Exclusivo: Demoliner, um tenista e influenciador que saiu da zona de conforto
Gaúcho é o principal favorito nas duplas, ao lado de Orlando Luz, no Costa do Sauípe Open
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Quinto melhor duplista brasileiro da atualidade, Marcelo Demoliner, de 36 anos, gaúcho de Caxias do Sul, se sente tão à vontade numa quadra de tênis quanto na frente das câmeras. Que o digam seus mais de 115 mil seguidores no Instagram, para quem costuma divulgar ótimos vídeos com os bastidores e curiosidades do circuito mundial, como esse, acima.
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Principal favorito nas duplas, ao lado de Orlando Luz, no Costa do Sauípe Open, na Bahia, Demoliner, em entrevista exclusiva ao Lance!, se mostra feliz com a evolução de suas performances como influenciador:
- Essa ideia teve início em 2019, quando comecei a pensar em qual legado gostaria de deixar, mostrar algo que as pessoas não conseguem ver, ou curiosidades que elas não saibam - explica o atual 81 do mundo, que gosta de acompanhar podcasts como o New Balls, Please, de Fernando Meligeni e Fernando Nardini, e o do americano Andy Roddick.
Desde o começo dos vídeos no Instagram, Demo conta com a ajuda do jornalista João Araripe:
- Ele começou a me ajudar a me tornar também um melhor comunicador. Hoje, eu sou muito melhor do que em 2019. Lá, eu tinha muitas dificuldades em me comunicar e a gente começou de pouquinho a pouquinho e foi crescendo muito, porque são assuntos de curiosidades que as pessoas sempre têm de dúvidas. E raramente alguém as esclarece, e a gente tem a sorte de estar no mundo tenístico de alto nível, de jogar os melhores torneios e conviver com os principais tenistas do mundo. Primeiro, eu queria dar um pouquinho pras pessoas o que elas não conseguiam ver, estar ou sentir. Então, era uma forma de retribuir um pouquinho de tudo que o tênis já me deu.
Logo no início da parceria, Demoliner e Araripe tiveram a (bela) sacada de usar as iniciais do sobrenome do gaúcho:
- A gente teve também a sorte de estar bem no momento de transição das redes sociais e começamos a criar slogans com o meu sobrenome, com o Demo. Daí, a gente começou com demonstrando e Respondemo.
E, em 2026, vem novidade nessa área:
- A gente está criando um outro, bem legal, no próximo ano que vai ser o Democratizando o Tênis, principalmente para os amadores. A gente está com várias ideias assim. E o nome se encaixa com o produto e virou um slogan. Agora as pessoas falam: ó, Demonstrando aí. Eu queria retribuir um pouquinho pras pessoas. E daí, começou a ir tão bem que isso se tornou uma oportunidade digital.
Quem vê a facilidade de Demo nos vídeos de uns tempos para cá não imagina as dificuldades que ele enfrentou no início:
- Tive que sair muito da zona de conforto, da questão de timidez, de nunca ter trabalhado com comunicação. Sempre foi na marra de ver vídeos, analisando como as pessoas falavam, como elas tinham que se comportar, como perguntar ou como falar em vídeo. Então, foi tudo, assim, uma crescente de amadurecimento - recorda o ex-número 34 do mundo (seu melhor ranking, alcançado em 2017).
O lado influenciador do quinto melhor duplista brasileiro da atualidade também é visando o futuro, mesmo porque a aposentadoria não está longe.
- Meu sonho e objetivo é jogar mais um ciclo olímpico. Então, eu vou jogar pelo menos mais três anos. Só que três anos passam rápido, né? Estou preparando muito bem o meu pós-carreira pra não ser pego de surpresa na hora que acabar o tênis profissional na minha vida.
Resiliência acima de tudo
O parceiro do também gaúcho Orlando Luz diz que é preciso resiliência para ficar tanto tempo fora de casa e seguir no tênis profissional.
- Obviamente, quando você está no início da carreira, está com o tanque cheio, tudo é maravilhoso, tudo é novo, bonito, aí você avança igual a avião a jato. Só que, depois de 10 anos, você volta aos mesmos lugares, precisa viajar pra Austrália, tem que se acostumar com o fuso horário...aí você pega um voo lá na 'cachorreira', que, eu brinco, é a classe econômica. Eu, como sou grande, fico parecendo estar numa lata de sardinha. Então, o maior desafio é se manter com essa resiliência por tanto tempo e entender que, para os sul-americanos, vai ser assim a vida inteira. A menos que você formate uma base na Europa, onde estão os principais torneios e mais pontos, o que alguns jogadores que conheço fazem.
De volta a Sauípe após 15 anos
Nesta semana, Demo está de volta ao Sauípe pela primeira vez em 15 anos. Em 2010, o gaúcho jogou o Brasil Open ao lado do alagoano Tiago Fernandes, mas parou na estreia, diante do paulistaThomaz Bellucci e do gaúcho Marcos Daniel:
- O lugar aqui é maravilhoso, muito propício para um torneio de tênis. O resort, as quadras perto, o ambiente. Eu acho que traz de novo a memória do torneio das décadas atrás, que era muito legal com o Guga aqui. Eu lembro da despedida dele aqui (em fevereiro de 2008). Esse torneio me traz boas lembranças e foi muito legal de renascer esse torneio aqui. A gente está muito feliz.

Dupla campeã de dois Challengers
Nesta quinta-feira (23), Demo e o também gaúcho Orlando Luz, de 27 anos, estreiam contra o chileno Tomas Barrios Vera e o argentino Juan Pablo Ficovich. Nas últimas quatro semanas, a dupla de brasileiros conquistou dois Challengers seguidos, em Braga, Portugal, e Valência, na Espanha.
- A gente começou a conversar depois do US Open, porque nós dois tivemos um ano em que trocamos muito de parceiros. E a gente pensou: vamos tentar fazer um final de ano juntos para ficar parando de pular de galho em galho. Nas duplas, se tem um entrosamento legal, a chance de ter bons resultados sobe muito - cita o tenista e influenciador.
Esposa fez a dança da chuva
No Costa do Sauípe Open, o número 5 do país nas duplas tem a companhia da esposa, Loise Demoliner. Por causa dela e de parte de sua família, que mora em Caxias do Sul, Demo, quando está no Brasil, o duplista se alterna entre a cidade gaúcha e o Rio de Janeiro, onde treina na Tennis Route.
- É aquele ditado: Esposa feliz, casamento feliz, né (risos)? Então, ela mora lá em Caxias com a família. Eu tenho também toda a minha família lá, daí fico fazendo esse bate-e-volta.
Mantendo o bom humor habitual, Demoliner explica o porquê de ter chovido dois dias seguidos na Costa do Sauípe:
- Já falei pra ela quem é pé frio. Ela que trouxe a chuva, outro dia ela foi comigo a um torneio em Piracicaba, e também choveu. A gente brinca que ela faz a dança da chuva (risos).

Olhando para a frente, o duplista e influenciador demonstra otimismo sobre a modalidade no país:
- Acredito que nos próximos 15, 20 anos, a modalidade vai estar num hype muito grande no nosso país por causa do João Fonseca. Acredito que será um crescimento muito avassalador nos próximos anos e vai entrar muita gente que não é do tênis. Precisamos democratizar.
- O repórter viaja a convite da organização

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