Diego Ribas analisa saída de Dudu do Cruzeiro e relação entre titular e reserva
Ex-atleta faz ponderações sobre rescisão do atacante com a Raposa

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Aposentado desde o fim de 2022, o ex-jogador Diego Ribas fez uma longa reflexão nas redes sociais e analisou a saída do atacante Dudu do Cruzeiro, confirmada na sexta-feira (2). A diretoria da Raposa anunciou a rescisão contratual com o atleta, que tinha vínculo até o final de 2027 e negocia com o rival Atlético-MG.
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- O jogador cresce num meio onde é reconhecido pelo que faz: gols, assistências, quando é titular. Com o tempo, por mais vitoriosa que seja a carreira, ele será preterido. E isso não afeta só o lado profissional, mas também o pessoal - avaliou o ex-Flamengo e Santos.
Dudu começou a temporada como titular do técnico Leonardo Jardim, mas perdeu espaço aos poucos ainda no Campeonato Mineiro. Depois, no Brasileirão, ele chegou a atuar em três jogos seguidos vindo do banco de reservas diante de São Paulo, Bahia e Bragantino, nas rodadas 3, 4 e 5, respectivamente.
O atacante virou definitivamente reserva após a derrota para o Mushuc Runa, no Mineirão, pela Sul-Americana. Na ocasião, treinador modificou o time e também sacou o centroavante Gabigol, outra contratação badalada para 2025.
- Passei por isso nos últimos anos da minha carreira. Quando fui para o banco, precisei entender que isso não diminuía meu valor como pessoa. Era a chance de mostrar quem eu realmente era: continuar sendo íntegro, profissional, mesmo em um momento desconfortável. Você tem valor, independente do resultado profissional que está entregando agora. Aproveite esse momento para crescer, se desenvolver e influenciar positivamente quem está ao seu redor - completou Diego Ribas.
Insatisfeito com a reserva, Dudu reclamou publicamente no final de abril e disse que não entendia o porquê de não ser mais titular do Cruzeiro. A declaração aconteceu contra o Palestino, pela Sul-Americana, quando voltou a iniciar a partida e saiu aos 18 minutos da segunda etapa.
- Não me sinto bem (em ser reserva). É ruim quando a gente é titular a vida toda e começa a reservar. Tem que se adaptar a esse estilo. No meu modo de ver, estava vindo numa sequência boa. Não sei por que o treinador optou por me tirar do time. A gente respeita a opinião. Não sei por que optou por me tirar do time. Opção é seguir trabalhando e tentar voltar ao time - desabafou Dudu, em 25 de abril.
A partir daí, a relação de Dudu com a comissão técnica e a diretoria ficou estremecida. Ele ficou de fora dos jogos contra o Vasco, pela Série A, no domingo (27), e diante do Vila Nova, pela Copa do Brasil, na quinta-feira (1). Um dia depois da partida frente ao clube goiano, o atacante assinou a rescisão de contrato com o Cruzeiro.

Dudu negocia com o rival Atlético-MG
O dirigente do Atlético-MG, Paulo Bracks, admitiu em entrevista à Rádio Itatiaia que, desde o momento em que Dudu rescindiu com o Cruzeiro, houve o interesse atleticano. O CSO do Galo disse que a negociação está evoluindo rapidamente, mas que não está fechada.
- A partir do momento que estava livre, um movimento que nos interessou e interessou a ele também, mas ainda não temos a conclusão. A gente tem trocado documentos, ainda não está 100%. Se isso acontecer nos próximos momentos, não vou falar horas nem dias, todos ficarão sabendo - disse no hotel em Caxias do Sul, onde o clube enfrentará o Juventude nesta segunda-feira (5).
Com a rescisão, Dudu estará livre no mercado para acertar com outro clube, do Brasil ou do exterior. O atacante de 33 anos, no entanto, somente poderá atuar por uma nova equipe a partir de 2 de junho, quando abre a janela de transferência da Fifa visando o Mundial de Clubes.
