Cruzeiro 0 x 4 Santos no Brasileirão 2012; hat-trick de um Neymar aplaudido em BH

Poucas atuações individuais na história recente do Campeonato Brasileiro foram tão impactantes quanto a de Neymar no dia 7 de novembro de 2012, na vitória do Santos por 4 a 0 sobre o Cruzeiro. O jogo, válido pela 34ª rodada da Série A, marcou o retorno da equipe mineira a Belo Horizonte após quatro partidas de punição longe da capital, mas o que era para ser uma noite de reencontro com a torcida virou um espetáculo à parte de um craque em estado de graça. O Lance! relembra Cruzeiro 0 x 4 Santos no Brasileirão 2012.

➡️ Siga o Lance! no WhatsApp e acompanhe em tempo real as principais notícias do esporte

Com três gols e uma assistência, Neymar foi o centro de tudo o que aconteceu no Independência. Dominou o jogo do início ao fim, driblou, acelerou, finalizou com precisão e, ao final, foi aplaudido de pé por torcedores cruzeirenses — um gesto raro em confrontos dessa rivalidade. Aos 20 anos, o camisa 11 santista deu uma aula de futebol ofensivo, aproveitando cada espaço deixado pelo desorganizado sistema defensivo celeste.

O Santos, treinado por Muricy Ramalho, mostrou eficiência máxima. Mesmo com a partida tecnicamente irrelevante para a tabela — ambas as equipes estavam longe da zona de rebaixamento e sem chances de título —, o time paulista jogou com seriedade e mostrou sua força em transições rápidas. Neymar, ao lado de Felipe Anderson, Arouca e André, desmantelou um Cruzeiro nervoso e desajustado.

No lado mineiro, a noite foi de frustração coletiva. O técnico Celso Roth errou nas escolhas, principalmente ao escalar Sandro Silva para marcar Neymar. A tentativa de conter o camisa 11 com um marcador fixo não funcionou, e o volante foi substituído ainda no intervalo. A torcida, impaciente, logo elegeu seu culpado: vaiou o técnico, parte do elenco e gritou o nome de Fábio, o único poupado pela atuação individual.

O primeiro gol de Neymar nasceu de um erro de arbitragem, mas o que se seguiu foi pura superioridade técnica. O Cruzeiro começou bem, com Montillo e Martinuccio buscando o jogo, mas parou na falta de pontaria e na desorganização tática. Já o Santos, a cada espaço concedido, acelerava e finalizava. O 2 a 0 construído ainda no primeiro tempo foi suficiente para tirar o Cruzeiro do prumo e instaurar o caos nas arquibancadas.

Na volta do intervalo, mesmo com substituições e mudanças no posicionamento, o Cruzeiro não encontrou soluções. Neymar seguiu desfilando em campo. Sofreu faltas, criou chances, irritou marcadores e marcou seu terceiro gol com frieza e categoria. Quando serviu Felipe Anderson para fazer o terceiro do Santos, já era ovacionado por torcedores adversários — um momento raro no futebol nacional.

A goleada escancarou o abismo técnico entre o Santos, mesmo sem maiores objetivos na competição, e o Cruzeiro, que vivia um momento de instabilidade e críticas internas. O resultado rebaixou a Raposa à 13ª colocação e reforçou o desgaste entre torcida, elenco e comissão técnica. Mais do que os quatro gols sofridos, o time mineiro foi derrotado em confiança e organização.

Do outro lado, Neymar viveu uma noite perfeita. A atuação entrou para os anais do Brasileirão, não só pelo placar expressivo, mas pela forma como dominou cada aspecto do jogo. Foi aplaudido, reverenciado e saiu de campo com os olhos marejados. Uma noite em que o futebol brilhou por mérito de um dos maiores talentos da história recente do país.

O Cruzeiro começou bem, com pressão nos minutos iniciais, aproveitando o campo curto do Independência e o apoio da torcida. Montillo e Martinuccio tentavam criar, e Anselmo Ramon incomodava. Porém, a dificuldade em finalizar e o desajuste defensivo se tornaram um problema fatal.

Neymar abriu o placar em sua primeira grande chance. Mesmo com o erro da arbitragem no lance que originou o gol, o camisa 11 aproveitou a desatenção defensiva e marcou. A partir daí, o Santos passou a explorar o contra-ataque com facilidade. Aos 36, nova falha cruzeirense e novo gol do craque santista, encerrando o primeiro tempo em 2 a 0.

Na etapa final, Celso Roth tentou mudar, mas sem sucesso. O Cruzeiro não conseguia construir e perdeu o controle emocional. Neymar brilhou novamente, assistindo Felipe Anderson no terceiro gol. As vaias aumentaram, e parte da torcida pedia a saída do técnico. O quarto gol veio aos 41, com Neymar completando de forma fria para fechar o placar.

O Independência aplaudiu. Mesmo em uma noite dolorosa para os cruzeirenses, a exibição de Neymar foi reconhecida. Foi um daqueles jogos que transcendem a rivalidade e marcam uma era. O nome do camisa 11 foi gritado por torcedores adversários, consolidando ainda mais sua imagem como fenômeno nacional.

Data: 7 de novembro de 2012
Local: Estádio Independência, Belo Horizonte (MG)
Rodada: 34ª rodada – Campeonato Brasileiro Série A
Público: 22.000
Árbitro: Grazianni Maciel Rocha (RJ)

Gols:
12’ Neymar (1ºT), 36’ Neymar (1ºT), 7’ Felipe Anderson (2ºT), 41’ Neymar (2ºT)

Cruzeiro – Técnico: Celso Roth
Fábio; Ceará (Willian Magrão, 48'), Mateus Alves (Marcelo Oliveira, 39'), Rafael Donato, Everton; Sandro Silva (Fabinho, 46'), Charles (Wellington Paulista, 65'), Leandro Guerreiro; Montillo (Bernardo, 87'), Martinuccio (Wallyson, 62'), Anselmo Ramon

Santos – Técnico: Muricy Ramalho
Rafael Cabral; Bruno Rodrigo, Durval, Adriano; Arouca, Henrique, Rafael Galhardo, Juan (Gerson Magrão, 85'); Felipe Anderson (Ezequiel Miralles, 82'), Neymar, André (Victor Andrade, 74')