Paiva exalta ‘melhor primeiro tempo’ com o Botafogo, mas reconhece queda
Treinador se diz satisfeito com a atuação do Glorioso na vitória sobre o Estudiantes

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Técnico do Botafogo, Renato Paiva analisou a atuação da equipe na vitória por 3 a 2 sobre o Estudiantes nesta quarta-feira (14), pela quinta rodada da fase de grupos da Libertadores. Em entrevista coletiva após a partida no estádio Nilton Santos, o português elogiou o primeiro tempo da equipe, mas reconheceu queda de rendimento – justificada pelo cansaço – no segundo.
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— O primeiro tempo eu acho que, talvez, foi o melhor desde que aqui chegamos. Muito completa ofensiva e defensivamente. O Estudiantes não conseguiu jogar, a nossa pressão foi asfixiante, a nossa forma de jogar podia ter sido um bocadinho mais na criação de situações de finalização, mas não foi. Mesmo assim tivemos jogadas muito bem elaboradas e relembro que não é fácil jogar contra uma linha de cinco na defesa. No intervalo, mostrarmos imagens aos jogadores, no momento do cruzamento, estavam quatro jogadores dentro da área. Eu disse: não caiam na tentação dos cruzamentos diretos. Procurem as costas ou os intervalos da linha defensiva. Não é fácil, jogaram com a classificação nesse momento, jogaram com a pressão de ser uma final para nós e nós mantivemos a serenidade de não cair numa situação de cruzamento e tentamos saltar uma linha de cinco. Corrigi o posicionamento do Cuiabano, que estava muito metido na linha e o Telles não tinha condição de poder jogar de forma de articular e mexer e fazer saltar os jogadores da linha de cima - analisou Paiva.
— A segunda parte é um bocadinho de duas coisas, a reação do adversário que marca um gol do nada, num pênalti do nada e depois o cansaço de alguns jogadores. E tu sentes que o Artur está cansado, que o Marlon está cansado, mas depois é o Marlon que faz o passe para o Artur e é o Artur que faz o terceiro gol. E o treinador vive nestas incertezas e por isso é que é a nossa vida de tomar decisões — completou o treinador do Botafogo.
Renato Paiva exaltou também os fatores que fizeram com que a equipe alvinegra buscasse o gol da vitória já nos minutos finais em bela jogada de Artur. Ele evitou atribuir o resultado apenas à resiliência do time.
— Por mais que eu queira afastar os componentes do rendimento, eu não consigo. Se for só resiliência, você não dá dois chutes na bola. Se for só técnica, não sabe o que vai fazer em campo. Se for tática, e não der dois chutes certos, não conseguir fazer os fundamentos básicos, não consegue jogar. Os quatro fatores são fundamentais: psicológico, físico, tático e técnico. O físico, se não tiver estrutura, não consegue fazer a pressão asfixiante que fizemos hoje. Se me disseres o mais importante, é a tática, ela manda. Porque é ensinar o jogo, o que queremos. Um exercício mostra o que os jogadores apreendem, mas os outros três fatores precisam estar presentes. Hoje, você (jornalista) fala de resiliência, mas fala no 2 a 2, antes da resiliência houve tática, técnica, física e a parte emocional de dizer que o Estudiantes não vai jogar, que vão fazer dois passes e depois não jogam — destacou o técnico.
Outras respostas de Paiva após Botafogo x Estudiantes
Posicionamento do Cuiabano
— Desde o que tem acontecido, com lesões e punições, aqui ou em nenhum microfone, ou na Libertadores, só vou me queixar quando faltarem vinte jogadores. Como não faltam vinte e consigo escalar onze, desde que eu consiga fazer 11, tudo bem. As contratações começam a se adaptar, como o Rwan. E o Cuiabano, por sua verticalidade e capacidade de finalização, dava ritmo ao Telles. O Telles está numa idade que precisa jogar. Eles se entendem às mil maravilhas. Dá para invertê-los porque se conhecem muito bem . É encontrar soluções em vez de chorar as ausências - comentou.
Papo com Alex Telles
— A expectativa do grupo é o reflexo que criamos aqui. A proximidade que quero com os jogadores, que eles me deem o respeito por mim sem eu precisar ser um sargentão. Termos a capacidade de proatividade da parte deles. O Telles veio dizer: "Mister, fecha o jogo". É a experiência dele, não é um jogador jovem, disputou grandes campeonatos. Veio dizer uma coisa que já tinha decidido, fechar o jogo, óbvio. Quem está no futebol há tempo, olha para o jogo e toma a decisão de fechar, mesmo que muitas pessoas não queiram. Corremos riscos, tínhamos jogadores desgastados.
