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Com SAF, Paraná Clube mira calendário nacional em 2028 e estruturação da base

Tricolor não joga a Série D desde 2023

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Guilherme Moreira
Curitiba (PR)
Dia 23/12/2025
06:00
Torcida Paraná Clube gramado Vila Capanema
imagem cameraNextPlay, futura dona do Paraná, pretende comprar a Vila Capanema. Foto: Eduardo Huszcz/Paraná

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Com a venda da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), em investimento de R$ 212 milhões a R$ 682 milhões, o Paraná Clube volta às atenções ao futebol a partir da próxima temporada. Na meta a curto prazo, o Tricolor pretende ter calendário nacional em 2028 e focar na estruturação das categorias de base.

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A primeira missão do time paranista é conseguir o acesso na Segundona do Paranaense em 2026, que tem início no final de fevereiro. No ano seguinte, na elite estadual, a equipe teria que conquistar uma vaga na Série D para retornar aos torneios nacionais, algo que não ocorre desde 2023.

- Estamos focados na recuperação do calendário. A principal meta é buscar o calendário nacional até o final do Estadual de 2027 - afirmou Pedro Weber, CEO da NextPlay, empresa que comprou o clube, em pronunciamento.

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Em um processo de transição, o Paraná e a investidora já trabalham em conjunto nesta reta final de ano. Os novos técnico e executivo de futebol serão anunciados em 2 de janeiro, em consenso entre o clube e a empresa, além de um CEO.

A ideia é de que o elenco paranista comece a pré-temporada em 26 de janeiro. A estreia da Segunda Divisão está marcada para 28 de fevereiro contra o Prudentópolis, em casa.

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Dentro da proposta, a NextPlay promete R$ 10 milhões anuais para o clube quando estiver fora de uma divisão nacional. Contudo, como o processo da SAF só deve ser concluído no segundo semestre de 2026, a investidora fará um aporte menor, sem o valor divulgado.

- Os executivos já vão chegar com um orçamento alinhado com a associação (para seis meses). A gente acha que vai conseguir recuperar o clube em um curto espaço de tempo para competir - completou Pedro Weber.

Investimento da SAF na base do Paraná Clube

Vila Olímpica Paraná Clube
Vila Olímpica é a 'casa' das categorias de base do Paraná Clube. Foto: Divulgação/Paraná

Além de retomar o calendário nacional, a SAF paranista deixou claro que vê as categorias de base como essencial para o crescimento do clube. A partir do ano que vem, o Paraná voltará a ter as categorias sub-15 e sub-17, já que atualmente só o sub-20 joga as competições.

- Na nossa visão, a base é o mais importante para resgatar a cultura. A gente vai pensar em como manter a base do futsal, a transição para o profissional, e imagino que, em três anos, podemos ter jogadores abastecendo o principal - projetou Pedro Weber.

A NextPlay, inclusive, tem o compromisso de investir R$ 10 milhões para a construção de um Centro de Treinamento na sub-sede do Boqueirão. O objetivo é interligar o espaço com a Vila Olímpica, estádio do outro lado da rua.

A obra precisa acontecer até 2028 e deve ser iniciada no fim de 2026, já com o processo burocrático da SAF concluído. De acordo com Pedro Weber, um escritório de arquitetura em Curitiba tem trabalhado em cima do projeto, que tem previsão de ser apresentado no primeiro semestre do ano que vem.

- A gente montou em conjunto um planejamento estratégico de longo prazo, pensando em um corte de 10 anos. São quatro pilares para a NextPlay: o futebol profissional, a base, a rigidez orçamentária e o olhar para os ativos, que são a Vila Olímpica do Boqueirão e a Vila Capanema - avaliou.

SAF do Paraná Clube negocia a compra da Vila Capanema

A outra novidade apurada pelo Lance! é que a NextPlay conversa com a União, pessoa jurídica de direito público que representa o Governo Federal, para a compra definitiva da Vila Capanema, em valores ainda negociáveis. No último cálculo, de 2020, o estádio Durival Britto e Silva estava avaliado em R$ 53,8 milhões, e a investidora havia planejado R$ 60 milhões para o local.

