Brasileirão 2025 tem maior interferência do VAR; entenda critérios
Número de mudanças de decisão até a 33ª rodada já supera o total do Campeonato Brasileiro em 2024

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A edição de 2025 do Brasileirão já registra um número superior de interferências do VAR em relação a todo o ano anterior. Até a 33ª rodada, o árbitro de vídeo já entrou em ação em 216 oportunidades, conforme levantamento feito pelo Lance! que considera as análises divulgadas rodada a rodada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
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Do total de intervenções nesta temporada, 160 resultaram em mudanças de decisão de campo em situações de pênaltis, expulsões e gols revisados — o número chega a 164, considerando interferências por erro de identidade na apresentação de cartões (três amarelos e um vermelho). Em 2024, o total de interferências diretas foi de 158, já ultrapassado neste ano.
Entre as 216 revisões divulgadas pela CBF, o VAR apenas checou e concordou com a decisão de campo em 28 ocasiões, e em outras 24 o árbitro revisou a jogada e manteve sua decisão. Os demais casos resultaram em alterações. Vale citar que todos os lances capitais nas partidas são revisados, mas apenas os duvidosos ou que resultaram em interferência são publicados no site da entidade.
As principais razões para as revisões foram: pênaltis (82 vezes), cartões vermelhos (55 vezes), impedimentos (46 vezes) e faltas na origem do lance (21 vezes). Houve também sete casos de validação ou anulação de gols por outros motivos, como a bola ter ultrapassado a linha, além das correções de identidade em cartões já citadas.

