Afastamento de Ednaldo pode punir Seleção e tirar clubes do Mundial da Fifa
Estatuto da Fifa veta 'influência indevida de terceiros' em associações-membro

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O afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF por determinação judicial nesta quinta-feira (15) acontece justamente no momento em que a Fifa realiza seu congresso anual. E a entidade máxima do futebol mundial veta em seu estatuto qualquer tipo de “influência indevida de terceiros” na gestão das confederações nacionais. Entre as punições previstas está a aplicação de multas e a suspensão da confederação. Nesse caso, as seleções, da base à principal, e os clubes do país ficam impedidos de disputar qualquer competição da Fifa. Isso significa que, caso a entidade decida punir o Brasil, até mesmo a participação de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras no Mundial de Clubes do próximo mês fica sob risco. E o Brasil corre o risco de ficar fora da Copa do Mundo de 2026.
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Em dezembro de 2023, quando Ednaldo Rodrigues foi afastado do cargo pela primeira vez pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), a Fifa enviou notificação à CBF alertando para o risco de sanções.
“Gostaríamos de lembrar que de acordo com o art. 14 par. 1 i) e art. 19 dos Estatutos da FIFA, as associações membros da FIFA são obrigadas a gerir os seus assuntos de forma independente e sem influência indevida de terceiros. Qualquer violação destas obrigações pode levar a potenciais sanções, conforme previsto nos Estatutos da FIFA”, dizia trecho do documento enviado à CBF.
“Além disso, e em relação ao acima exposto, gostaríamos de enfatizar que quaisquer violações ao art. 14 par. 1 i) dos Estatutos da FIFA também pode levar a sanções, mesmo que a influência de terceiros não tenha sido culpa da associação membro em questão (art. 14, parágrafo 3 dos Estatutos da FIFA)”, acrescentava a notificação.
À época, o Fluminense se preparava para disputar o Mundial de Clubes — agora transformado em Copa Intercontinental — e ficou ameaçado de ser excluído da competição. Além disso, a Seleção Brasileira estava às vésperas da disputa do Pré-Olímpico da Venezuela. Sem um presidente reconhecido pela Fifa, a CBF não podia inscrever os atletas. Esse, inclusive, foi um dos argumentos utilizados pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) para reconduzir Ednaldo Rodrigues à presidência da CBF.
Em 2023, representante da Fifa apontou 'risco real' de punição com afastamento de Ednaldo
Dias após a volta de Ednaldo à presidência, um representante da Fifa e outro da Conmebol vieram ao Brasil. À época, o diretor jurídico da Fifa, Emilio Garcia, declarou que a CBF correu risco real “de o Conselho da Fifa expulsar o Brasil de todas as disputas internacionais”.
— Este é um ponto crucial. A CBF, o futebol brasileiro, estava em risco. Havia um risco muito alto de o Conselho da Fifa tomar uma decisão, não contra o futebol brasileiro, mas contra a intervenção exterior no futebol brasileiro. Isso ficou descartado neste momento, com a decisão do Supremo —, afirmou Garcia na ocasião.
A Fifa não permite intervenções de governos ou de órgãos judiciais em confederações a ela filiadas. Segundo o estatuto da entidade, a Corte Arbitral do Esporte (CAS) é a única corte responsável pela resolução de conflitos envolvendo clubes e associações esportivas. A Justiça comum só pode ser acionada após esgotadas todas as instâncias esportivas, e apenas em casos específicos.

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