Gestão Esportiva na Prática: O torcedor no centro do jogo
Por que o modelo linear ficou para trás e a confiança é a moeda do jogo

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Do estádio ao celular, o desafio dos clubes é compreender o torcedor como ativo, não apenas como audiência.
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Um modelo que ficou para trás
Durante muito tempo, a gestão dos clubes brasileiros foi guiada pela lógica da receita: bilheteria, cotas de televisão, patrocínios assinados e jogadores negociados. Um modelo previsível, linear, quase industrial.
Mas o futebol, como tudo que respira mudança, cultura e emoção, não vive de linhas retas. Ele se move por conexões invisíveis, catalisadas e impactadas por ele, o torcedor.
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A transformação do relacionamento
A sociedade mudou, e o futebol mudou com ela. O que antes se resumia a noventa minutos de arquibancada hoje se desdobra em vinte e quatro horas de relacionamento digital.
O torcedor comenta, compartilha, opina, cria conteúdo, participa de comunidades, quer se sentir parte dos jogos e, principalmente, ser ouvido.
Ele não quer apenas torcer, quer pertencer. Quer sentir que faz parte do clube assim como o clube faz parte da sua vida.
De consumidor a protagonista e o engajamento como novo patrimônio
O erro de muitos dirigentes ainda é olhar o torcedor como consumidor, e não como motor primário do ecossistema do futebol.
Ainda se trata o programa de sócio-torcedor como um produto de benefícios, quando na verdade ele precisa ser uma plataforma de vínculo. Vendemos planos quando deveríamos construir relações. E é nessa diferença que mora o futuro do futebol brasileiro.
O valor de um clube moderno não está apenas em sua folha salarial, mas no tamanho da sua rede de pertencimento. Em um cenário em que o torcedor virou mídia e a paixão virou algoritmo, o engajamento é o novo patrimônio. Cada torcedor que veste a camisa, posta uma foto, defende o clube nas redes ou compra um ingresso é um multiplicador de marca.
É o marketing espontâneo que não se compra — se conquista.

A economia do torcedor
Grandes empresas já perceberam isso e estão desenvolvendo projetos de revenue share (retorno financeiro sobre resultado de vendas) baseados no consumo do torcedor de cada clube.
A divisão do bilionário bolo de direitos de transmissão também é impactada por esse mesmo torcedor apaixonado. Blocos comerciais, por exemplo, consideram audiência como métrica de divisão desse montante, impactando muito nas receitas dos clubes. É uma forma indireta de contribuição ao seu clube.
Confiança: a moeda invisível e o futuro do jogo
Clubes que entenderam essa lógica começaram a abrir seus bastidores, compartilhar decisões, mostrar processos, dar voz ao torcedor.Não se trata de perder autoridade, mas de ganhar relevância.
Transparência virou estratégia, e confiança, um ativo valioso. Entre o clube e o torcedor existe uma moeda silenciosa chamada confiança. É ela que mantém o vínculo mesmo nas derrotas e é ela que se quebra quando as promessas não são cumpridas.
Os clubes que compreenderem essa lógica estarão um passo à frente.
Porque o jogo do futuro não será disputado apenas nos gramados, mas nas telas, nos dados e nas emoções.
O torcedor é o ativo mais valioso que um clube pode ter e o único que não se compra, se conquista.
O futebol brasileiro precisa voltar a enxergar o torcedor como parte, não como cliente. A experiência do torcedor é a nova bilheteria invisível do século XXI, aquela que gera lealdade, reputação e valor de marca.
Que os clubes entendam isso antes que os torcedores deixem de se sentir parte do jogo.
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Felipe Ximenes escreve sua coluna no Lance! todas as quartas-feiras. Confira outras postagens do colunista:
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