Pitaco do Guffo: o legado do Mundial de Clubes
O que ficou de positivo da melhor invenção da Fifa dos últimos tempos

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Com a inquestionável vitória por 3x0 do Chelsea sobre o PSG no domingo (13/07) em New Jersey, encerrou-se o torneio mais bem sucedido da Fifa desde a criação da Copa do Mundo de seleções em 1930. Com uma média de 40 mil espectadores nos estádios, o reflexo do sucesso também veio nos espectadores no Brasil, com as emissoras que transmitiram o torneio tendo excelentes picos de audiência. O interesse do torcedor é o primeiro ponto do legado do Mundial de Clubes.
Mas além do sucesso do interesse do público, há outros pontos que conformam o legado do Mundial de Clubes: os dois atacantes, a linha de 5 ofensiva, a distância da qualidade do jogo por capacidade financeira dos clubes, e o quanto a Europa desconhece os clubes e jogadores da América do Sul (nem falar dos outros continentes).
A volta dos anos 90: os dois atacantes
Quem não se lembra da maior dupla de ataque dos anos 90, Bebeto e Romário? Nunca perderam jogando juntos. Aquela parceria era uma escolha tática muito comum nos times brasileiros naquela década. No século 21, começou a preponderância do extremo como peça chave de uma equipe, voltaram os pontas dos anos 80, e os dois atacantes entraram em desuso.

Mas vimos o Chelsea com Neto e Delap (depois João Pedro), o PSG com Kvaratskhelia e Doué (com a volta de Dembelé, três atacantes), o Bayern com Olisé e Kane, o City com Haaland e Doku. E por aí vai. Você vai dizer: “ué, mas isso não é novidade.” E a novidade não está na escalação em si, mas na movimentação desse segundo atacante com o centroavante.
No Mundial de Clubes vimos o externo driblador (Doué, Olise, Doku, etc) entrando por dentro, se associando com o centroavante e também com o meia central/ponta de lança. Isso abria espaços nos corredores para a subida dos laterais. E muitas vezes, era o contrário: o centroavante abria o corredor para o lateral aparecer na área como se fosse um camisa 9. Essas movimentações táticas envolvendo dois atacantes e mexendo com toda a organização ofensiva, fazem parte do legado.
A Europa não conhece nosso futebol
Há duas perspectivas a serem tomadas: a primeira é a do torcedor/consumidor de futebol. Vendo os conteúdos nas redes de influenciadores, jornalistas e meios de comunicação, percebeu-se o quanto o torcedor que não é latinoamericano desconhece os clubes e os jogadores das Américas. A desinformação é generalizada. E isso é culpa das nossas ligas, que não são produtos de exportação.
A outra perspectiva é a dos técnicos e jogadores dos clubes europeus. Tirando os atletas latinoamericanos (e alguns portugueses, como Bernardo Silva do City), a ignorância com o futebol que se joga na América do Sul era visível. Tanto que os times brasileiros conseguiram surpreender os adversários e obtiveram resultados históricos em vitórias contra PSG, Chelsea e Internazionale.

Quando formos falar sobre o legado do Mundial de Clubes, vamos lembrar da câmera do árbitro (eu adorei), do “cooling break", do impedimento instantâneo, da ausência de hinos antes dos jogos (achei ótimo), da festa das torcidas brasileiras e argentinas nos estádios. Mas também iremos lembrar o quanto nosso futebol, como produto, não chega nos mercados onde está o dinheiro. Isso fecha portas para nossos clubes, que ficam mais vulneráveis ainda para o mercado de rapina dos nossos talentos.
Resta torcer que a excelente performance de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras no Mundial dispare uma faísca de interesse dos mercados externos no produto “futebol brasileiro" e nossos clubes consigam, finalmente, conquistar o mundo.
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Gustavo Fogaça escreve sua coluna no Lance! nas noites de segunda e quinta-feira. Leia outras publicações do colunista nos links abaixo:
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