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Conheça atleta que superou a perda de tudo nas enchentes do Sul no Brasil

Menina de 13 anos conquistou medalha seis meses depois da cheia

imagem cameraJúlia Martins com medalha de ouro após competição de judô (Foto: Arquivo Pessoal)
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Anna Carolina Ramos
Rio de Janeiro (RJ)
Supervisionado porRoberto Jardim
Dia 09/05/2025
15:09
Atualizado há 2 horas

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Vida de atleta nunca é fácil. Agora, imagina você já ter pouco no Brasil, perder praticamente tudo e ainda assim tirar forças para seguir treinando, participando de competições de judô e subindo no pódio. Pois foi isso que aconteceu com a pequena Júlia Martins de Paula, de apenas 13 anos. Apaixonada por esportes, ela morava com a mãe Leticia Zandona Martins em um apartamento térreo na esquina das ruas Ramiro Barcellos e Voluntários da Pátria, uma das regiões mais afetadas na enchente de 2024 em Porto Alegre.

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No dia 3 de maio do ano passado, Leticia, que vive para que o sonho da filha se concretize, viu a água subindo rapidamente pela rua onde ficava o prédio onde moravam. As enchentes podem ter amenizado depois, mas o estrago já estava feito: o que ficou para trás, foi perdido.

— No decorrer do dia, a água foi subindo cada vez mais. Então, ali pelas cinco da tarde, nos deslocamos com a roupa do corpo para o CETE (Centro de Treinamento Esportivo do Estado) que estava recebendo pessoas que não tinham para onde ir devido à enchente — contou a mãe, que completou:

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— Nós perdemos tudo, tudo, tudo. O que temos hoje foram doações, além de alguns móveis comprados com os R$ 5.100 que o governo federal disponibilizou.

A vida no abrigo improvisado

— No começo foi assustador! Eu via pessoas chegando o tempo todo. Molhadas, chorando e desesperadas. Mas com o passar dos dias, fui percebendo que o Brasil inteiro olhou para nós, enviando doações ao CETE, que se transformou em centro de distribuição para todo o Estado. Toda essa força me motivou a treinar — relembrou Júlia, que se abriu sobre a vida no CETE.

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No centro esportivo transformado em abrigo, Júlia estava no seu ambiente. Desde os cinco anos, ela pratica esportes. Já fez ginástica artística e passou pela natação. Até que descobriu o levantamento de peso olímpico (LPO). Ela treinava no Ginásio Tesourinha, também foi alagado. Assim, para não parar, começou a treinar judô ali mesmo, onde aulas eram oferecidas às crianças das famílias do sul do Brasil desabrigadas.

— Com o passar do tempo fomos todos nos conhecendo. Cada um do seu jeito e no final de tudo viramos uma família. Fiz amigos lá. Inclusive eles sempre achavam o máximo quando ia para o treino. O pessoal me incentivava muito. Tanto quem estava abrigado quanto o pessoal que trabalhava lá — assinalou a pequena medalhista.

Júlia Martins foi terceira colocada em competição de judô no sul do Brasil (Foto: Arquivo Pessoal)
Júlia Martins foi terceira colocada em competição de judô no sul do Brasil (Foto: Arquivo Pessoal)

Medalhas no LPO e no judô

— Ela se apaixonou pelo judô. Como estava se preparando para o campeonato brasileiro de LPO, porém, precisou esperar um pouco para treinar, pois não poderia correr o risco de se machucar — conta a mãe.

A preparação foi recompensada. Em outubro, cinco meses após perder tudo que a família tinha, Júlia conquistou o bronze na categoria sub-17 do LPO. Sua dedicação à modalidade lhe rendeu uma indicação ao bolsa atleta. Só que terá que esperar mais um ano para passar a receber a ajuda, já que a idade mínima é 14 anos.

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Já em fevereiro deste ano, Júlia conquistou a primeira medalha no tatame, bronze na Copa Sapiranga de Judô. A mãe ressalta, ainda, que sua filha atleta não tem patrocínio nenhum. O único benefício que a menina recebe é uma bolsa que isenta a mensalidade no clube onde pratica o judô, além de receber um cartão de passagens, para poder se deslocar.

— Estou inscrita na prefeitura e no programa Compra Assistida (para aquisição de residências populares), mas não fomos chamadas. Aqui é bom. Cada um tem seu espaço, seu apartamento. Hoje temos água e luz. E o mais importante e tem um lugar para morar sem aluguel, pois não tenho essa condição já que meu tempo é para a Júlia, para ela ter um futuro bom. Porque se eu não levar ela não terá como ir. E o esporte e um futuro, né?

Desde que saíram do CETE, mãe e filha vivem atualmente na Ocupação Residencial Arvoredo, em um hotel abandonado no Centro de Porto Alegre.

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