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Em Teresópolis, estádio que recebeu Pelé e Garrincha tenta ficar de pé

Grama vira mato e estrutura se deteriora em área central da cidade

Estádio Antônio Savattone, em Teresópolis
imagem cameraPor pouco o Estádio Antônio Savattone não virou um condomínio (Foto: Marcio Dolzan/Lance!)
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Marcio Dolzan
Enviado Especial
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Leonardo Bessa
Enviado Especial
Dia 05/09/2025
13:00

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TERESÓPOLIS - Enquanto a Seleção de Carlo Ancelotti treina em campos de grama impecável e desfruta de uma estrutura de alto padrão para descanso, preparação e recuperação física na Granja Comary, a cinco minutos de lá um estádio histórico, que já recebeu Pelé e Garrincha, tenta se manter de pé. O Estádio Antônio Savattone, que por décadas foi casa do Teresópolis F.C., por pouco não foi derrubado para se tornar mais um grande condomínio. Retomado pelo município, o local agora espera por investidores para voltar a receber jogos de futebol.

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Os campeões mundiais de 1958 e 1962 passaram pelo estádio em 6 de maio de 1966, em meio à preparação para a Copa do Mundo daquele ano. Jornais da época, inclusive, citam que a Seleção Brasileira aproveitou o clima de Teresópolis para antecipar o ambiente e a neblina que encontrariam em Londres, uma das cidades-sede daquele Mundial. Vale lembrar que o atual CT da Seleção, a Granja Comary, seria inaugurada apenas duas décadas mais tarde.

Não há muitos registros do jogo-treino do Brasil no Antônio Savattone. O mais provável é que Garrincha de fato treinou naquele campo, mas Pelé teria sido poupado porque, à época, se recuperava de lesão muscular. Fato incontroverso é que a Seleção de 1966 fez um jogo naquele estádio. 

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Vizinhos e frequentadores de longa data do estádio dizem que o gramado nunca havia sido trocado, e que, portanto, ainda era “o mesmo” em que a Seleção Brasileira fez parte da preparação para a Copa do Mundo de 1966. Mas a grama foi retirada no início deste ano por uma empresa que, alegava, havia adquirido a propriedade junto ao Teresópolis F.C. Era o início do processo que culminaria com a derrubada do estádio e a construção de um empreendimento imobiliário — que, graças à mobilização de moradores e um detalhe nem tão pequeno da escritura do imóvel, isso não ocorreu. 

Ocorre que o terreno onde foi construído o estádio foi doado pela Prefeitura da cidade em 1959. Mas o artigo 3º da lei que autorizou a cessão do espaço era claro: “O imóvel doado se destina à prática de esportes e reverterá ao patrimônio municipal se não forem cumpridas as finalidades da doação”. Assim, a construção de um condomínio no local fugiu do escopo e, em abril deste ano, o município retomou a área.

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Estádio Antônio Savattone, em Teresópolis
Estádio Antônio Savattone perdeu a grama e ganhou mato (Foto: Marcio Dolzan/Lance!)

Prefeitura de Teresópolis busca parceria para recuperar o estádio

A reportagem do Lance! esteve no Antônio Savattone no início desta semana. Em vez de campo, o mato está tomando conta do local. Vestiários e salas que ficam abaixo da arquibancada estão abandonados. Em algumas delas, restam pedaços de troféus, quadros e diplomas.

Um busto de João Havelange, que presidia a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) à época em que a Seleção Brasileira treinou no estádio, estava abandonado em uma dessas salas. A peça foi levada para a prefeitura na terça-feira (2).

Secretária Municipal de Esporte e Lazer de Teresópolis, Erika Marra busca parcerias para recuperar o Estádio Antônio Savattone. Ela assumiu o cargo no mês passado, e argumenta que a situação das contas públicas do município impede que recursos sejam investidos no estádio.

— Pegamos uma prefeitura nova, com um novo prefeito (Leonardo Vasconcellos). Ele está sete meses à frente do município, e tem muita coisa ainda a ser feita — disse Erika ao Lance!.

— O prefeito pegou a cidade falida. Investir no estádio agora não é possível, mas ele está aberto à negociação. Uma coisa é certa: o prefeito quer modificar, ele não quer deixar isso do jeito que está.

A Prefeitura ainda não fez levantamento de custos para reformar o Antônio Savattone, mas Erika afirma que está aberta a ouvir todo tipo de proposta, seja de empresas privadas, seja de clubes. Ela deseja também bater à porta da CBF. A modelagem do negócio também não está definida: pode ser tanto uma reforma que reabra o estádio do jeito que ele sempre foi, como uma transformação em um grande complexo esporte. Há uma única exigência:

— Tem que ser voltado para o esporte. Isso aí a gente não abre mão — afirmou Érika.

A reportagem do Lance! não conseguiu localizar os antigos responsáveis pelo terreno. O espaço está aberto para manifestação.

Busto de João Havelange no Estádio Antônio Savattone, em Teresópolis
Busto de João Havelange estava abandonado no Estádio Antônio Savattone (Foto: Marcio Dolzan/Lance!)
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