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Fim de semana foi tempestuoso com julgamentos em casos de doping

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Me aproveitando da emblemática frase, criada pelos ícones da contracultura americana dos anos 1960, lançada como antídoto à Guerra do Vietnã, a eterna "Faça Amor, não a Guerra", unindo numa simples e poderosa frase, o movimento do "amor livre" e a luta inglória pela paz. Resolvi reescrevê-la, modificando e servindo como título desta, digamos, excitante crônica de um fim de semana tempestuoso em relação ao doping.
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Como contexto, dois processos de julgamento de doping em atletas profissionais de Triathlon, com perfis distintos, tanto em julgamento, resultado, status de resultados, e em perfil esportivo (inclusive sobre os países que defendem). Vamos aos casos e às evidências:
O triatleta iraquiano Baqer Idrees, um esforçado, porém sem nenhum grande resultado, sequer regional, recebeu uma suspensão de dois anos após testar positivo para uma substância proibida. Quase simultaneamente, a atleta britânica, que ora compete pela Suíça, Imogen Simmonds foi absolvida após "comprovar sua inocência" em um caso de doping, julgado pela entidade máxima de controle de dopagem, a ITA, cuja sede é em Lausanne, na Suíça, mesma cidade em que, a Suíça Simmonds, reside e treina.

A ITA anunciou as decisões finais em ambos os casos, numa mesma assembleia, sem quaisquer comentários, deixando um rastro de dúvidas e perguntas que tiveram como resposta, o silêncio.
Casos de doping apresentaram grande diferença nos julgamentos
Ao nos aprofundarmos um pouco sobre os dois casos, histórias distintas, somos surpreendidos pela abissal diferença no modo de aplicar o Código Mundial Antidopagem, e na decisão de sanções!
No caso do esforçado e desconhecido Idrees, a agência informou que o atleta aceitou um período de "inelegibilidade", o famoso gancho, de dois anos, após testar positivo para duas substâncias proibidas, prednisona e prednisolona, presentes na temida Lista de Substâncias Proibidas. O assustado Idrees que explicou o uso de remédios para inflamações decorrentes de gripe forte (laringe inflamada e crises asmáticas), não se deu conta que os glicocorticoides, que são proibidos apenas em competições, também geram ganho fisiológico em performances esportivas. A amostra analisada, foi coletada durante o Campeonato Asiático de Triathlon Sprint na Arábia Saudita. Idrees, segundo a ITA, não contestou o uso e violação da regra antidoping e aceitou a suspensão de 2 anos, de 08/09/2025 a 07/09/2027, juntamente com a desqualificação de todos os, pouquíssimos, resultados obtidos desde 11/11/2023. Aceitou resignado a punição e não irá recorrer junto ao Tribunal Arbitral do Esporte que, coincidência das coincidências, tem sede na mesma Lausanne, onde mora a suíça Simmonds, e é a sede da ITA!
E já que citamos a suíça Simmonds, a ITA também na mesma data, anunciou o encerramento do processo contra ela, que, acreditem, foi encerrado, considerando-a inocente!
A triatleta suíça, que tem ótimo histórico em Triathlon Olímpico, e atualmente, costuma ser pódio recorrente em provas do Ironman 70.3, onde a atleta faz sua transição para a distância Ironman Full, foi flagrada em uma amostra coletada em teste fora de competição, em teste surpresa autorizado pela Ironman Co.
A substância detectada, Ligandrol, um modelador seletivo de receptor de andrógenos, capaz de promover crescimento muscular e ganho substancial no desempenho físico, e quando detectada em atletas de alta performance, acarreta uma suspensão de quatro anos, podendo, em raros casos, ser reduzida para dois anos, caso o atleta comprove que a violação não foi intencional.
Segundo a ITA, a atleta comprovou que não teve culpa ou negligência, "provando que a substância entrou em seu organismo por "contaminação acidental", atenção agora pessoal, por contatos íntimos e renitentes com seu parceiro, que consumia suplementos contendo o composto (Ligandrol) sem o seu conhecimento!! Além de sapeca, seu parceiro era desleixado. Ou mentiroso! Ou ambos!
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Pausa para assimilar bem o golpe e não cair no doping (literalmente)...
Segundo a ITA, com a constatação de "ausência de culpa ou negligência", isenta-se completamente a amorosa atleta de sanções. Acho que neste momento a ITA deveria incluir uma ressalva, do tipo: "sugerimos à atleta a escolher melhor seus parceiros, ou exigir testes de controle de dopagem aos sapecas, antes de embates amorosos. Ou então, que façam amor, mas evitem os testes surpresas de controle de dopagem!
Enquanto a saliente Simmonds seguirá sua vida livre, cheia de glamour, amor e grandes competições internacionais, o esquecido e obscuro triatleta iraquiano, o esforçado Idrees, segue seu exílio esportivo de 2 anos, praguejando contra aquele médico vizinho, que, ao socorrê-lo de uma crise asmática e de uma garganta em fogo, sapecou-lhe um leve punhado de corticoides.
E os dias, na bucólica Lausanne, onde Simmonds vive com seu dopado amor, e as cortes que decidem e julgam o esporte mundial, do alto de suas fachadas de vidro que espelham o lindo espelho d'água do fotogênico Lago de Genebra, seguem suas rotinas de justiça e esportes.
Será que não é hora de acabar com esta farsa de sempre: dois pesos e duas medidas, no mundo dos esportes?
Será que alguém me responde:
- O triatleta semiamador iraquiano realmente tentou se dopar, ou apenas queria se recuperar mais rapidamente para competir em uma prova continental?
- Quanto de Ligandrol seria necessário, ao ser misturado em uma fórmula de suplementos à base de proteínas, ser ingerido para que fosse suficiente a aparecer no sangue do parceiro de Simmonds?
E, sim, esta pergunta teria que ser respondida pela ciência, com toda a seriedade e com a devida vênia: quanto sêmen do vigoroso parceiro de Simmonds, seria suficiente para contaminar, de forma íntima, a atleta em questão? Lembrando que a substância dopante contaminou a fórmula do suplemento do parceiro, que foi absorvido pelo organismo dele, daí chegou à corrente sanguínea, que contaminou, diz Simmond em sua defesa no tribunal, diversas vezes o sêmen de seu incansável parceiro, e finalmente contaminou o corpo da também incansável, ou glutona triatleta!
Como se dizia antigamente, nas grandes redações, analógicas e felizes: Parem as Máquinas!
Love is in the air!
Lauter Nogueira
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