Análise – Neons multicoloridos apontavam para fracasso do Brasil Sub-20
Seleção da categoria acumulou fracassos nos últimos anos

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Demitir treinador costuma ser a resposta mais fácil dos cartolas brasileiros quando o time vai mal. Eventualmente a decisão é correta, mas na maioria das vezes ela serve apenas para acalmar o torcedor. Fosse diferente, a cada troca de comando os times deslanchariam e acumulariam sequência de bons resultados, e todos sabemos que não é o que acontece. Mas há também o outro lado: quando são mantidos técnicos cujos resultados sistematicamente são ruins, no mínimo há má avaliação de trabalho, e no máximo há omissão. E Ramon Menezes ter sido demitido do Brasil Sub-20 apenas no sábado (4), depois da pior campanha da história da Seleção num Mundial da categoria, fica em algum lugar no meio disso.
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O treinador estava no comando da equipe há três anos e meio, período no qual acumulou alguns sucessos, como o ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2023 e o título do Sul-Americano Sub-20 deste ano. Mas também passou incólume por dois fracassos e um vexame: sob seu comando, o Brasil foi eliminado por Israel nas quartas de final da Copa do Mundo Sub-20 de 2023; não se classificou para os Jogos Olímpicos de Paris-2024; e levou (atenção) 6 a 0 para a Argentina na primeira fase do Sul-Americano deste ano.
Havia um outdoor com neons multicoloridos apontando que era questão de tempo um novo fracasso, e ele veio no sábado.
Aquele atropelamento por 6 a 0 em janeiro levantou a questão sobre qual era o limite da tolerância da CBF com um treinador. Evidentemente ele era elástico, e só foi ultrapassado no sábado (4), quando o Brasil Sub-20 perdeu para a Espanha e foi eliminado da Copa do Mundo da categoria ainda na primeira fase. A Seleção se despediu do torneio com um ponto em nove disputados.
Ausências pouco justificam campanha do Brasil Sub-20
Pode-se, é verdade, apontar algumas desculpas para o desempenho ruim. Ramon Menezes tem razão quando aponta as dificuldades para montar a Seleção — os clubes não são obrigados a liberar jogadores para o Sub-20, e aí os nossos melhores ficam de fora. O problema é que isso vale para todo mundo e não é de hoje.
Além disso, o próprio Ramon já havia levantado essa questão todas as vezes em que convocou jogadores para os torneios, desde 2022. Se sabia que da próxima vez seria da mesma forma, poderia ele mesmo ter pedido o boné, ainda lá atrás. Se não pediu, foi sinal de que confiava no trabalho e nas condições que lhes eram dadas.
Pentacampeão mundial Sub-20, torneio que é realizado a cada dois anos, o Brasil completa seis edições seguidas sem título. Trata-se do maior jejum da história. Que a CBF considere bem isso quando for contratar o novo técnico.

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