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Lauter no Lance!: The Great World Race, será essa a última fronteira? Alguém se habilita?

Correr uma maratona é um ato extremo para a maioria dos mortais

Competidores da Maratona de Sydney passam pela Harbour Bridge (Foto: Saeed KHAN / AFP)
imagem cameraCompetidores da Maratona de Sydney passam pela Harbour Bridge (Foto: Saeed Khan / AFP)
Autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, esse texto não reflete necessariamente a opinião do Lance!
Dia 16/12/2025
18:17

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Correr uma maratona é um ato extremo para a maioria dos mortais, conscientes de suas finitudes. Demanda tempo para treinar, disposição para encarar jornadas diárias solitárias, em acostamentos, ciclovias e estradas bucólicas de terra. Há que se dedicar muito para cumprir a meta, cruzar a linha de chegada, distante 42.195 metros da largada, em razoáveis condições física e mental. Alguns poucos milhões de abnegados corredores conseguem. Muitos nunca tentaram, nem tentarão.

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Mas, e se a proposta for impossível, ou quase, ou inumana? Existe a chance de alguém aceitar? Então, vamos lá: a proposta, quase, indecente é a seguinte: correr setemaratonas. Bom, até aqui, alguns aceitarão, e a maioria cumprirá a meta.

Mas não ficamos por aqui: Serão sete maratonas, uma a cada dia de uma insana semana. Já se torna intangível, impossível para reles mortais.

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Mas o drama ainda não acabou. Até Sísifo, em sua mania excêntrica de empurrar pedras montanha acima, avisou que não topa, alegando cansaço! Preste bem atenção ao que vou expor, com calma e serenidade, que o momento requer: correr sete maratonas, em uma semana, uma a cada dia, e atenção, cada uma em um continente diferente! Sim, não basta ser invencível na mãe de todas as provas do atletismo, tem que ser quase onipresente! Tem que seguir uma logística especial e complexa. Vamos aos detalhes, que irão te horrorizar mais ainda, como se fosse possível algo mais assustador.

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Sim, sempre dá para tornar o absurdo mais incrível ainda, veja o que vou expor agora. Aguenta firme!

Comecemos pelo histórico dos organizadores. Apenas duas empresas se dedicam a este tipo de insanidade intercontinental, e a que consegue entregar esta quase impossível logística global, com mais conforto e segurança é a Run Fun Travel , que transforma os voos transoceânicos em verdadeiro salão de recovery! 

Ah, eu já ia esquecendo, a primeira maratona da longa jornada semana adentro, acontece na.......Antártida. Sim, é no continente gelado, mais especificamente em Wolf's Fang. Mas, sim, sempre tem um "mas", a concentração para o início da jornada, acontece na Cidade do Cabo, local mais próximo do ponto de largada, na Antártida. E a sequência toda do insano cronograma é a seguinte:

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The Great World Race, uma jornada que começa em 12 de novembro de 2026, na Cidade do Cabo, com a recepção e chegada de todos os loucos, digo, maratonistas! E segue assim:

13 de novembro: reunião geral com os diretores de prova e logística

14 de novembro: preparação para a ida à Antártida

15 de novembro: chegada a Wolf's Fang (Antártida) e primeira maratona!

16 de novembro: Cidade do Cabo, segunda maratona (África)

17 de novembro: Perth (Austrália), terceira maratona (Oceania)

18 de novembro: Istambul asiática, quarta maratona

19 de novembro: apenas a travessia de uma ponte, 5ª maratona (Istambul) Europa

20 de novembro: Cartagena, litoral colombiano, América do Sul, 6ª maratona

21 de novembro: Miami, América do Norte, fim da linha, 7ª maratona!  Você é um monstro!

Aí está, posto, o desafio: sete maratonas, em sete dias contínuos, correndo em sete continentes diferentes!

Custo da inscrição, dessa volta ao mundo, correndo: "apenas" 49,500 euros! E eu reclamando do valor do Ironman!

Mas este indecente valor cobre toda a complexa logística para conseguir saltitar entre continentes, após cada chegada (que tem um "deadline" diário de tempo para cumprir cada maratona diária: oito longas horas, quem ultrapassar, está fora!). Neste momento, fico aqui pensando com meus botões, o que será mais difícil conquistar: estar treinado para este hercúleo desafio? Conseguir completar a longa missão diária, por toda a semana? Ou conseguir pagar a maldita inscrição da odisseia?

Sete maratonas em uma semana

Para uma prova desta magnitude, acho que todos os desafios beiram o impossível. Mas não para um seletíssimo grupo de seres, aparentemente, humanos! Em novembro passado, aconteceu a 3ª edição da Great World Race, que tivemos os seguintes números no desafio principal (sete maratonas dia a dia) :

- Participantes que concluíram a prova oficialmente:  14 mulheres e 25 homens

- Participantes que concluíram as meias maratonas (vulgo, cafés com leite!): quatro mulheres e oito homens

-Tempo médio (média de todos os sete tempos) do vencedor: 3h22'57". O mais rápido, Miami (3h09'17") e o mais lento (e difícil, lógico), Antártica (4h08'44").

Nome da feraà Paul Box (USA)

- Tempo médio da vencedora: 3h54'14" que a colocaria no 5º lugar geral da prova!

O mais rápido, atenção, Abu Dhabi (3h00'05"), e o mais lento lógico, Antártida (4h38'16")

Nome da feraà Roma Puisiene (LTU).

Depois de ter lido, confesso que meio incrédulo, seja pelo desafio físico, ou o de logística, desabafei com alguns poucos amigos. Contei a história do evento, as características de cada maratona, e esperei desconforto semelhante. Ledo engano, a primeira, uma médica maratonista, ansiosa por estrear num Ironman, já acostumada com as mazelas físicas de pacientes, às vezes impacientes, sorriu encantada, com os olhinhos brilhando, balbuciou emocionada, um lacônico e definitivo "eu quero!!".

Então tá! Tem gente com fôlego pra tudo, basta um louco inventar algo impossível, que alguns seres especiais tentam, e quase sempre conseguem, torná-lo factível. Eu sigo daqui, teclando e sonhando, sonhando e lembrando, de viagens quase sem fim, por esse mundão irascível e belicoso. Espero que as milhas (de voo e de asfalto e gelo) lhes sejam leves. No mais, vamos botar os audazes para treinar duro, dia após dia, chova ou faça sol, pois em 2027**, literalmente, correrão o mundo em uma simples semana. Que semana!

** consegui convencê-la de que 2026 será ano de Ironman e PB na maratona!

O ator Nicolas Prattes após a Maratona de Sydney (Reprodução)
O ator Nicolas Prattes após a Maratona de Sydney (Reprodução)

 Lauter Nogueira

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