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Por que a F1 não tem mulheres no grid? "Carrinhos dos meninos e bonecas das meninas"

Bia Figueiredo, destaque no automobilismo internacional, comenta desafios

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Rio de Janeiro (RJ)
Supervisionado porRodrigo Fajardo Mendes,
Dia 04/11/2025
06:15
Atualizado há 1 minutos
Grid da F1 Academy em 2023 (Foto: Reprodução: Circuito de Silverstone)
imagem cameraGrid da F1 Academy em 2023 (Foto: Reprodução: Circuito de Silverstone)

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Cada vez mais, o interesse das mulheres e meninas pelo automobilismo vem crescendo. No GP de São Paulo, por exemplo, elas já são 37% do público, segundo dados do Observatório de Turismo e Eventos da SPTuris. Entretanto, a Fórmula 1 (F1), principal categoria do automobilismo mundial, não possui mulheres no grid. Em entrevista exclusiva ao Lance!, Bia Figueiredo analisou a escassez de mulheres na F1.

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— O que eu acho que faz a gente não ter ainda uma menina na Fórmula 1 é basicamente a quantidade. Hoje, na base do esporte, você vai analisar um campeonato brasileiro de kart que tem 500 meninos e cinco ou seis meninas — analisou Bia Figueiredo, uma das principais pilotos do Brasil, que disputou seis temporadas da Fórmula Indy e venceu.

Bia Figueiredo - Stock Car
Piloto brasileira Bia figueiredo (Foto: Divulgação)

Em toda a história da F1, somente cinco mulheres chegaram a pilotar um carro. A mais promissora foi a italiana Lella Lombardi, que chegou a marcar 0,5 ponto no GP da Espanha de 1975. Ela foi a única mulher a pontuar na categoria.

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Diferentemente de outros esportes, no automobilismo, a força física não faz tanta diferença. Com isso, homens e mulheres estão em igualdade. Mesmo assim, é rara a presença de mulheres nas categorias do automobilismo, desde as menores nacionais, até as do alto escalão.

Machismo afasta mulheres da F1 e automobilismo em geral

Para a piloto, um desafio para as mulheres chegarem à pista é a questão cultural. "Os carrinhos são dos meninos e as bonecas das meninas" é uma frase comum em diversos países. Com essa ideia, muitas garotas se veem afastadas da base do automobilismo, como o kart.

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— Essa parte cultural é bem importante. Não só no Brasil, mas no mundo. Alguns países são mais tranquilos nesse sentido, mas ainda assim existem muitos países com restrição. Ou uma família que incentiva mais os meninos a fazerem coisas perigosas do que as meninas. E, no inconsciente delas, acaba ficando que elas não podem fazer certas coisas — analisou Bia Figueiredo, que completa:

— Acho que o automobilismo no geral, considerando o Brasil, a parte financeira já é um grande limitador.
1% da população consegue financiar um filho ou uma filha no automobilismo, que é caríssimo. E se tem dois ou três filhos, acaba privilegiando o menino. Porque é um esporte, teoricamente, para meninos. Isso acaba dificultando a vida das meninas também.

Incentivos de organizações ajudam mulheres no automobilismo

À frente da Comissão Feminina da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), Bia foi uma das criadoras do "Estágio em Motorsports", que visa deixar mais meninas em contato com o automobilismo, principalmente nos bastidores.

Em 2024, por exemplo, 20 mulheres foram incluídas nas áreas de mecânica, engenharia, logística e comunicação em equipes das categorias do automobilismo brasileiro.

— A gente faz vários projetos para incentivar mulheres no automobilismo. Seja para pilotos, a gente tem uma seletiva de kart para pilotas com premiação. Mas também temos projetos para estudantes mulheres conhecerem o automobilismo. Mecânicas e engenheiras fazem estágio nas equipes da StockCar, Copa Truck e Porsche Cup — explicou Bia.

Experiência para Estudantes no GP de São Paulo de F1 2023 (Foto: Victor Eleutério / CBA)
Experiência para Estudantes no GP de São Paulo de F1 2023 (Foto: Victor Eleutério / CBA)

No cenário internacional, as mulheres têm a F1 Academy, estreada em 2023 após a falência da W Series. A categoria visa incluir mulheres no mundo automobilístico. Bia analisa que a categoria tem o papel principal de fazer com que mulheres se identifiquem com o esporte e tenham uma referência:

— Esses incentivos que a FIA tem dado, como a criação da F1 Academy, é para popularizar o esporte para meninas também, elas verem que é possível. E aí, quem sabe, com esses incentivos, as famílias privilegiem as meninas no esporte, não só os meninos.

F1 Academy, categoria "feminina" da Fórmula 1 (Foto: reprodução)
F1 Academy, categoria "feminina" da Fórmula 1 (Foto: reprodução)

Perguntada se a categoria separa homens e mulheres, Bia defendeu que todo incentivo atual para as mulheres é válido. Para a piloto, ter mulheres aparecendo pilotando carros é essencial atualmente:

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— Qualquer incentivo para as mulheres é importante. No caso da F1 Academy, elas só correm entre mulheres, mas estão no ambiente da Fórmula 1. A categoria é um exemplo positivo para as que estão começando. As meninas de três anos, que estão começando a ver a F1, não veem nenhuma mulher lá, mas veem a F1 Academy.

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