seis a 12 partidas em cada acusação, respectivamente.
Já o volante Diego, dispensado do Batel após a acusação, levou sete partidas de suspensão e multa de R$ 2 mil. Na sessão, ele alegou que chamou o zagueiro PV de "malaco" e não de "macaco".
O atleta foi denunciado no artigo 243-G do CBJD por "praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência". A punição poderia ser de até 10 jogos e multa de até R$ 100 mil.
Diego é investigado por injúria racial
Acusado de injúria racial, Diego já se apresentou à Polícia Civil do Paraná (PCPR) e prestou depoimento na semana do acontecimento. O órgão de segurança também escutou o zagueiro PV e instaurou inquérito para investigar o caso em 6 de outubro.
- Meu posicionamento já foi dado perante a delegacia, e eu acho que vai ser esclarecido mais pra frente pela polícia, pela Justiça, enfim. Mas eu quero deixar claro que tudo foi causado por uma briga e após ser cuspido na cara pelo jogador do Nacional. Essa é a minha palavra - disse Diego, ao ge.
Já PV, que reagiu ao suposto insulto, com um soco no adversário, afirmou que não é a favor da violência e que "quem é da cor vai entender minha reação". O zagueiro de 27 anos pediu que casos como esse "sejam resolvidos e não julgados como vitimismo ou algo do tipo".
Entenda o caso da suposta injúria racial
O jogo entre Batel e Nacional foi marcado por uma agressão e uma denúncia de injúria racial. Aos 41 minutos do segundo tempo, o zagueiro PV, do Nacional, acertou um soco no volante Diego, do Batel, após afirmar ter sido alvo de ofensas raciais. O árbitro, ao ser informado, acionou o protocolo antirracismo, cruzando os punhos em "X".
Diego caiu no gramado com sangramento e precisou de atendimento médico. A ambulância entrou em campo para prestar socorro, e o jogo ficou paralisado por cerca de 17 minutos até a chegada de um novo veículo. PV foi expulso por agressão.
A confusão começou depois de uma falta de ataque. PV foi conversar com o árbitro, recebeu ofensas de Luís Hyago e, em seguida, de Diego, antes de reagir com o soco.
A partida terminou com vitória do Batel por 1 a 0, resultado que garantiu a classificação da equipe e eliminou o Nacional-PR da competição. A Taça FPF, que conta com a participação de 10 clubes — entre eles Athletico e Coritiba, que utilizam elencos alternativos —, vale uma vaga na Copa do Brasil de 2026.

Batel não recebe punição
Além dos jogadores, o Batel também foi julgado por omissão no caso e tentar esconder o jogador após a confusão no gramado. O TJD-PR absolveu o clube para uma possível exclusão e alegou que o atleta acusado foi dispensado no dia seguinte, além da nota oficial em repúdio ao acontecimento.
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