Dudu no Cruzeiro
Contratado como um dos grandes reforços do Cruzeiro para 2025, Dudu foi apresentado com pompa no Mineirão no início de janeiro, mas deixa o clube com dois gols em 17 jogos. Em junho do ano passado, o atacante chegou a acertar seu retorno, quando ainda tinha contrato com o Palmeiras, mas voltou atrás após pressão da torcida palmeirense.
O fim do ciclo do atacante no clube celeste aconteceu após uma reunião pela manhã de sexta-feira (2). Na ocasião, o empresário do jogador, André Cury, e a diretoria do Cruzeiro acertaram novo valor da multa rescisória.
A multa rescisória prevista em contrato era de R$ 60 milhões, mas Dudu aceitou reduzir em quase 75%. Dessa forma, o atleta receberá R$ 15 milhões de forma parcelada até o final do ano.
Veja a reflexão de Diego Ribas
"Deixa eu trazer aqui uma reflexão. Não estou para julgar o caso do Dudu, mas para aproveitar essa situação para trazer um outro ponto de vista. O jogador de futebol cresce e se desenvolve dentro de um meio onde ele é reconhecido pelo que ele faz. Seus gols, suas assistências, quando ele é titular e o centro das atenções. Isso naturalmente vai trazendo para ele que ele tem valor como pessoa desde que faça algo extraordinário, seja o centro das atenções. Com o passar do tempo, por mais vitoriosa que seja a sua carreira, em algum momento você vai ser preterido. E quando chega esse momento, é muito delicado porque não é apenas aquela decisão de ele não jogar, de ir para o banco dos reservas. Aquilo não afeta apenas o lado profissional dele, mas também o pessoal. O valor dele como pessoa. Porque se eu for para o banco de reservas, se eu não for o centro das atenções, se eu não estiver como titular, quem eu sou? Eu não tenho valor nenhum. E isso pode ser muito perigoso. Eu passei por isso nos últimos anos da minha carreira, uma carreira bem vitoriosa, bem resolvida financeiramente. Na própria entrevista do Dudu, ele fala que é difícil um jogador ser titular a vida inteira e agora ter que ficar no banco. Sim, é difícil! Mas, ao mesmo tempo, é inevitável. Quando nós escolhemos estar entre os melhores, no alto nível, em algum momento nós vamos ser preteridos. E quando entendemos que isso não tem a ver com aquilo que nós representamos, com o nosso valor, passamos a aproveitar essa oportunidade de uma forma diferente. E eu falo oportunidade não só para o atleta, mas para você também que é mais experiente e em algum momento está sendo preterido na sua vida. Quando eu passei por isso, eu entendi que era a oportunidade de eu mostrar quem eu realmente eu sou, de eu continuar sendo íntegro, de eu continuar sendo profissional e dessa forma viver essa situação desconfortável de uma forma positiva. Isso me deu muito mais credibilidade como verdadeiro líder. Eu entendi que eu não precisava jogar mais 5 ou 10 jogos para provar e mostrar quem eu era. Eu já era naquela altura. E eu não estou falando aqui de se acomodar, não. É treinar, querer ser titular, confrontar com respeito o treinador se for necessário. E demonstrar essa insatisfação, mas seguir sendo profissional, fazendo o nosso melhor. Não adianta mudar de clube, mudar de empresa. A maioria das vezes é mudar de problema. Nós temos que enfrentar. Eu vejo um conflito muito grande de muitos jogadores experientes, consagrados, quando são colocados no banco. E eu entendo! Porque cria-se uma mentalidade de que eu tenho que jogar, se não jogar perco o valor. E não é assim. Para o Dudu, para todos os atletas, todas as pessoas experientes, bem resolvidas e que estão no momento de dificuldade: você tem valor, independente do valor do resultado profissional que está dando nesse momento. Entenda isso! Leve de forma mais leva essa situação, aproveita essa momento para se desenvolver, para melhorar, para influenciar positivamente aqueles que estão ao seu redor".
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