EXCLUSIVO: Hugo Souza faz balanço da Seleção, cita convívio com Ancelotti e exalta Dorival
Ao Lance!, goleiro fala sobre a carreira e do sonho de estar na Copa do Mundo

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TERESÓPOLIS - Hugo Souza está feliz. Aos 26 anos, o goleiro do Corinthians está com a Seleção Brasileira pela segunda vez com Carlo Ancelotti, e ainda que reconheça que “a concorrência é grande”, se vê com boas chances de estar com o Brasil na Copa do Mundo de 2026.
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O goleiro concedeu entrevista exclusiva ao Lance! neste domingo (7), na manhã com tempo fechado e temperatura amena na Granja Comary, em Teresópolis. Na conversa, falou sobre Seleção, sobre técnicos com quem já trabalhou e sobre quais goleiros o inspiram. Três deles têm histórico longo pela Seleção Brasileira, mas há também nomes que fazem sucesso mundo afora.
Confira a entrevista de Hugo Souza ao Lance!
LANCE! - Como tem sido estes dias na Granja Comary? A atmosfera é aquela mesma que você esperava?
HUGO SOUZA - E tranquila é sempre, sempre bom. Vinha aqui com a Seleção de base ainda, e o clima daqui é sempre gostoso. É um clima muito familiar. A gente é sempre muito bem acolhido pelos profissionais que trabalham aqui. E, bom, além do grupo de atletas que também tem aqui, em que todo mundo já se conhece, todo mundo já está familiarizado. Então isso agrega bastante e deixa o dia a dia mais leve.
Muda o sentimento de quando é a Seleção de base e quando é Seleção principal?
Ah, muda total. A Seleção de base é legal, é importante você ter essa saudade da Seleção de base. Mas quando você chega ao nível da Seleção principal é o ápice dos jogadores. É a confirmação de tudo aquilo que você trabalhou durante a sua vida toda para chegar. E, cara, isso é inexplicável. É um sentimento que, todas as vezes que acontecer, eu não vou saber explicar como é grande a felicidade de estar aqui.
Este grupo de jogadores é bem heterogêneo. Tem jogadores com longa carreira na Seleção, o Casemiro, o Marquinhos, o Alisson, e outros mais novos, o que inclui você. Como se dá essa interação entre os mais experientes e os mais novos?
Acho muito importante, porque eles deixam a gente mais à vontade. A gente que está chegando agora, está iniciando o nosso processo de Seleção, está batalhando, trabalhando para também ter essa carreira longa aqui, igual eles têm. Eles são caras sensacionais, espetaculares, que deixam a gente super à vontade para trabalhar, para ser a gente no dia a dia. E são referências. A gente olha para eles com um olhar de referência. Com certeza, é um prazer compartilhar do dia a dia com caras que têm tanto a agregar para a nossa carreira.
Como é trabalhar com Carlo Ancelotti?
Cara, é uma figura pesada do futebol. A gente sabe, não precisa ficar falando. E é um cara que tem muito a agregar. Tem muito conhecimento para trazer, tem muita coisa boa. Estamos muito felizes de tê-lo como treinador, de poder compartilhar desse dia a dia com ele, de conhecer um cara tão vitorioso no futebol como ele. E eu espero que, assim como até agora eu estive nas duas convocações com ele, eu possa também, se Deus quiser, continuar vindo para que eu possa continuar mostrando o meu trabalho. Talvez se eu vim na primeira e na segunda, talvez seja o que eles gostaram. Tenho que continuar trabalhando para que, se Deus quiser, ano que vem o sonho de estar na Copa do Mundo possa se realizar.
Ele está aprendendo a falar bem o português. Vocês ajudam ele lá na concentração?
Está sim, ele está se esforçando bastante. Muito bem até, muito bem, por sinal. E isso é legal, né? Mostrar que ele está por dentro da nossa cultura, que está querendo se envolver mais com a gente. As preleções ele já tenta falar em português. Todas as conversas que a gente têm, as reuniões, ele já tenta falar em português. Tem que parabenizá-lo, porque a nossa língua é mais difícil de aprender do que a dele. E ele tem se saído muito bem.

Hugo Souza exalta Dorival Jr: "Tenho muito a agradecer"
Bom, aqui você trabalha com o Ancelotti. No Corinthians você trabalha com o Dorival Jr, antecessor dele na Seleção. Você já trabalhou com o Tite. O que cada um desses treinadores agregou para você?