Vale lembrar que a praça esportiva pertencia à Rede Ferroviária Federal S.A., extinta em 2007, e passou para o governo federal. Em 2016, por decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), o Paraná perdeu a posse definitiva do terreno em uma disputa de mais de 40 anos.

Três anos depois, o Tricolor conseguiu a concessão da Vila até 2048, com acordo prorrogável por mais 30 anos. A manobra veio através de uma Medida Provisória (MP) que virou a lei 13.813/2019, assinada pelo então presidente Jair Bolsonaro.

Já em dezembro de 2021, o TRF-4 determinou que o Paraná precisaria reembolsar a União em R$ 6,3 milhões pelo uso do estádio desde 1971 - o valor total era de R$ 12,7 milhões, mas teve um desconto de 50%. Além disso, o clube teria que pagar aluguel de R$ 210 mil mensais ao governo federal para seguir atuando em sua "casa". Essas quantias nunca foram pagas.

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A proposta da NextPlay pela SAF do Paraná Clube

Investimento no futebol

  1. R$ 212 milhões (valor mínimo) a R$ 682 milhões (valor máximo)
  2. R$ 10 milhões para a construção de Centro de Treinamento na sub-sede do Boqueirão (até 2028)
  3. R$ 60 milhões para a Vila Capanema
  4. R$ 10 milhões anuais para o futebol (sem divisão)
  5. R$ 21,9 milhões (Série D)
  6. R$ 28 milhões (Série C)
  7. R$ 46,8 milhões (Série B)
  8. R$ 85 milhões (Série A)

Dívidas

  1. R$ 42 milhões para a Receita Federal do Brasil e o Banco Central do Brasil (Bacen)
  2. R$ 2,8 milhões para Comissão Nacional de Resolução de Disputas (CNRD), da CBF
  3. R$ 60 milhões para a Recuperação Judicial no leilão da Kennedy (através do banco Genial)

Entenda as dívidas do Paraná Clube

Em Recuperação Judicial (RJ) desde setembro de 2023, o Paraná viu o valor subir de R$ 114,2 milhões para R$ 132,1 milhões, sem descontos. No plano de pagamento, o Tricolor oferece deságio de 40% e uma fórmula de pagamento específica para os credores, divididos em três classes, que reduz a quantia a ser paga quase pela metade, em cerca de R$ 66 milhões.

Classe I (trabalhistas): R$ 67,2 milhões / deságio de 40%
Classe III (quirografários): R$ 50,8 milhões / fórmula específica
Classe IV: (ME's - EPP's): R$ 14,1 milhões / fórmula específica
Total: R$ 132,1 milhões / R$ 66 milhões (aproximadamente)

Além disso, o Tricolor deve R$ 39,5 milhões ao Banco Central do Brasil (Bacen) e R$ 59,7 milhões para a Receita Federal, em um total de R$ 99,2 milhões. Em um acordo costurado, o clube reduziu a quantia para liquidar ambas por R$ 42 milhões, com a NextPlay responsável pelo pagamento.

Paraná Clube completará mais de um ano sem jogar

Rebaixado no Paranaense, o Paraná não entra em campo desde 15 de fevereiro, na derrota por 2 a 0 no clássico contra o Coritiba, na Vila Capanema, pela última rodada da primeira fase. Na ocasião, o Tricolor já não tinha mais chances de escapar da queda.

Após o estadual, o clube até teve a possibilidade de voltar a atuar na Taça FPF, que começou em agosto e termina em novembro, mas optou por não disputar por falta de dinheiro. A competição deu vagas para a Copa do Brasil e para a recém-criada Copa Sul-Sudeste.

Assim, o Paraná atingirá o maior período sem jogos na história de quase 36 anos. A equipe foi fundada em 19 de dezembro de 1989.

Em campo, após novo rebaixamento da elite estadual, o Tricolor tem a Segundona do Campeonato Paranaense e a Taça Paraná como calendário no ano que vem. O estadual começa no fim de fevereiro, enquanto o outro torneio está previsto para depois da Copa do Mundo.

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