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Viradas de mesa: times que escaparam do rebaixamento no tapetão

Relembre os casos mais emblemáticos de viradas de mesa no futebol brasileiro.

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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 07/12/2025
06:57
Procuradoria STJD
imagem cameraSessão do STJD no Rio de Janeiro, órgão responsável por julgar disputas e infrações do futebol brasileiro. (Foto: Divulgação/STJD)

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O termo 'tapetão' refere-se a resultados alterados por decisões jurídicas no futebol brasileiro.
Viradas de mesa envolvem disputas sobre escalação irregular e punições que alteram rebaixamentos.
Casos emblemáticos incluem Fluminense em 1996 e Portuguesa em 2013, que mudaram a tabela do campeonato.
Resumo supervisionado pelo jornalista!

O termo "tapetão" faz parte da cultura do futebol brasileiro e representa os episódios em que resultados obtidos dentro de campo são modificados por decisões jurídicas. Ao longo das últimas décadas, disputas envolvendo rebaixamento, acesso e até regras administrativas transformaram alguns campeonatos e criaram capítulos controversos na história do esporte nacional. Em diversos momentos, clubes recorreram ao STJD ou à Justiça comum para reverter punições e escapar da queda. O Lance! relembra viradas de mesa que fizeram história no futebol nacional.

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As chamadas "viradas de mesa" são vistas com desconfiança por torcedores e analistas, mas fazem parte de um cenário no qual regulamentos, punições e interpretações legais desempenham papel tão determinante quanto o desempenho esportivo. Cada caso envolve particularidades: escalação irregular, denúncias de fraude, conflitos políticos e brechas jurídicas que permitem que um clube evite o rebaixamento.

Esses episódios também ajudam a compreender o peso do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que prevê punições severas para infrações disciplinares e administrativas, e a atuação do STJD como órgão máximo da justiça desportiva. Em muitos momentos, a aplicação do regulamento alterou profundamente o destino de equipes, reacendendo debates sobre isonomia, profissionalismo e responsabilidade dos clubes.

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Entre os casos mais emblemáticos da história recente, alguns rebaixamentos deixaram de acontecer por decisões nos tribunais, mudando a tabela e reescrevendo o desenrolar das competições. A seguir, relembramos os episódios mais marcantes do futebol brasileiro envolvendo viradas de mesa.

O que é a virada de mesa no futebol brasileiro

A expressão "virada de mesa" surgiu para denominar situações em que os resultados esportivos são modificados fora de campo. Em geral, isso ocorre quando um clube recorre a instâncias jurídicas para contestar regras, punições ou a conduta de adversários. As disputas frequentemente envolvem escalação irregular, falta de documentação, cumprimento incorreto de suspensão ou descumprimento de regulamentos.

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O fundamento para essas decisões está no Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). O artigo 214 é o mais famoso: ele prevê a perda de três pontos mais os pontos obtidos na partida disputada com atleta irregular. Na prática, isso significa perda de quatro pontos em caso de vitória e três em caso de empate. A regra visa garantir isonomia e impedir que clubes obtenham vantagem por erros administrativos.

Casos emblemáticos de times que escaparam do rebaixamento no tapetão

Fluminense em 1996

O Fluminense terminou o Brasileirão de 1996 na penúltima posição e estaria rebaixado. No entanto, o campeonato foi marcado pelo caso Ivens Mendes, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, acusado de negociar favorecimentos com dirigentes de Corinthians e Athletico-PR. Diante do escândalo, a entidade julgou que o campeonato perdera validade competitiva para efeito de descenso e cancelou o rebaixamento. Com isso, Fluminense e Bragantino foram mantidos na elite para 1997.

Caso Sandro Hiroshi e o rebaixamento de 1999

Um dos episódios mais conhecidos ocorreu em 1999. O atacante Sandro Hiroshi, do São Paulo, tinha adulteração de idade descoberta, o que configurava irregularidade. O clube perdeu pontos em partidas em que o jogador atuou, o que alterou a tabela final. O maior beneficiado foi o Botafogo, que escapou da queda. O prejudicado foi o Gama, que acabou rebaixado com a mudança na classificação.

A crise jurídica gerada pelo episódio inviabilizou o Brasileirão de 2000 no formato tradicional e levou à criação da Copa João Havelange, organizada pelo Clube dos 13.

Gama em 2000

Após ser rebaixado no "caso Sandro Hiroshi", o Gama buscou a Justiça comum e obteve liminar garantindo o direito de disputar a primeira divisão em 2000. A CBF, impedida judicialmente de organizar o campeonato, retirou-se, e o Clube dos 13 criou a Copa João Havelange — um torneio com 116 clubes divididos em módulos.

O formato peculiar permitiu que Fluminense (que vinha da Série C) e Bahia (Série B) chegassem à fase final e retornassem à Série A em 2001, exemplificando como uma disputa jurídica transformou todo o ecossistema do campeonato.

Portuguesa em 2013: o caso Héverton

A última grande virada de mesa da era moderna aconteceu em 2013. A Portuguesa escalou o meia Héverton contra o Grêmio na rodada final, mesmo com o jogador suspenso. Denunciado pelo STJD, o clube perdeu quatro pontos e caiu para a zona de rebaixamento. O maior beneficiado foi o Fluminense, que havia terminado o campeonato em 17º lugar.

Na mesma rodada, o Flamengo também escalou um atleta irregular, André Santos, e perdeu pontos. Entretanto, sua pontuação final era suficiente para se manter na elite, gerando um dos episódios mais polêmicos do futebol nacional recente.

O regulamento e o papel do STJD

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) é a instância máxima da justiça desportiva brasileira e atua com base no CBJD. Suas decisões abrangem punições disciplinares, infrações administrativas, litígios entre clubes e interpretações do regulamento das competições.

O tribunal existe para garantir que o campeonato siga normas claras, aplicadas igualmente a todos os participantes. Quando infrações acontecem, o STJD pode alterar resultados, retirar pontos e determinar suspensões. Ainda que suas decisões frequentemente gerem controvérsia entre torcedores, representam a aplicação do regulamento a que todos os clubes aderem ao se inscreverem na competição.

A disputa entre justiça desportiva, burocracia administrativa e desempenho esportivo é parte da história do futebol nacional. Os casos de Fluminense, Portuguesa, Botafogo, Gama e São Paulo exemplificam como decisões fora de campo podem alterar profundamente a realidade competitiva de um campeonato e influenciar definições de rebaixamento.

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