O professor Dorival é uma pessoa que eu tenho no dia a dia, que eu adoro muito pelo conhecimento, pela história de vitórias que ele tem, pela longa carreira no futebol. É uma pessoa respeitada. Eu tenho que agradecer a ele também, porque chegou no clube e me ajudou da melhor forma possível. Para mim foi um prazer trabalhar com ele, tanto no Flamengo como agora no Corinthians. E o professor Tite eu tive a oportunidade de passar dez dias com ele quando vim à Seleção, há alguns anos. É um ser humano ímpar, um treinador excepcional. Não tive o prazer de trabalhar com ele de novo, mas eu não sei o que o futebol me aguarda daqui para frente. Espero que ele continue sendo esse cara, sem esquecer o excepcional que ele é. Sobre o Ancelotti eu não tenho o que falar, acho que eu já falei. São três treinadores pesados da história do futebol brasileiro e do futebol mundial. Os caras só têm a agregar na minha carreira. Fico feliz por ter tido esses caras como treinadores no meu currículo.
Você falou que não dá para saber o que vai vir daqui para a frente na tua carreira. Já foi titular do Flamengo, titular do Corinthians, das duas maiores torcidas do país. Está no grupo da Seleção nas Eliminatórias. Como projeta o restante da carreira?
Sou um cara que tem sonhos e tem projetos, mas eu trabalho direitinho, eu penso no dia a dia. Estou muito focado em criar e construir uma história melhor ainda do que eu venho construindo no Corinthians. Tenho um apego, um amor e um carinho muito grande pelo clube, pela torcida, pela atmosfera que tem o Corinthians dentro do clube. Então, sou muito grato pelo que eu vivo lá. Meu foco total é, se Deus quiser, prolongar essa minha história com o Corinthians para que eu possa ganhar mais títulos, como foi o título do Paulista. Que eu possa ganhar outros títulos, que eu possa me afirmar cada vez mais. Quem sabe um dia me colocar numa prateleira de ídolos e me afirmar cada vez mais aqui na Seleção.
Óbvio que o foco maior da minha carreira neste momento é a Copa do Mundo do ano que vem. E eu vou fazer tudo o que eu puder fazer para estar lá. Eu sei que a concorrência é muito alta, é difícil, mas eu acho que estar aqui mostra que o trabalho está no caminho certo, que está tudo sendo feito da melhor forma possível. Acho que tem que continuar fazendo isso, melhorar, evoluir, para que, se Deus quiser, o sonho possa se cofirmar ano que vem.
Você falou que pretende prolongar muito tempo a sua carreira no Corinthians, mas em algum momento você vislumbra voltar à Europa? Ou isso não está no seu horizonte no momento?
Não sei o que me aguarda daqui para frente. Tenho um contrato longo com o Corinthians, tenho vontade de permanecer no clube durante um longo tempo. Tenho vontade de permanecer e fazer história no clube. Meu foco total hoje é isso. Minha carreira está nas mãos de Deus, mas eu creio que as coisas têm andado muito bem. O meu foco principal hoje é dar o melhor pelo clube, para o clube que eu visto a camisa, o clube que eu aprendi a amar desde o primeiro dia. Eu tenho sonhos, sou novo também, acredito que a minha carreira tem muita coisa para acontecer.
Quais goleiros te inspiram ou te inspiraram? E, aliás, como você se tornou goleiro? Porque, em geral, as pessoas querem jogar no campo, não no gol...
O futebol faz parte da minha família, de alguma forma. O meu pai tentou jogar bola, meus irmãos tentaram jogar bola. Por um acaso, eu ganhei o futebol na minha vida, literalmente por um acaso. Eu nunca tinha jogado bola, eu tinha cinco anos de idade. Até que um tio meu me levou para fazer um teste no Vasco. Comecei a fazer um teste na linha, só que eu sempre fui o maior de todos eles. Com cinco anos, em comparação a outras crianças, eu era muito grande. E, aí, teve um dia que o goleiro faltou e eu pedi para agarrar. Teve um diretor naquela época, o Márcio, que já faleceu, que Deus o tenha… Sempre conto essa história, porque a filha dele é uma grande amiga minha, e a vida fez questão de unir a gente de alguma forma, porque eu criei a amizade com um amigo meu de anos, que depois de um tempo se casou com ela. Por conta do Márcio eu virei goleiro. Ele me viu naquele dia, olhou para o meu pai e falou assim: “Oh, seu filho vai ser goleiro”. Tinha apenas cinco anos de idade, mas ele, acho que naquele momento Deus tocou no coração dele, e abriu a visão. Ele falou que eu ia ser goleiro, e eu virei goleiro.