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Quais os critérios utilizados pelo VAR?
A Regra 10 (Gol válido), a Regra 11 (Impedimento) e a Regra 12 (Faltas, cartões e penalidades), além do Protocolo do VAR, orientam todas as revisões feitas pelo árbitro de vídeo no Brasileirão 2025. As normas, usadas pela CBF e baseadas nas Regras do Jogo Ifab/Fifa 2025/26, determinam quando um gol pode ser validado ou anulado, como o VAR deve interferir e quais lances exigem revisão obrigatória.
Confira abaixo os critérios de aplicação e quantas vezes cada regra foi utilizada como justificativa nas revisões do árbitro de vídeo no Brasileirão 2025.
Regra 10 — Gol válido (3 vezes)
A Regra 10 define os critérios para validar um gol. Um gol só é confirmado quando a bola ultrapassa completamente a linha de fundo, entre as traves e por baixo do travessão, e sem infração da equipe atacante. O VAR pode intervir quando:
- há possível infração no início da jogada (falta, toque de mão ou impedimento);
- a bola pode ter saído antes do gol;
- há dúvidas sobre a execução de pênalti, como invasão ou infração do goleiro;
- o árbitro assinala gol antes de a bola cruzar a linha, situação que deve ser corrigida com bola ao chão;
- Esses pontos fazem parte das situações de "gol/não gol" previstas no protocolo.
Regra 11 — Impedimento (48 vezes)
A regra estabelece o que é posição de impedimento e quando essa posição se transforma em infração. A "posição irregular", por si só, não é contra a regra. O jogador estará em posição de impedimento se:
- tiver qualquer parte jogável do corpo (cabeça, tronco ou pés) à frente da bola e do penúltimo defensor;
- estiver no campo de ataque.
Mãos e braços não são considerados para vias de impedimento. O limite é definido pela linha da axila. Além disso, o impedimento só é marcado quando o jogador em posição irregular participa ativamente da jogada, por exemplo:
- tocando na bola passada por um companheiro;
- interferindo no adversário.
O VAR atua nesses lances ao revisar impedimentos que resultam em gol, pênalti ou chance clara.
Regra 12 — Faltas, cartões e penalidades (167 vezes)
A Regra 12 define infrações que geram tiro livre direto e, possivelmente, cartão amarelo ou expulsão. O tiro livre direto é marcado quando o jogador comete uma ação imprudente, temerária ou com força excessiva, como:
- chutar, empurrar, golpear, dar entrada, fazer carga ou tentar qualquer dessas ações.
Toda infração com contato físico gera tiro livre direto.
Para aplicação de cartões, a regra diferencia:
- Imprudência: falta de atenção — sem necessidade de cartão;
- Temeridade: risco ao adversário — cartão amarelo;
- Força excessiva: risco severo — expulsão.
Também são motivos de expulsão:
- impedir gol com toque de mão deliberado;
- impedir chance clara de gol com falta;
- jogo brusco grave;
- conduta violenta;
- cuspir, morder ou usar linguagem ofensiva.
O pênalti, por usa vez, é marcado se alguma das infrações citadas ocorrer dentro da área penal. O VAR revisa lances de pênalti para confirmar o local da infração, a natureza da falta e se o árbitro deixou de marcar um penal claro.
Protocolo do VAR — Princípios e aplicação
O Protocolo estabelece que o VAR só pode interferir em situações de erro claro e manifesto ou incidente grave despercebido, nas seguintes categorias:
Gol/Não gol, incluindo:
- possível infração atacante na jogada;
- bola fora antes do gol;
- impedimento;
- irregularidades na cobrança de pênalti que resulte em gol ou rebote.
Pênalti/Não pênalti, com revisão em casos de:
- faltas do ataque antes do lance;
- local da infração (dentro ou fora da área);
- pênalti marcado incorretamente;
- pênalti não assinalado;
- bola fora antes do lance.
Cartão vermelho direto (nunca para segundo amarelo), e o VAR verifica se há:
- impedimento de clara chance de gol;
- jogo brusco grave;
- conduta violenta;
- ações ofensivas ou abusivas.
Erro de identificação:
Quando o árbitro aplica cartão ao jogador errado. A infração em si não é revisável, salvo se envolver gol, pênalti ou vermelho direto.
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Como funciona a cabine do VAR?
Assim como no campo, a cabine de assistência de vídeo também tem uma equipe de arbitragem com diferentes funções. O "VAR", oficialmente, se refere ao árbitro de vídeo, o "chefe" da cabine. É ele que tem a decisão final do que deve ou não ser comunicado para o árbitro central, conforme o protocolo da Fifa.
Durante as análises de lances, os assistentes (AVAR e AVAR2) podem ainda sugerir abordagens e recomendar ao VAR algum complemento para concluir a opinião para informe (ou não) ao árbitro de campo, a partir de uma percepção com base nas leis do jogo. Entretanto, cabe ao árbitro de vídeo, como o interlocutor principal da cabine, comunicar ao árbitro, para que este por sua vez realize a análise completa, para sua tomada da decisão final.
Os desafios do VAR
O árbitro de vídeo foi implementado nacionalmente em 2018 e, de lá para cá, se expandiu pelas principais competições do país e do continente. Presidente da comissão de arbitragem da CBF, Rodrigo Cintra avalia que o mundo do futebol ainda vive um período de transição e adaptação à tecnologia, principalmente pela formação anterior dos árbitros.
— O maior problema da arbitragem hoje, no mundo, não só no Brasil, é essa transição da "era analógica" para a "era digital". Assim como nossos filhos já nascem com o telefone na mão e a tecnologia é natural para eles, todos os árbitros que hoje atuam nas primeiras divisões das principais ligas do mundo vêm de uma era "analógica". É uma transição, não é como um computador em que você troca o HD e ele passa a ter uma nova programação. Aqui estamos falando de seres humanos. Já temos oito anos de VAR, mas, para um profissional que trabalha há 20 anos, a implementação tecnológica é um dos grandes desafios. O melhor de tudo é saber que isso passa, porque a próxima geração está sendo formada dentro da tecnologia do VAR — afirmou Cintra na Abertura do Grupo de Trabalho da Arbitragem.
Apesar disso, o chefe da arbitragem brasileira acredita que o cenário irá mudar nos próximos anos. Segundo ele, a tendência é que nova geração de árbitros, já formada com a utilização do VAR, passará a ocupar cada vez mais espaço nas principais competições do Brasil.
— Essa nova geração, que chegará daqui a dois a cinco anos, já nascerá com essa implementação tecnológica desde sua formação nas escolas de árbitros nos estados. O VAR é como se fosse "a prova dos nove". É o elemento que não pode errar, como um piloto de avião, que, mesmo sendo ser humano, precisa seguir protocolos, ter horas de voo e chegar à primeira divisão sem erros. Esse é o nosso grande objetivo. Isso é uma das maiores dificuldades e desafios do futebol mundial, mas temos tranquilidade para entender que, a médio prazo, isso será sanado, porque a nova geração já virá totalmente adaptada a essa tecnologia — completou.

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