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Calendário, adaptação e renovações: os planos do Juventude para o futebol feminino em 2026

Lance! conversou com a coordenadora Renata Armiliato sobre

Giselly Correa Barata
São Paulo (SP)
Dia 17/12/2025
12:32
Renata Armiliato, coordenadora de futebol feminino do Juventude. (Foto: Fernando Alves/E.C.Juventude)
imagem cameraRenata Armiliato, coordenadora de futebol feminino do Juventude. (Foto: Fernando Alves/E.C.Juventude)

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Com calendário antecipado, férias encurtadas e novos desafios financeiros no horizonte, o Juventude encerra a temporada 2025 do futebol feminino com a sensação de dever cumprido.

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Em entrevista exclusiva ao Lance!, Renata Armiliato, coordenadora do departamento feminino do clube, fez um balanço do ano, comentou as mudanças promovidas pela CBF e detalhou os caminhos do projeto alviverde para a próxima temporada.

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Mudanças para 2026

Segundo Renata, o novo calendário pegou o clube de surpresa, mas de forma positiva. A dirigente destacou que a ampliação das competições era uma reivindicação antiga do futebol feminino e avaliou como avanço o início mais cedo da temporada.

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— Foi uma surpresa, confesso, mas uma surpresa boa. A gente sempre buscou um calendário mais longo, mais espaçado, que permitisse recuperação das atletas — afirmou. Por outro lado, a mudança trouxe impactos diretos nas férias do elenco, agora bem mais curtas. Acostumadas a períodos maiores de descanso, as jogadoras do Juventude se reapresentam já no dia 12 de janeiro para dar início à pré-temporada.

A ideia do clube é garantir cerca de 30 dias de preparação antes do início das competições, com amistosos e trabalho físico mais consistente. Renata explicou que o planejamento está em fase final e sendo debatido com a comissão técnica.

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— A competição começa em fevereiro, então não tem muito tempo. Precisamos organizar tudo rapidamente — disse.

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Renovação com o treinador

A continuidade da comissão técnica também está no radar da direção. Segundo Renata Armiliato, a ideia é manter a base do trabalho que vem sendo desenvolvido desde o início do projeto, incluindo o treinador Luciano Brandalise.

— A princípio, o Luciano fica. A gente ainda está em negociação, mas a ideia é dar sequência ao trabalho — explicou a coordenadora, destacando a importância da estabilidade em um momento de ajustes orçamentários e de planejamento a médio prazo.

A temporada do Juventude no feminino

Dentro de campo, a temporada foi avaliada como positiva, especialmente pelo contexto. Em seu primeiro ano completo na elite do Brasileirão Feminino, o Juventude terminou na 14ª colocação e garantiu a permanência na Série A1, objetivo central traçado no início do ano.

— O Brasileiro foi muito duro. Nosso foco sempre foi ficar, e conseguimos, mesmo que sofrido, na última rodada. Mas conseguimos — resumiu.

Na Copa do Brasil, o time também deixou boa impressão. O Juventude eliminou o Fortaleza e acabou caindo diante do Corinthians, atual campeão nacional. Para Renata, apesar da eliminação, a equipe saiu fortalecida. "Fizemos um jogo competitivo, perdemos, mas de cabeça erguida", avaliou.

Juventude ficou com o vice-campeonato gaúcho feminino em 2025. (Foto: Juventude EC/Divulgação)
Juventude ficou com o vice-campeonato gaúcho feminino em 2025. (Foto: Juventude EC/Divulgação)

O grande destaque da temporada, no entanto, foi o Campeonato Gaúcho. Após 17 anos sem chegar a uma decisão estadual e apenas quatro anos depois da reabertura do departamento feminino, o Juventude foi vice-campeão, superando o Internacional na semifinal e enfrentando o Grêmio na final.

— Não veio o título, mas esse segundo lugar teve gosto de ouro — afirmou Renata, que valorizou o feito diante de clubes com estruturas e investimentos superiores.

A campanha também simbolizou a consolidação de um grupo que passou por uma reformulação profunda. Foram 19 mudanças no elenco em relação ao ano anterior, um risco que, segundo a dirigente, exigiu trabalho intenso de integração.

— Era um medo nosso, mas conseguimos unir o grupo, tirar o máximo das atletas. Esprememos até a última gota — disse, orgulhosa.

Olhar para o futuro

Fora das quatro linhas, a sustentabilidade do projeto aparece como principal desafio para 2026. O rebaixamento do time masculino à Série B impacta diretamente o orçamento do clube, e Renata não esconde a preocupação.

— Vai ser um ano difícil. Vamos ter que segurar alguns investimentos e apertar um pouco — admitiu. Ainda assim, ela reconheceu avanços, como o aumento das cotas de participação da CBF, embora considere que os valores ainda estejam aquém do ideal. — Poderia ser mais. Estamos falando da elite do futebol feminino — ponderou.

Jogo entre Juventude e Grêmio. (Foto: Juventude EC/Divulgação)
Jogo entre Juventude e Grêmio. (Foto: Juventude EC/Divulgação)

Mesmo com limitações, o Juventude segue apostando em um modelo próprio: clube formador, com atletas jovens, muitas vezes vindas da Série A2 ou sem tanto espaço em equipes maiores. A ideia, segundo Renata, é manter uma base, evitar mudanças drásticas e montar um elenco competitivo para garantir novamente a permanência na elite. "Esse continua sendo o nosso objetivo principal" reforçou.

A relação com a comunidade de Caxias do Sul é outro pilar do projeto. Renata destacou o apoio constante da torcida e o peso de jogar no Alfredo Jaconi, sempre que possível.

— Aqui, quem veste o escudo do Juventude tem alguém torcendo. Isso vale para tudo — disse. O recorde de público na final do Gauchão, com mais de 1.500 pessoas, foi citado como sinal de crescimento e identificação do público com o time feminino.

Ao olhar para o futuro, Renata não esconde a ambição. Em apenas três anos e meio, o clube alcançou metas traçadas para cinco. Agora, o sonho é maior.

— Daqui a cinco anos, eu quero ver o Juventude brigando por títulos, disputando Libertadores, sendo referência — projetou. Mais do que resultados, ela deseja inverter a lógica do início do projeto.

— Quero que as atletas queiram vir para cá, que peçam uma vaga — completou.

Com planejamento cauteloso, identidade bem definida e passos firmes, o Juventude segue construindo, pouco a pouco, seu espaço no futebol feminino nacional: sem dar o passo maior que a perna, mas sem abrir mão de sonhar alto.

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