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Exclusivo: treinadora analisa ascensão do judô feminino brasileiro

Rosicleia Campos atuou como atleta, treinadora e coordenadora da Seleção

Rosicleia Campos foi treinadora da Seleção Brasileira até 2021
imagem cameraRosicleia Campos foi treinadora da Seleção Brasileira até 2021 (Foto: Divulgação/ CBJ)
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Beatriz Pinheiro
São Paulo (SP)
Dia 13/05/2025
07:30

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A campanha do Brasil no Grand Slam de Judô de Astana, no último fim de semana, foi liderada pelas mulheres, que conquistaram as seis medalhas do país na competição. Em conversa exclusiva com o Lance!, Rosicleia Campos, atual treinadora de judô do Flamengo e dona de uma longa história com o esporte, analisou o momento do judô feminino brasileiro e as expectativas para o ciclo olímpico.

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Rosicleia Campos começou sua trajetória nos tatames na década de 1980, logo após o fim da proibição da prática do judô por mulheres no Brasil. Até 1979, vigorava um decreto-lei de 1941, que proibia as mulheres de praticar esportes "incompatíveis com as condições de sua natureza", entre eles o futebol e o próprio judô. Desde então, Rosicleia construiu uma carreira como atleta, treinadora e coordenadora da Seleção Brasileira.

- O meu grande propósito era tornar o judô feminino reconhecido, respeitado, com autonomia. Eu dediquei minha vida pra isso e fico muito feliz de ver o judô onde está hoje. Essa transição de atleta para treinadora foi muito difícil, eu tive muitos dedos apontados pra mim, por ser mulher, ser jovem e acharem que eu estava ocupando um espaço masculino. E sim, eu era muito dura porque eu não tinha outro caminho, eu precisava ser muito dura porque a cobrança era muito grande, a gente pedia investimento e primeiro eles queriam o resultado - contou. 

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Sacrifícios e primeiras vezes

De acordo com Rosicleia, foram muitos os sacrifícios feitos para participar da construção de uma geração vencedora no judô feminino, inclusive da própria família. A treinadora, que foi mãe entre os ciclos olímpicos de Londres 2012 e Rio 2016, conta que perdeu momentos como a primeira palavra ou o nascimento do primeiro dente dos filhos por estar focada no trabalho com o judô. Os resultados, porém, começaram a aparecer, e as atletas brasileiras passaram a figurar como destaque nas principais competições internacionais.

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- A gente conseguiu dividir o judô feminino do masculino, conseguimos ter uma autonomia, um planejamento único, e aí houve todas as primeiras vezes, a primeira medalha olímpica com a Ketleyn Quadros, o primeiro ouro no mundial vindo pela Rafaela Silva, o primeiro ouro olímpico vindo pela Sarah Menezes, eu fui a primeira treinadora mulher a receber o Prêmio Brasil Olímpico como melhor treinadora. Quando a gente olha pra trás e vê a trajetória linda que o judô feminino fez e continua performando, eu vejo que parte da minha vida está nessa história, eu pavimentei essa história.

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Desde os Jogos de Pequim 2008, já são cinco ciclos em que o judô feminino brasileiro traz medalhas em todas as edições de Olimpíadas.

Rosicleia Campos trabalhou com grandes nomes do judô feminino brasileiro
Rosicleia Campos trabalhou com grandes nomes do judô feminino brasileiro (Foto: Divulgação/ IJF)

Equidade de gênero para LA 2028

Na última edição dos Jogos Olímpicos, pela primeira vez, as mulheres brasileiras trouxeram mais medalhas do que os homens, com os três ouros do país em Paris - um deles justamente no judô, com Bia Souza. Para os Jogos de Los Angeles 2028, a expectativa do Comitê Olímpico Internacional (COI) é de que haja mais atletas mulheres do que homens, o que, para Rosicleia Campos, traz também boas perspectivas para o judô brasileiro.

- Equidade foi o que eu sempre busquei junto à Seleção Brasileira, a gente precisa ter equidade pra depois buscar a igualdade. O fato de o Comitê Olímpico Internacional ter colocado o mesmo número de vagas no feminino e no masculino, que antes era diferente, é importantíssimo. Eu sou da época que o judô feminino não viajava, eu tenho muitas cicatrizes de uma época que não havia espaço para o judô feminino. O que dizer do judô feminino? A gente acabou de conquistar o ouro numa Olimpíada, um bronze com a Larissa, o bronze pelas mãos da Rafa Silva numa competição por equipe que é inédita, então a gente tem um ciclo olímpico repleto de possibilidades e com certeza de entrega - finalizou.

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