Clássico contra o Flamengo
— É um tremendo elenco. Uma equipe que tem uma forma de jogar qualificada. O treinador de uma escola com muitos treinadores qualificados. Está fazendo um grande trabalho mesmo com pouco tempo. Quero que minha equipe jogue com o Flamengo como fez nos últimos dois jogos. Olhos nos olhos. São duas equipes do Rio de Janeiro, somos campeões da Série A. Temos que jogar dessa forma. Temos que mudar um pouquinho a forma como fazemos fora de casa. São seis jogos com cinco vitórias. Só perdemos para o Bahia. Precisamos ser mais competentes fora para brigarmos por títulos. Jogar em casa com essa moldura fantástica que tivemos hoje ou com os sete mil que apoiaram. Era muito fácil no 2 a 2 dos Estudiantes, os torcedores terem desistido, mas sentiram que pelo que a equipe fez até ali era injusto. Foram o 12º jogador, acreditaram que o 3 a 2 estava ali. Nossa equipe mostrou grande caráter, mas sem a torcida seria impossível. Vamos jogar com zero medo contra uma grande instituição do Rio de Janeiro (Flamengo), como a nossa. Vamos com muito respeito e zero medo.
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Busca pelo time ideal
— Você vai ficando sem solução e depois vai encontrando dentro do que tem. Eu não gosto de mexer muito no time, gosto de manter uma coluna vertebral, mesmo com o calendário pesado. Mas sou obrigado. E tenho que encontrar soluções. Desde algum tempo, quero que meus adversários, por exemplo, o Filipe, Luís pense: "o Botafogo vem com dois atacantes ou com um?". É 4-3-3 ou 4-2-3-1? Eu tenho que pensar nisso também. É manter alguma imprevisibilidade. Quis fazer isso entre o jogo do Inter e o de hoje e a equipe deu uma resposta muito boa. Conseguiu jogar bem com um e com dois atacantes. Desde que eu entre com 11, topo.
Desempenho ofensivo
— Temos um ou outro momento que podemos treinar, agora só temos jogo domingo, amanhã muita gente vai estar se recuperando, possivelmente depois de amanhã ainda teremos alguns a recuperar e, possivelmente, no sábado vamos fazer algumas coisas, mas num volume muito baixo. Mas aquilo que eu digo, as vantagens do jogo posicional são as dinâmicas que criam, basta os jogadores perceberem onde estão, com quem estão acompanhando e partir de um tipo de dinâmica individual para passar e desmarcar, a fazer combinação direta, a um atacar profundidade, outro a jogar no apoio, fora-dentro, dentro-fora. Isso são dinâmicas dos jogos deles, eu só quero que eles estejam juntos, o que não aconteceu no primeiro tempo. Quando Telles recebe, tinha que cruzar ou jogar para trás porque faltava ali o Cuiabano e o Arthur para poderem fazer mexer a linha de cinco (da defesa do Estudiantes). De fato, fazer três gols numa linha cinco é um grande mérito, não é fácil. Portanto, esses detalhes que vamos trabalhando pontualmente com a ajuda do vídeo. E, depois é o jogo, é o jogar constantemente, se conhecer. Não tem tempo para treinar, eles têm que se conhecer jogando. É correto? Não é.
Impacto do desgaste
— Quando percebemos que o espetáculo das equipes no Brasil começam a baixar, é porque as equipes do Brasil não treinam e isso é um problema. As equipes só jogam. E naturalmente quando tu não treina, não se prepara, só recupera e joga, a qualidade dos espetáculos vai baixar. Eu não tenho a mínima dúvida, mas pronto, é o que é. Hoje já tivemos um Rwan num plano completamente diferente, temos um Artur adaptado numa posição, que fez um jogo absolutamente fantástico, mas fizeram todos, não gosto de individualizar. Tenho que encontrar solução para os problemas, olhar para o que tenho e encontrar soluções.
Dois centroavantes
— Quando jogamos contra o Internacional só com um nove, porque tivemos o Mastriani lesionado, e porque eu já sabia que o Estudiantes viria com uma linha de cinco (na defesa) e eu iria precisar de dois noves, então muda aí um bocadinho contra o Internacional para ter um Rwan fresco. Porque o Igor tem se desgastado muito. Esse dois "noves", para além de muita coisa, liberam o Artur e deixam ele desbloquear o jogo como nós queríamos.
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