E quais goleiros te inspiram?
Cresci assistindo, e eu me inspiro muito, porque eu vi a minha vida toda: Dida, Júlio César e e o Buffon, que são as três maiores referências. São caras que eu cresci assistindo. Eu tenho algumas referências atuais também, goleiros que eu acompanho muito, que eu sou muito fã do trabalho. O Alisson é um deles, o Courtois é um deles, o Oblak é outro deles. Eu acompanho esses caras, tenho como referência atual.
"Taffarel nos deixa muito à vontade", diz goleiro
LANCE! - Como é trabalhar com o Taffarel? Ele é muito exigente?
HUGO SOUZA - Pesa um pouquinho, né? Com toda a história que ele tem, a camisa da Seleção, a importância que ele tem para a história do futebol brasileiro. É um cara que é muito respeitado, mas, ao mesmo tempo, é um cara excepcional, que faz com que o nosso dia seja o mais leve e o mais feliz possível. É um cara alegre, feliz, que está sempre com um bom astral.
Além de ser quem ele é, a gente olha para ele com esse olhar de “Caraca, o Taffarel!”, e ele consegue deixar a gente muito à vontade, mostrar para a gente o quão bom a gente é, mostrar que a gente não está aqui à toa, mostrar que a Seleção é a confirmação de tudo o que a gente trabalhou para viver. É um prazer trabalhar no dia a dia com ele, trabalhar na Seleção com ele. Eu espero que a gente trabalhe juntos durante muitos anos. Tenho um carinho muito grande por ele.
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Você falou que um dos focos hoje é estar na Seleção Brasileira, e que a concorrência é grande para a Copa do Mundo. O que você precisa fazer para, lá em maio, o Ancelotti anunciar o seu nome para a Copa do Mundo?
Acredito que o fato de estar aqui, de ter sido convocado não uma, mas duas vezes seguidas, mostra que o meu trabalho está sendo feito da melhor forma, pela minha família, pelo meu staff, pelas pessoas que eu vejo. Para a gente conseguir viver algumas coisas, a gente deixa de viver outras. No momento em que eu aprendi isso na minha vida, a minha vida começou a melhorar muito. E graças a Deus as coisas têm acontecido da melhor forma. Estar aqui já é uma boa resposta para tudo isso que eu estou vivendo, para tudo o que eu vivi lá atrás. Tenho que continuar fazendo o que eu estou fazendo até agora. Muita atividade, muito trabalho, pé no chão, entendendo que para estar aqui é muito difícil. Eu preciso cada vez mais me superar

Já encarou uma altitude como a de El Alto, onde o Brasil enfrenta a Bolívia, ou alguma coisa parecida com isso?
Não, o máximo que eu joguei foi em Quito (nota da redação: são 2.850 metros, enquanto El Alto está a 4.150m). Já é alto, mas se não chegar perto. O nome já diz… Mas a gente tem uma preparação especial para isso tudo. É o Brasil, e a gente tem que entrar para vencer em qualquer jogo. Vamos buscar a vitória de qualquer forma, para que a gente possa encerrar as Eliminatórias da melhor forma possível. E, se Deus quiser, que venham outras Datas Fifa para que a gente possa se agrupar cada vez mais, se fechar cada vez mais, para que quando chegar a Copa do Mundo eu esteja pronto.
Menos de 24 horas após o jogo em El Alto tem jogo do Corinthians na Neo Química Arena. O Hugo Souza estar em campo na quarta-feira?
Vou estar lá, vou estar lá. De qualquer jeito eu vou estar lá. Mas o Corinthians já nos preparou para isso. Tem programação de viagem, tem uma programação de descanso, tem tudo pronto para que eu esteja dentro do campo. O torcedor do Corinthians pode ficar tranquilo que na quarta-feira nós vamos entrar dentro do campo.
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